A partir da primeira menstruação ou do início da vida sexual, nós mulheres passamos a ter uma estreita relação com nosso ginecologista e consequentemente com nossa saúde.

Ainda adolescentes, com ele aprendemos a usar o preservativo, a tomar a pílula anticoncepcional, com um espelho conhecemos nosso colo do útero e toda a profundidade do nosso órgão sexual tão complexo e passamos a conhecer os altos e baixos de nosso companheiro ciclo menstrual.

Na nossa consulta anual, como se nada estivesse acontecendo, temos nosso colo do útero raspado para ser coletado o “Papanicolau” exame que ajuda a diagnosticar inúmeras doenças, entre elas o câncer de colo de útero, que quando detectado pelo exame tem uma taxa de sobrevivência de 92%.

Nesse mesmo dia nossos seios, abdômen e ventre são apalpados e pressionados enquanto conversamos sobre nossas aulas e empregos. Tudo muito natural. Nos despedimos com vários exames por fazer. Hemograma, Urina, Fezes, Glicemia, Colesterol total, Tireoide, Mamografia perto dos 40 anos e o ultrassom transvaginal, que consiste num enorme transdutor lubrificado e encapado por preservativo que é introduzido dentro do nosso canal vaginal e que em movimentos circulares avalia nossos órgãos reprodutivos.

Nesse retorno muitas vezes somos encaminhadas a outros especialistas caso alguma coisa esteja em desequilíbrio e fazemos isso anualmente, não necessariamente em outubro e nem em tons de rosa.

Vamos porque em nossa grande maioria fomos educadas para a saúde. E nos acostumamos com raspagens, agulhadas e transdutores.

O Ministério da Saúde, em um estudo de 2007, apontou que cerca de 60% das mortes ocorridas no Brasil são de pessoas do sexo masculino. Os homens, que têm menos hábito de procurar assistência médica e fazer exames de rotina, vivem aproximadamente sete anos a menos do que as mulheres. As causas de morte mais frequentes são doenças no coração, câncer, diabetes, colesterol, pressão arterial e doenças sexualmente transmissíveis.

Condições facilmente detectadas por exames simples.

Será que essa cultura da demonstração de força e autossuficiência vale o preço que cobra? Descontraiam esses bíceps e essa ruguinhas bravas e conheçam a lista de exames que deveria fazer parte de seu check up, claro, adaptáveis de acordo com as devidas especificidades e faixas etárias:

  • Exames de sangue para verificar os níveis de colesterol total e frações, triglicérides, glicemia e insulina;
  • Avaliação de calcificação em coronária;
  • Função hepática;
  • Ácido úrico;
  • Câncer de próstata: dosagem da enzima PSA;
  • Câncer de cólon: colonoscopia;
  • Função pulmonar, indicada aos fumantes;
  • Raio X de tórax para avaliar os órgãos sólidos.

Homens queridos, em todos os seus degradês de macheza e sexualidade. Se apropriem de suas vidas, de seu corpo e de sua saúde. Esses exames de rotina e essa convivência com os médicos nos faz conhecer nossa fisiologia, esse conhecimento por sua vez nos induz a viver com mais qualidade de vida e a colocar em prática esses conhecimentos no momento de nos alimentarmos e de nos exercitarmos. Isso se chama “empoderamento” e é um dos princípios cruciais da Promoção de Saúde. Ele é entendido como o processo de capacitação dos indivíduos e comunidades para assumirem maior controle sobre os fatores pessoais, sócio-econômicos e ambientais que afetam a sua saúde.

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Nessa mesma pesquisa de 2007, foi também percebido que os homens, ao acompanharem as mulheres nas consultas médicas, aceitavam fazer esses exames de rotina. Ah, as mulheres.

Marque alguns exames e veja como você está de verdade

Dessa forma, eu lanço um saboroso desafio. Convide uma amiga, uma íntima ou sua namorada para acompanhar na escolha de um médico, seja através do Sistema Único de Saúde ou de um convênio particular. Sentem juntos e pesquisem, vejam uma data possível aos dois, aproveitem para se aproximarem nessa sala de espera. Não conheço uma única mulher que faça jus aos seus estrogênios que não se liquidificaria com uma proposta tão fofa. Amaremos dividir nossa força com vocês.

E, caso não se sinta confortável de chamar alguém do sexo feminino, convide um amigo mesmo. Na pior das hipóteses, você vai estar dando um empurrãozinho para ele abandonar um hábito ruim de negligência e aprofundando mais uma relação de parceria.

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Nota: esse texto faz parte da coleção “23 dias para um homem melhor”. Você pode ver a lista com todos os artigos já publicados aqui.

Índice de todos os 23 artigos do projeto:

  1. 23 dias para um homem melhor
  2. Aprenda a parar e cultive mais lucidez
  3. Aprenda a falar e ouvir
  4. Faça um check-up de cuidados pessoais
  5. Substitua um hábito alimentar ruim por um bom
  6. Gaste dinheiro com alguém que não seja você
  7. Transforme seu local de trabalho em um espaço de treinamento
  8. Faça trabalhos manuais
  9. Cultive relações de parceria
  10. Use a moda e o estilo como um recurso
  11. Crie experiências coletivas
  12. Faça um planejamento financeiro que realmente funcione
  13. Seja uma pessoa fácil de se trabalhar em parceria
  14. Use o corpo para se expressar
  15. Seja produtivo usando seu próprio método
  16. Faça check-ups e exames regulares – não deixe para ir ao médico quando estiver morrendo
  17. Aprenda a diferença entre amor romântico e amor genuíno
  18. Amplie seu mundo por meio da cultura
  19. Monte um guarda-roupa básico e matador
  20. Cultive mais autocompaixão, ao invés de mais autoestima
  21. Lembre-se que as relações sempre seguem
  22. Cultive disciplina
  23. Faça uma reserva financeira de emergência
Débora Navarro Rocha

Educadora Física, mestre em Exercício Físico e Saúde para Populações Especiais. Atualmente é Docente do Instituto Federal do Paraná.