A guerra vai, a destruição fica

O Gustavo Chacra é um ds jornalistas que mais respeito, no que diz respeito a discussões e análises das relações internacionais no Oriente Médio. Hoje, em seu mais recente post no blog do Estadão, ele iniciou um questionamento sobre a ditadura na Arábia Saudita:

"Hosni Mubarak foi preso, julgado e condenado. Ben Ali fugiu para o exterior. Abdullah Saleh deixou o poder, mas ainda segue sabotando o seu sucessor. Muamar Kadafi morreu. Bashar al Assad é acusado de crimes contra a humanidade. E a ditadura travestida de monarquia em Bahrain também seguem com suas torturas e prisões de pessoas que se opõem aos Al Khalifa".

Juntamente com isso, vi no Hypeness uma sessão de imagens feitas pelo fotógrafo russo, Yuri Kozyrev, que mostram a Líbia - um dos países citados por Chacra - após o conflito que derrubou o ditador Muamar Kadafi, queda essa que resultou em sua morte. É interessante perceber como uma guerra é bem mais do que imaginamos.

A Primavera Árabe foi um evento mutíssimo importante para melhores mudanças no Oriente Médio, mas se conflitos dessa magnitude trazem, numa mão, a possibilidade de se criar uma democracia, ela esconde noutra um processo triste que deteriora toda uma região. Sai o líder ditador, saem as forças que o auxiliam, e ficam as marcas e todo um problema a longo prazo que visa, mais que a volta da democracia no país, a reconstrução de um lugar devastado.

 

Vão se os rebeldes, vai-se a resistência militar, ficam os prédios retalhados, uma população carente e toda uma infraestrutura em frangalhos. Chega a ser óbvio imaginar essa situação. Um processo desse não teria como ser rápido e limpo. Só que, em épocas de conflitos mil, a gente passa o olho nos jornais, de um conflito pra outro, de um ditador pra outro, de baixas para outras, enquanto os destroços se acumulam em diversos países.

Como disse o Chacra começou a matutar em seu texto, muito se foi, mas muito ainda tem de ser feito. Temos a própria Arábia Saudita ainda vivendo sob um regime opressor e violento, assim como metade da África que, querendo ou não, só passa pela grande mídia quando algum massacre passa da linha e vira algo obrigatório.

O Alex Castro tá cagando pra Líbia. Eu juro que não consigo ser ativista nem em 3% do que eu queria. Acho uma justa posição. Eu só não consigo deixar meus olhos passarem incólume a coisas como essa.


publicado em 04 de Junho de 2012, 12:00
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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