Acho que um bom médico deveria dar o mais útil dos diagnósticos a todos os seus pacientes. Imagine o seu cardiologista dizendo:
"Seus dias estão contados. Você tem, no máximo, mais 60 anos de vida. Isso se tiver muita sorte."
Quem sabe, assim, ousaríamos dar uma olhadinha para a tão temida morte sem a necessidade de ter um câncer para isso.
* * *
A Stela Santin escreveu isso no seu lindo artigo "Para uma vida plena, lembre-se da morte", publicado aqui no PapodeHomem em 2011 e extremamente relevante. A ideia trazia o pensamento que ela teve ao ter uma morte na família e ouvir, de pessoas que queriam confortá-la, de outras mortes e como a família se preparou para o fim de alguém que já estava doente, como se a gente prestasse atenção nesse fator apenas quando há uma doença envolvida.
Afinal, o que impede uma pessoa de se preparar para a morte de seus amigos e familiares mesmo que nenhum deles tenha o diagnóstico de uma doença grave?
O fato é que não sabemos direito como lidar com a morte, a de outras pessoas ou a nossa. E, como diria o outro, se há uma certeza nesta vida e em todas as outras é que você vai morrer.
Mesmo.
Uma enfermeira australiana, Bronnie Ware, trabalhou com cuidados paliativos por muitos anos, cuidando de pacientes em suas últimas 12 semanas de vida. Disso, ela aproveitou para documentar as pequenas epifanias que eles tinham antes da morte e publicou muita coisa em seu blog, Inspiration and Chai, que acabou se transformando em um livro, Top Five Regrets of Dying, ou, em bom português, "Os cinco maiores arrependimentos na hora da morte".
Algumas respostas foram relacionadas a fazer mais sexo ou saltar de bungee jump, mas as cinco afirmações que ficaram no topo foram essas:
1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida mais verdadeira para mim, e não aquela que as pessoas esperavam de mim
"Este é o arrependimento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que suas vidas estão para acabar, elas olham para trás com mais lucidez e veem facilmente a quantidade de sonhos que não foram concluídos.
A maioria delas não realizaram a metade dos seus desejos e morreram sabendo que foi tudo por conta de escolhas que elas mesmas tiveram que fazer ou deixar de fazer.
A saúde traz uma liberdade que poucos percebem, até que não a tenham mais."
2. Eu queria não ter trabalhado tanto
"Isso veio de todos os pacientes do sexo masculino que eu cuidei. Eles perderam a juventude de seus filhos e a companhia de seus parceiros.
As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais velha, muitas delas não tinham sido o foco de sustento da família. Dos homens que cuidei, muitos se arrependeram de gastar a maior parte de suas vidas na esteira de uma existência no trabalho."
3. Eu queria ter expressado melhor os meus sentimentos
"Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para manter a paz com os outros.
Como resultado, eles se estabeleceram para uma existência menor e nunca se tornaram quem eles realmente poderiam se tornar".
4. Eu queria ter tido mais contato com os meus amigos
"Muitas vezes eles não perceberam os benefícios de se ter por perto velhos amigos até as últimas semanas de vida e nem sempre foi possível encontrar esses amigos.
Muitos se tornaram tão apegados em suas próprias vidas que deixaram as amizades douradas escapar ao longo dos anos. Houve muitos arrependimentos profundos em não dar tempo e ao esforço as amizades que mereciam.
Todos sentem falta de amigos quando estão morrendo."
5. Eu queria ter me permitido ser mais feliz
"Este é surpreendentemente comum. Muitos não percebem até perto do fim que a felicidade é uma escolha.
Eles se permaneceram presos em velhos padrões e hábitos. O chamado 'conforto da familiaridade' transbordou em suas emoções, bem como suas características físicas.
O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros, e para si mesmos, que estavam satisfeitos, quando, lá no fundo, eles só queriam rir e ter momentos de bobeira em suas vidas novamente."
Como viver uma vida mais plena?
A gente tenta, por aqui, publicar conteúdos de florescimento humano, de tentativas de melhoria para diversos âmbitos de nossas vidas, seja na vida amorosa ou no trabalho, nas relações com as pessoas e com o mundo, na nossa relação com a morte.
Aqui, vou deixar uma penca de artigos que publicamos nos últimos anos que conversam com vários desses assuntos, sobre vida e trabalho, como expressar seus sentimentos e manter amizades, sobre problemas do autocentramento e como buscar uma felicidade mais genuína.
Vamos lá?
Sobre a morte
Para ter uma vida plena, lembre-se da morte;
Só conhecemos uma pessoa quando ela morre;
Cuidados Paliativos: para morrermos sem tanto sofrimento;
33 referências para lembrar da própria morte.
Sobre trabalho
Como sofrer menos com o trabalho;
Sobre equilíbrio emocional
As 25 maiores crises do homem e como superá-las;
Equilíbrio: estratégias emocionais para homens em situações de estresse;
Oito mitos bastante prejudiciais sobre nossas emoções;
Sobre amizades
Como fazer amigos na idade adulta;
Por que você é amigo dos seus amigos?;
Por que as amizades masculinas podem ser tão vazias;
Sobre felicidade
Happy: documentário sobre felicidade genuína;
Podemos sofrer menos com a vida entendendo que ela muda;
O sofrimento que sentimos nasce em nossa mente;
Como ser feliz, de acordo com os cientistas.
E já que chegamos até aqui, qual é o seu maior arrependimento até agora, e o que você vai gostaria de fazer para mudar este cenário antes de morrer?
A gente se fala aqui embaixo, nos comentários.
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