É quase um clichê. A gente tenta, tenta, busca a felicidade nas compras, no consumo, no status de ter um carro foda, de aproveitar a promoção da vez.
Se sentir poderoso comprando. E completamente vazio por dentro.
Clichê pra cacete, certo?
Então, por que ainda nos incomoda ver este vídeo do Steve Cutts? O ilustrador inglês já trabalhou para grandes corporações como Coca-Cola, Kellogg’s e Google (a gente falou mais dele no texto da querida Marcela, o As ilustrações de Steve Cutts e as verdades que doem) e hoje faz seu trabalho autoral denunciando, se assim podemos dizer, justamente à lógica do consumo.
Aqui, em Hapiness, "felicidade" em português, somos ratos atabalhoados para chegar no trabalho, apinhados nos canos fétidos dos metrôs lotados. Queremos o que todos querem, a felicidade, usamos camisas e gravatas para transitar em shopping centers luminosos e lotados, com anúncios e movimentos constantes e cores. Tudo é disruptivo.
E a gente vê esse vídeo e todo o nosso cotidiano tá nele, o alívio ao comprar algo, a raiva com a imprevisibilidade das coisas, a tristeza voraz que nos consome quando percebemos que o que adquirimos, que deveria servir para nos deixar plenos, não serve pra nada quando o carrão conversível fica parado no trânsito e chove e tudo é uma bosta. A gente se afoga na bebida, esquece, apaga, vai aos céus com os comprimidos, cai vertiginosamente quando passa o efeito.
Anestesiados. Presos em labirintos.
Tão lugar-comum e tão acertado.
Sobre a felicidade
Alguns artigos do PapodeHomem sobre felicidade genuína.
Happy: documentário sobre felicidade genuína;
Podemos sofrer menos com a vida entendendo que ela muda;
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.