Dentre todos os temas abordados na educação financeira, esse é provavelmente o mais batido. E com razão.
Não é porque todo mundo que escreve sobre finanças quer que a gente acumule um monte de dinheiro. É porque andar por ai sem ter uma reserva é uma pequena prisão. Se dependemos do salário do mês para bancar nossa subsistência, perdemos o direito de bancar nossas decisões mais ousadas, aquelas que oferecem algum risco e causam um frio na barriga uns segundos antes de saírem pela boca.
Estaremos sempre ressabiados, pensando que, se algo sair do script, teremos problemas. Se a empresa passar por uma crise, teremos problemas. Se tivermos uma vontade lancinante de chutar o balde, teremos problemas. Entraremos nas discussões sabendo que só podemos ir “até alí”, caso contrário podemos cair numa posição cujas consequências não podemos bancar.
Não é um pé de meia para viajar, trocar de carro, comprar livro ou pagar a pós. É uma razão mais nobre e prazerosa do que essas todas, somadas. É uma grana que, apesar de guardada e acessível, já foi utilizada para comprar autonomia.
Resolvendo o problema na prática
O momento em que calculamos o valor dessa reserva é também um momento para calcularmos nosso preço. A ideia é que a reserva de emergência banque nossos custos por algum tempo. Dizer que são 3 meses ou 6 meses ou 1 ano é puro achismo, depende da nossa empregabilidade e da nossa capacidade de viver com pouco, caso necessário.
E é desse cálculo que vem nossa questão:
Se tudo der errado e sua fonte atual de renda cessar… qual o mínimo que você precisa para viver um mês? E para manter seu padrão atual, quanto precisa?
Com base nesse valor, podemos partir para a formação da reserva. Aqui, a constância vale bem mais que a intensidade, então, depender do nosso humor e disposição para todo mês fazer uma transferência não é uma boa.
Uma alternativa excelente é automatizar uma transferência. Abaixo, um trechinho do texto “Duas ações matadoras para melhorar sua vida financeira”:
Depois de ter os gastos listados (não precisa ser em uma planilha, nem em um software complexo), escolha um e corte. Essa despesa aconteceria de todo modo, portanto é bem provável que a falta desse dinheiro não vá causar problemas.
Agende uma transferência mensal e recorrente para poupança, no exato valor desse gasto que você poupou. Se você cancelou uma assinatura de revista que custava R$40/mês, agende uma transferência de R$40. Se você trocou o plano de TV por assinatura de R$200 para R$130, agende uma transferência de R$70.
É bem importante que seja feita agora, e não daqui 15 dias. Não é “se sobrar eu guardo”, é “guardei”. Confiamos demais no nosso eu do futuro. Daqui 15 dias seremos outras pessoas, com outras prioridades.
E aqui você encontra uma explicação mais aprofundada (teoria e prática) a respeito da reserva de emergência.
O desafio agora é bem simples e direto: comece essa reserva agora e seguimos o papo nos comentários.
* * *
Nota: esse texto faz parte da coleção "23 dias para um homem melhor". Você pode ver a lista com todos os artigos já publicados aqui.
Índice de todos os 23 artigos do projeto:
- 23 dias para um homem melhor
- Aprenda a parar e cultive mais lucidez
- Aprenda a falar e ouvir
- Faça um check-up de cuidados pessoais
- Substitua um hábito alimentar ruim por um bom
- Gaste dinheiro com alguém que não seja você
- Transforme seu local de trabalho em um espaço de treinamento
- Faça trabalhos manuais
- Cultive relações de parceria
- Use a moda e o estilo como um recurso
- Crie experiências coletivas
- Faça um planejamento financeiro que realmente funcione
- Seja uma pessoa fácil de se trabalhar em parceria
- Use o corpo para se expressar
- Seja produtivo usando seu próprio método
- Faça check-ups e exames regulares – não deixe para ir ao médico quando estiver morrendo
- Aprenda a diferença entre amor romântico e amor genuíno
- Amplie seu mundo por meio da cultura
- Monte um guarda-roupa básico e matador
- Cultive mais autocompaixão, ao invés de mais autoestima
- Lembre-se que as relações sempre seguem
- Cultive disciplina
- Faça uma reserva financeira de emergência
publicado em 21 de Fevereiro de 2015, 13:11