Brasil, terra do carnaval, da cachaça e do corno. Sim, por que não?

Homens são chifrados a todo instante, enquanto trabalham, viajam, ficam em casa escrevendo poemas sobre a amada. Nesse meio tempo, elas estão dando pra outro. E isso é lindo de se imaginar. Quando descobre, o Robert Pattinson versão tupiniquim vai pro bar. Bebe, enche a cara, afoga as mágoas, enche o saco do garçom, bota música brega na jukebox, trança as pernas, se pergunta onde errou, xinga a mãe do cara da mesa do lado, atrapalha a sinuca, trança as pernas pra fora da birosca, cai na esquina, abraça o cachorro que lhe lambe a estupidez e dorme o sono dos justos.

Tudo isso pra falar que a gente ama cachaça.

Lá fora é diferente. O mesmo acontece, mas não com a mesma plasticidade, com a mesma indefinição apaixonada do brasileiro. Mas, de vez em quando, até que eles acertam. O acerto da vez é o sanduíche alcoólico.

No New York’s Salumé panini shop, os clientes podem encher a barriga e a cara ao mesmo tempo. Isso porque esses caras inovadores estão produzindo sanduíches com ingredientes infundidos em álcool. Seu menu original inclui itens como sanduíche de presunto e gin, presunto surryano e uísque de centeio ou presunto e beterraba com uísque. Os preços variam de US $ 11 para um “scotchwich” (que joguinho de palavras malandro esse) a US $ 18 por um delicioso bourbon Bulleit e presunto.

Sabemos bem que, na culinária em geral, não é de hoje que se usam bebidas misturadas na hora de preparar comidas, mas também é sabido que, geralmente, usa-se a bebida na hora de cozinhar, ou seja, geralmente o álcool da bebida (ou boa parte dele) vai embora enquanto se está na panela, na caçarola, no caldeirão, no forno ou em qualquer lugar onde a referição está para ser beme squentada.

Nos sanduíches, o lance todo parece ser feito nessa tal infusão e, quando servido, o álcool ainda está lá, impregnado no alimento. Mas o restaurante não revela o quanto de álcool está contigo em cada sanduíche e nem possui no estabelecimento um aviso que proíbe o consumo para menores de 21 anos (idade para se beber nos Estados Unidos).

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Só sei que, por lá, agora se pode ganhar um par de chifres e ir ao restaurante, encher a barriga, entupir as mágoas, encher o saco do garçom (esse só se fode), pedir mais e mais ketchup, reclamar que o presunto cai o tempo todo, lambuzar as mãos, lamber os beiços, trançar as pernas pra fora do recinto, cair na esquina, abraçar o cachorro que vai lhe lamber a estupidez ainda maior de ficar bebado com um pedaço de pão. Mas, se tudo der certo, o sono dos justos vai ser o mesmo.

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados