"Zeitgeist é um termo alemão cuja tradução significa espírito da épocaespírito do tempo ou sinal dos tempos. O Zeitgeist significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo." –Wikipedia

De uns tempos para cá, todo mês de dezembro o Google prepara um vídeo fodão com imagens marcantes do ano. Desta vez não foi diferente.

Estão lá o salto supersônico de Felix Baumgartner, a campanha eleitoral e posterior vitória de Barack Obama, a epidemia coreana de Gangnam Style, o furacão Sandy, o aumento das tensões na faixa de Gaza, o engatinhar de novos tempos no Egito, mais conflitos na Síria e na Líbia, olimpíadas em Londres, a sonda que foi colocada em Marte e nossa surpresa com imagensnotícias de sinais de vida.

Em menos de três minutos, um retrato do que foi o ano de 2012.

Link Youtube

 

O PapodeHomem e meu Zeitgeist pessoal

É parte dos rituais de fim de ano fazer uma série de checagens. É irresistível.

A gente olha para janeiro e depois olha para dezembro e vai traçando o que aconteceu de lá para cá, ligando pontos e tentando criar alguma coerência heróica. Eu não sou diferente, faço isso também.

O Facebook, hoje, liberou um recurso que lista os status mais marcantes de 2012 e está nos ajudando nesse exercício de nostalgia. Se pudesse, eu faria um vídeo como esse do Google, reunindo imagens e lembranças.

É muito bonito levantar sua própria história, mas também é igualmente belo sentar-se contemplativamente e observar que ao seu redor acontecem inúmeras revoluções que se tornam marcas, registros mentais de um tempo específico.

Em 2012, na esfera pessoal, vi muitas destas mudanças ocorrerem. Amigos se formando, namorando, casando, tendo filhos, se divorciando, sendo demitidos, encontrando novos empregos, descobrindo novas vocações, novas frustrações, se curando de mágoas e ressacas e até mesmo morrendo.

Eu mesmo comecei 2012 investindo muito mais tempo e energia em todos os meus projetos. Banda, faculdade e trabalho.

 

Final de tarde no Hostel Santa Maloca, depois da gravação do primeiro PdH Sessions

Fui convidado para fazer parte do time da Cabana, para trabalhar remotamente e topei. Participei de festivais com o Tranze, ensaiamos muito mais do que costumávamos, escrevi bem mais textos, artigos e práticas para a Cabana e PapodeHomem, conheci muita gente nesse percurso. Até mesmo participei de um projeto de fabricação de brinquedo, pela faculdade. Os seis primeiros meses foram produtivos.

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Até que fiz o meu próprio salto supersônico, quando fui convidado a morar em São Paulo e trabalhar no PapodeHomem.

Larguei tudo. Os mesmos projetos dos quais me orgulhava tanto de estar me dedicando cada vez mais. Tudo o que eu conhecia e me definia foi sistematicamente deixado pra trás.

Em São Paulo pude sentar e observar um novo movimento. Outro ritmo, outras pessoas, outras histórias e modos de pensar. Vi o PapodeHomem pelas entranhas, se modificando, sendo obrigado a mudar, crescer e se solidificar. Tive medo pra caralho, tive de aprender a falar de outro jeito e também a ouvir um pouco melhor. No meio do agito característico da cidade, tive de aprender a relaxar e definir meu próprio tempo.

Conheci alguns amigos que se tornaram irmãos e também pude vê-los terem suas próprias alegrias. O Jader Pires, regando e alimentando o hostel Santa Maloca todos os dias, o Felipe Franco fazendo um curso de HQ com o Mutarelli e, mais recentemente, iniciando seu namoro, a Luiza Castro chegando no PdH e saindo para realizar o sonho dela de trabalhar com cor em cinema, a Julia mudando de posto e nos auxiliando com  produção, o Fabio Bracht passando e superando uma série de barras, o Gustavo Gitti se formando como instrutor de Taketina, o Fabio Rodrigues abrindo o coração várias vezes com a Cabana, Felipe Ramos viajando pelo nordeste, Cambi curtindo férias em uma trip pelos EUA, Rodolfo Viana saindo do PdH mas retornando nos horários de almoço com seu incansável gosto por sushi, Fred Fagundes voltando para sua Cuiabá, Barretta e João fazendo alguma coisa financeira que eu não entendo, o Guilherme Valadares aprendendo a se posicionar como aprendiz e o Alex Castro mandando e-mails periódicos com suas aventuras pitorescas.

Claro, há muitas outras histórias que eu acompanho. Histórias que não necessariamente acontecem próximo do QG PapodeHomem. Algumas estão a muitos quilômetros de distância, tanto para o norte quanto para o sul. Olhando de longe, parecem apenas acontecimentos aleatórios, sem muito sentido ou conexão entre si, a não ser – neste caso – eu como observador.

O que tenho a dizer é que este cara está feliz por tudo o que viu neste ano.

E vocês, o que viveram em 2012? O que marcou seu zeitgeist pessoal? Quais histórias sentem-se felizes por ter acompanhado?

 

Pode vir, 2013
Luciano Ribeiro

Cantor, guitarrista, compositor e editor do PapodeHomem nas horas vagas. Você pode assistir no <a>Youtube</a>