Desde fevereiro o Jader vem publicando aqui no PdH uma série de artigos que mostram rituais esportivos muito antigos que permanecem até os dias de hoje desafiando o nosso entendimento por disputas, convivência e masculinidade, compilados pelo nome de Archaic Festivals.

Com modalidades como um jogo de rugby com 7000 homens disputado na Inglaterra, uma mistura de rouba-bandeira e paintball entre duas cidades na Espanha, uma corrida de toras de madeira de dez toneladas no Japão e um festival nas Filipinas que reúne queda de braço, cabo de guerra e lutas entre homens com os braços e pernas amarrados, acreditávamos ter chegado no ápice da testosterona no esporte.

Mas não.

Eis que durante nossas pesquisas de pauta encontramos o Stihl Timbersports Competition, uma disputa geralmente realizada nos Estados Unidos que reúne motosserras, serras quentes e machados empunhados por lenhadores dispostos a empregar muita, muita força bruta aliada à velocidade e habilidade dependendo de qual das seis categorias em disputa estamos falando.

Apesar da média de idade de 40 anos, talvez a figura que mais represente o festival seja a de Matt Cogar, um americano de 31 anos que já é cinco vezes campeão da competição e é apenas o membro mais novo da família Cogar que já estabeleceu uma tradição no festival: seu pai, Paul Cogar; seu primo, Arden Cogar Jr; e seu tio Arden Cogar; também já participaram do evento sendo que este último chegou a ser finalista do Timbersports em 1994 quando já tinha 60 anos de idade.

Matt Cogar, ao centro, comemorando seu último título na competição este ano.
Família Cogar reunida para mais uma edição do Timbersports.

Conheça agora as seis modalidades que fazem a multidão urrar com aparas de madeira e poeira de serra voando:

Single Buck

A mais tradicional modalidade do evento exige que concorrentes usem uma serra longa que pesa em torno de 8 kg para cortar um tronco de madeira de 48,26 centímetros de diâmetro (a medida estranha se dá por que lá eles contam em polegadas).

A maioria dos participantes realiza a prova em algo em torno de 11 a 12 segundos, mas 'humanos normais' que já tentaram cumprir a tarefa levam mais de um minuto, ou seja, é realmente mais difícil do que parece.

Link Youtube – Dá uma olhada na prática.

Standing Block Chop

Curiosamente, a modalidade que mais atrai a atenção dos espectadores é esta: um tronco de madeira de 30 centímetros de diâmetro é preso verticalmente e os competidores devem parti-lo ao meio o mais rápido possível.

A técnica mais utilizada envolve primeiro cortar de um dos lados com ângulo para cima, e em seguida, do outro lado com ângulo para baixo, até que um golpe final arranca a metade superior do tronco. Ficou difícil visualizar? Dá uma olhada no vídeo abaixo:

Link Youtube – Estima-se que este seja uma dos exercícios anaeróbicos mais extremos que uma pessoa poderia fazer.

Stock Saw

Usando a motosserra mais poderosa, esta modalidade consiste em nada mais do que cortar dois discos de madeira de 5 centímetros de espessura a partir de uma tora posicionada horizontalmente no menor tempo possível, sendo que um corte deve ser feito pra baixo e outro pra cima. Simples, certo?

Leia também  30 ferramentas para inovação social

Acontece que qualquer angulação no corte pode criar discos de espessuras diferentes entre si ou com espessuras diferentes em cada extremidade, o que pode levar o participante à desclassificação. E como todos os competidores utilizam o mesmo equipamento, quem ganha é realmente o mais hábil e veloz. E na maioria das vezes a diferença entre os competidores é de menos de um segundo.

Link Youtube – Menos de 10 segundos! Muita velocidade e precisão.

Underhand Chop

A modalidade mais visualmente impressionante é também a primeira que os participantes costumam aprender. Nela, o concorrente fica de pé sobre uma tora de menos de um metro, e deve dar golpes com um machado começando sempre acima da cabeça, alternando de lado a lado, até que a tora se parta ao meio.

O fato dos participantes aprenderem esta modalidade primeiro deve-se a sua maior utilização, na prática, em florestas. Nestas circunstâncias, porém, o tronco costuma ser significativamente maior.

Link Youtube – A média de tempo nessa prova é de cerca de 20 segundos, mas o recorde mundial (acima) é de 12"39.

Springboard Chop

Esta é comprovadamente a modalidade mais perigosa e mais demorada da disputa. Nela, os competidores devem talhar um buraco no tronco, encaixar um trampolim nele, subir, talhar um segundo buraco no tronco, encaixar um segundo trampolim nele e subir novamente, até quebrar ao meio uma tora colocada acima de tudo.

O risco, deve-se às quedas que não raramente acontecem de alturas de até 2 metros com machados em mãos. O tempo, geralmente algo em torno de 1 minutos, só para quando a metade da tora arrancada atinge o chão.

Link Youtube – Definitivamente, não é pra qualquer um.

Hot Saw

A modalidade mais barulhenta é também aquela que costuma decidir os campeonatos. Com uma motoserra de corte quente que pode ser produzida/modificada pelos participantes, eles devem fazer três cortes padrão numa tora na maior velocidade possível.

Aqui, os desvios costumam ser maiores e mais decisivos, já que as ferramentas variam e os participantes precisam dar a partida no instrumento só depois do sinal. Algumas serras, porém, mesmo custando quase 10 mil dólares podem falhar na hora H e alterar os rumos de um campeonato. Porém, quando tudo dá certo, os competidores costumam realizar a prova em cerca de 5 segundos de muito barulho.

Link Youtube – Essa nem parece tão impressionante se comparada às outras, né?

***

E aí? Você toparia participar de uma competição dessas?

Mecenas: Natura Homem

Existem tantas maneiras de exercer as masculinidades quanto o número de homens que existem no mundo. Hábitos que passam de pai para filho e tradições — inclusive aquelas movidas a testosterona — também têm seu lugar.

Seja homem? Seja você. Por inteiro.

Natura Homem celebra todas as maneiras de ser homem.

Redação PdH

Mantemos nosso radar ligado para trazer a você notícias, conversas e ponderações que valham o seu tempo. Para mergulhar na toca do coelho e conhecer a <a>visão editorial do PdH