Recentemente fizemos uma pesquisa no PdH Insights, o nosso report mensal de masculinidades que o PapodeHomem vende por assinatura para agências, sobre a relação dos homens com o dinheiro. E o dado que mais me chamou atenção foi a relação que a idade tem com o endividamento dos homens.

Existem milhares de motivos para fazermos dívidas ao longo da vida, mas hoje vamos falar de um dos maiores passivos financeiros que um ser humano comum pode adquirir ao longo da vida: os filhos.

Já me pediram inúmeras vezes para escrever um texto sobre filhos e grana, pedindo para eu dar um panorama de quanto se gasta mais ou menos com exames pré-natais, roupinhas, carrinho, parto, fralda, plano de saúde etc.

Eu nunca consegui escrever esse artigo porque dizer o quanto se gasta com filhos é mais ou menos como dizer quanto se gasta para se passar um feriado na praia.

Dá pra você ir para a praia de ônibus, ficar hospedado em 10 pessoas na casa de um amigo, comer miojo todos os dias e tomar cerveja de litrão. Dá pra você ir de carro e ficar numa pousadinha bacana com sua namorada e tomar um vinho tinto. E dá pra você ficar num resort no Caribe e tomar Champagne Cristal.

Tenho amigos que fizeram o chá de bebê em Miami, o parto no Hospital Albert Einstein com a melhor obstetra do país, se mudaram do ap de 100m para um de 200m pra terem mais espaço, gastam 2 mil reais por mês com babá além da faxineira que vem 2x por semana.

Assim como tenho amigos que ganharam as roupinhas dos amigos, fizeram o parto na rede pública, deram um jeito de se encaixar no ap que eles vivem hoje, compraram um carrinho usado por R$ 200 e o que faltou parcelaram em 12x no cartão. Não tem babá, os avós e parentes se revezam para ajudar com a criança e com 6 meses colocaram na creche municipal.

Ambos casos as crianças estão saudáveis, felizes e fortes. Mas cabe a um de nós tentar encontrar o que é razoável e compatível para cada um de nós.

Em último caso gosto sempre de pensar que pra quase tudo na vida há sempre uma solução mais barata e uma mais gourmetizada.

Que tal sentar e conversar com sua parceira sobre grana e na frente dos filhos?

A maioria de nós cresce ouvindo falar do dinheiro em situações ruins: nossos pais discutindo por causa de dinheiro, negando coisas pra gente porque não tem dinheiro, reclamando das contas, dos preços, dos impostos. A maioria de nós cresce com uma impressão, mesmo que subjetiva, de que o dinheiro é algo ruim.

O próprio Eduardo Amuri sugeriu uma prática no encontro PAI, que a gente fez agora em agosto: começar a educação financeira dos filhos é falar sobre dinheiro na frente deles, como se fosse um assunto rotineiro. Fazer planos e colocar as contas em dia na sala de jantar para normatizar o assunto.

Além de estar contribuindo pra educação financeira dos seus filhos, falar sobre dinheiro com sua parceira é uma atividade quase preventiva para brigas.  Todo mundo sabe o quanto a falta de grana tira a gente do sério, consome nossa atenção, tira o sono, desgasta a relação e até acaba casamento.

Aqui em casa sentamos uma vez por mês, atualizamos os custos e as receitas, discutimos se estamos exagerando no mercado, se vai dar pra comprar um tapete novo pra sala e quanto a gente precisa economizar pra poder viajar no final do ano. Rola faísca? Claro que rola, mas é bem mais ameno do que as brigas que rolaram quando a gente nunca falava de dinheiro entre nós.

Não sabe por onde começar o planejamento?

Temos um percurso prontinho aqui te ensinado o passo-a-passo. Chama a parceira ou o companheiro, leiam juntos e coloquem o assunto em pauta.

Faça uma reserva financeira para evitar as tretas

Essa aqui não é novidade pra ninguém.

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Já devemos ter falado desse assunto umas 20 vezes no PapodeHomem e mais algumas outras milhões de vezes pelos consultores financeiros do mundo.

Não importa se você ganha 1000 ou 20 mil reais, ter uma reserva financeira é mais essencial ainda quando se tem filhos e não tem nada a ver com o que os consultores financeiros falam por ai.

Faça uma reserva porque a grana vai apertar.

E quando a grana aperta rola stress.

Stress vira treta.

E brigar quando você está dormindo mal, há semanas sem sexo e vivendo uma rotina cretina não costuma acabar bem.

Conseguimos fazer uma boa reserva financeira durante a gestação da minha esposa pois sabíamos que milhares de imprevistos apareceriam.

Essa grana me deu um bom apoio durante os meses em que as contas não fecharam sem precisar arrancar os cabelos ou brigar com a minha esposa pela falta de grana. Claro que dá um frio na barriga ver o dinheiro da reserva diminuindo, mas é menos pior do que ver um saldo negativo.

Crie o hábito de fazer programas de graça

Dos seus últimos 10 rolês com amigos, quantos você não gastou nada? Se for contar as saídas à noite, provavelmente o número diminui mais ainda.

As primeiras vezes que comecei a sair de casa com a minha filha recorri ao Google buscando programação. E o grande problema é que 80% das recomendações são programas pagos: aquário, zoológico, parque do shopping, museu, parque aquático, teatro, circo.

Nada contra eles, eu mesmo já fui em diversos com minha filha. Mas me dei conta que pra ela tanto faz o escorregador do parquinho pago do shopping ou o escorregador do parquinho da praça, a peça de teatro paga ou a peça de teatro de rua, desde que as pessoas que ela gosta estejam por perto.

E a prática de ativamente buscar por programas gratuitos me fez mudar minha mentalidade de que para fazer algo fora de casa eu precisava comprar um ingresso. Descobri um universo gigantesco de coisas legais para se fazer sem gastar nada, comecei a explorar muito mais o espaço público e conhecer mais pessoas que o frequentam, derrubei uma porrada de preconceitos e essa mudança de mentalidade me rendeu uma boa economia por mês.

Fale com outras pessoas a respeito de grana

Já falei aqui que a paternidade pode ser um local solitário e da importância de pais conversarem com outros pais.

Se grana já é um assunto meio tabu e difícil de se falar com amigos, ele pode ficar mais difícil ainda com a paternidade.

A sugestão de prática é: escolha um amigo e crie o hábito de falar sobre sua vida financeira, os bons e os ruins. Diga algo que pensa em comprar e peça uma opinião, fale de algo que você fez e deu certo e alguma cagada.

Como vimos no gráfico la em cima, é muito comum homens se endividarem quando ficam mais velhos e  se afundarem nessas dívidas por terem vergonha de falar sobre grana.

Ao criar o hábito de tratar o assunto dinheiro com sua companheira e seus amigos, você se blinda de cair nessa armadilha.

E vocês amigos?

O que mudaram nas suas vidas financeiras depois dos filhos? O papo continua nos comentários.

Mecenas: Natura

Natura Homem acredita que ser pai é querer cuidar, manter uma paternidade lúcida e seguir com uma vida amorosa e financeira saudável, sem colocar ainda mais pressão sobre os nossos ombros.

As nossas verdades, os nossos ritmos, os nossos jeitos de ser e estar no mundo. Seja homem? Seja você. Por inteiro. Natura Homem celebra todas as maneiras de ser homem.

Rodrigo Cambiaghi

é especialista em mídia programática, monetização de sites e BI. Reveza o tempo entre filha, esposa, cão, trabalho, banda, moto, games, horta de casa, cozinha e a louça que não acaba nunca.