Como sair do mundo?

Conta pra mim qual a sua técnica

"Guilherme, qual foi a última vez que você foi para um lugar onde não havia PapodeHomem nem QG nem Cabana nem sua namorada nem sua família nem mesmo você como você se conhece?"

Estou bem feliz: amanhã Guilherme Valadares entra conosco num retiro de 8 dias com o professor Alan Wallace, no CEBB Caminho do Meio (Viamão/RS), com foco no desenvolvimento de sabedoria e visão direta do funcionamento da mente, dos pensamentos, das emoções, da sensação de eu e dos fenômenos em geral.

Neste breve shot, convido cada um de vocês a contar nos comentários como vocês têm feito para sair do mundo. Para o ano que vem pretendemos voltar a falar aqui sobre a noção de retiro. Considerem este um começo de conversa.

Em alguns papos com o Guilherme e também em rodas de embate da Cabana, já surgiram dois pontos interessantes: a importância de sempre voltar à posição de aluno e a sabedoria que surge quando alternamos momentos totalmente dentro da vida (encarnados, sendo alguém, com uma realidade aparentemente sólida ao redor) e momentos totalmente fora da vida. Sobre ser aluno e sobre a possibilidade de integrar ambas as posições dentro e fora, damos zoom outro dia. Agora puxo um papo relativo ao processo de saída -- que está longe de ser um objetivo final por si só, claro.

Link YouTube | Lembra dessa cena de "Matrix Revolutions"? É disso que to falando!

Um xamã acima das nuvens

Se apenas vamos ao pico de uma montanha, mesmo que sozinhos, levamos nós mesmos, nossas lembranças, identidades, tudo. Em vez de sair do mundo, apenas nos sentimos um outro alguém (um esportista, um desbravador, que seja). Não saímos de nós mesmos.

Para sair de verdade, o que funciona para mim é encontrar alguém sábio, que investigou com disciplina por um longo tempo as dinâmicas mais profundas da realidade, que sabe acessar uma posição tão elevada como a de um xamã imaginário que viveria acima das nuvens, olhando tudo e todos.

Alguém que desconhece todas as minhas identidades e mundos, alguém que não está nem aí para minha empresa, meus projetos do coração, meus sonhos e filosofias, minha família, minha visão sobre quem eu sou... Com essa pessoa, não consigo vender meu peixe igual sempre faço quando conheço alguém ("Oi, eu sou assim, eu vejo a vida assim, o mundo é assim, la la la...").

Diante desse ser só me resta ouvir. Por dias. E como nada do que ouvirei será sobre o meu mundo (talvez só sobre o quanto meu mundo é pequeno e limitado e dispensável), enquanto estiver na posição de ouvinte, como aluno dedicado sem ficar alimentando comentários internos, estarei fora do meu mundo, respirando e olhando tudo também de cima das nuvens, mesmo que por apenas alguns dias.

Do jeito que vejo, essa dinâmica não precisa de religião ou misticismo para existir. E ela pode tomar diversas formas.

Como você sai do seu mundo?

Estou curioso sobre os diferentes modos que vocês têm experimentado para realmente sair do mundo. Não tirar férias com a namorada, mas sair, ser catapultado, olhar sua vida inteira de longe, muito longe, ter um respiro no qual você suspende suas crenças, identidades, hábitos, visões, emoções, relações, tudo o que constitui sua realidade.

Vocês sai assim do seu mundo? Não? Sim? Como?

Quer colocar isso em prática?

Para quem está cansado de apenas ler, entender e compartilhar sabedorias que não sabemos como praticar, criamos o lugar: um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação.

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publicado em 07 de Dezembro de 2012, 16:23
Gustavo gitti julho 2015 200

Gustavo Gitti

Professor de TaKeTiNa, colunista da revista Vida Simples, autor do antigo Não2Não1 e coordenador do lugar. Interessado na transformação pelo ritmo e pelo silêncio. No Twitter, no Instagram e no Facebook. Seu site: www.gustavogitti.com


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