Uma das qualidades mais úteis, do meu ponto de vista, é a curiosidade. A impressão que tenho é de que as pessoas mais interessantes e inteligentes com quem já me deparei na vida eram extremamente curiosas.
Quando digo isso, não me refiro àquela curiosidade infantil e superficial, do tipo “o que você está fazendo aí?” ou quando você quer ver as mensagens no celular do seu namorado ou namorada – isso é ciúme e invasão de privacidade, não curiosidade.
Falo daquele olhar que pergunta sempre “de onde veio isso?”, “qual a razão de ser assim?”, “quem fez isso?”, “foi influenciado por quais condições?” e resolve realmente investigar. Essa pessoa que se sente motivada a fazer isso sempre carrega consigo algumas conexões inusitadas, divertidas e interessantes.
Fora esse aspecto mais social de quem se depara com alguém curioso, tenho a impressão de que essa característica também tende a se mostrar bastante benéfica no sentido de ajudar a expandir o universo de quem a exercita.
Lembro de quando eu era adolescente e comecei a me interessar por música, como quem queria fazer as próprias canções. Nesse momento, eu tive uma profunda curiosidade sobre qual o contexto que os fazia criar daquela forma.
Assim, eu saí de coisas básicas como Iron Maiden, para começar a ouvir Led Zeppelin, depois fui subindo para um Muddy Waters, Leadbelly, Son House, Blind Willie McTell, chegando no Robert Johnson, ouvi até uns compositores de Honky-Tonk que sequer tinham registro próprio, depois fui descendo de volta pra entender como isso se relacionava com o que foi feito depois, até ir obtendo um conhecimento mais geral do rock e suas ramificações.
Isso, só pra citar superficialmente o que dá pra fazer quando você resolve seguir as abas que estão ocultas em qualquer coisa que chegue às suas mãos. Dá pra fazer o mesmo com cinema, por exemplo, se você decidir saber quem é o diretor, quem fez a trilha sonora, o roteiro, de onde aquilo veio, quais outros filmes aquelas pessoas participaram, de que forma influenciam o processo.
Aos poucos, esse olhar pode proporcionar uma visão mais ampla sobre a cultura, as pessoas e de que forma a própria vida dialoga com aquilo que é mostrado.
Na pior das hipóteses, pelo menos tende dar bastante insumo para boas conversas.
Descubra as abas ocultas de algo
Hoje, quando estiver assistindo a um filme, ouvindo uma música, lendo um livro ou notícia, tende entender as abas ocultas por trás daquilo. Se tiver o nome de um autor, o que diz o verbete da Wikipedia sobre ele? Quais outras obras já fez? Qual a sua linha de raciocínio usual? De que forma isso se relaciona com outros artistas? Ele pertence a alguma escola? Dá pra fazer isso com virtualmente qualquer coisa.
As possibilidades são infinitas e, talvez, você entre em um vórtex que vai te levar a algum lugar não pensado inicialmente.
Divirta-se.
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Nota: esse texto faz parte da coleção “23 dias para um homem melhor”. Você pode ver a lista com todos os artigos já publicados aqui.
Índice de todos os 23 artigos do projeto:
- 23 dias para um homem melhor
- Aprenda a parar e cultive mais lucidez
- Aprenda a falar e ouvir
- Faça um check-up de cuidados pessoais
- Substitua um hábito alimentar ruim por um bom
- Gaste dinheiro com alguém que não seja você
- Transforme seu local de trabalho em um espaço de treinamento
- Faça trabalhos manuais
- Cultive relações de parceria
- Use a moda e o estilo como um recurso
- Crie experiências coletivas
- Faça um planejamento financeiro que realmente funcione
- Seja uma pessoa fácil de se trabalhar em parceria
- Use o corpo para se expressar
- Seja produtivo usando seu próprio método
- Faça check-ups e exames regulares – não deixe para ir ao médico quando estiver morrendo
- Aprenda a diferença entre amor romântico e amor genuíno
- Amplie seu mundo por meio da cultura
- Monte um guarda-roupa básico e matador
- Cultive mais autocompaixão, ao invés de mais autoestima
- Lembre-se que as relações sempre seguem
- Cultive disciplina
- Faça uma reserva financeira de emergência
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