Depois de entrevistarmos um redator que consagrou a profissão de massagista de modelos e o cartunista por trás das tirinhas dos Malvados, agora é a vez de André Toffani, professor de dança de salão, coreógrafo e proprietário de uma academia na Pompeia, em São Paulo.
André foi aluno do famoso professor “Manteiga” e dá aulas há mais de 10 anos, tendo participado da edição brasileira do programa Dancing with the Stars, ao lado da bela vencedora Patrícia Salvador.
É um dos melhores professores de samba de gafieira em SP.
1. Qual sua história? Quais suas origens? O que fazia antes de ser professor de dança de salão?
Nasci em Caieiras, Grande São Paulo, e estou em Sampa há 10 anos. Sempre estive envolvido com esporte, dança, teatro e música (tocava teclado) desde muito criança participando de campeonatos, espetáculos, enfim, tudo que era ligado a essas áreas. Ensinava teatro em duas cidades da Grande São Paulo e atuei em alguns espetáculos. Também dirigi e escrevi algumas peças teatrais nessa época. Paralelamente, veio o interesse pela dança de salão, algo que sinceramente não sei explicar como surgiu…
2. Como descobriu que era isso que queria fazer e como chegou onde está?
Não foi uma descoberta nem uma decisão definitiva. Logo após um curso de verão com professores cariocas de samba de gafieira, fiquei realmente muito atraído, mas sem pretensões profissionais. Fui para o RJ conhecer algumas Gafieiras e profissionais, e tudo se tornou irresistível.
Alguns meses depois, veio o convite para que eu fosse assistente nas aulas e muito rapidamente me tornei professor. Segui fazendo o que me dava muito prazer e principalmente o que encontrei nisso uma certa facilidade. Mesmo já trabalhando, ainda estava em fase de muitas descobertas e no auge da evolução e transformação da Dança de Salão no Brasil.
O resultado financeiro foi imediato e abriu perspectivas interessantes. Vinha o crescimento profissional e ao mesmo tempo o reconhecimento (que me surpreendeu) como um dos melhores professores de Samba de Gafieira de São Paulo.
Vieram os convites de cinco das maiores escolas especializadas em dança de salão na época e em pouco tempo me tornei conhecido na cidade como profissional referência. Milhares de alunos, alguns anos de experiência e alguns exemplos de modelos de administração me levaram a fundar a André Toffani Danças.
Link YouTube | Apresentação de tango dos bolsistas no baile de fim de ano em 2007
3. O que você faz atualmente? Qual sua especialidade? No que você é realmente bom?
Hoje sou o empresário, o professor, o coreógrafo e o dançarino. Tem que “matar a cobra e mostrar o pau”… 😉 Concentro minhas atenções na administração da academia e na constante atualização no nosso método de ensino. Sou melhor professor do que coreógrafo e administrador. Mas estou feliz com minha capacidade atual de desempenhar todas essas funções.
4. Conte um pouco do seu cotidiano.
Desenvolvi uma rotina bastante confortável depois de alguns anos. Salvo necessidades na administração da Academia, tenho os dias livres para fazer o que as outras pessoas não podem fazer durante o dia. Academia, cursos, dormir até mais tarde…
Vou dar minhas 3 ou 4 horas de aulas de dança de salão à noite e às vezes saímos para dançar, beber etc. Então só vou dormir lá pelas 4h da manhã, depois de alguns filmes ou seriados. Outra coisa a fazer nas madrugadas é descobrir novos músicos e músicas pela internet para usar nas aulas de dança.
5. Uma história ou uma cena que fez todo o esforço valer a pena.
Vencemos a versão do reality show Dancing with the Stars aqui no Brasil depois de circunstâncias curiosas. Inicialmente, não aceitei o convite para participar como coreógrafo do programa e, de certa forma, fui convencido por uma amiga dançarina.
Vieram as dificuldades: conciliar a administração da academia e as aulas com os ensaios e gravações; me deparar com alguns ritmos que não faziam parte da minha rotina de trabalho e coreografá-los; ter meu casal de dançarinos trocado pela produção do programa na última hora… Fora a dificuldade dos dançarinos com a dança (apesar de serem super dedicados e pessoas maravilhosas), a falta de tempo para ensaios, as críticas e outras tantas mudanças e problemas durante o programa. Além de ter que acordar muito, muito cedo.
Enfim, acabamos vencendo a competição depois de alguns meses de programa. E depois fomos convidados a participar de um programa internacional representando o Brasil.
6. O que acontece nessa profissão que ninguém imagina? Aproveite pra quebrar mitos, idealizações ou preconceitos.
Para muitas pessoas que ainda não conhecem a dança de salão, ainda persiste o conceito de que isso é coisa para velhos. Primeiro que “velho” é pensar dessa forma, porque o que conta mesmo é sua mentalidade, espírito e atitude.
A dança de salão hoje é jovem no pensamento, no espírito, nos métodos, no quanto evoluíram os ritmos e principalmente no comportamento das pessoas que frequentam as aulas e dançam a salsa, o zouk, a gafieira, o forró e tantos outros ritmos que não tem nada de “velhos”. Nas academias encontramos pessoas de todos os tipos: um ambiente socialmente democrático.
E claro, já que aqui é papo de homem: tem um monte de mulher bonita que quer dançar contigo…
7. Quais os erros de outros professores de dança de salão que deixam você com vergonha da profissão?
Um dos maiores problemas da minha profissão são os oportunistas. Pessoas que aprenderam alguns movimentos e se acham prontas para ensinar por aí. Não conhecem o próprio corpo e querem dizer o que os outros devem fazer com seus corpos. Você pode imaginar um “professor” de dança sem ritmo? Pois encontramos sem muito esforço.
8. Mulher: melhor trabalhar ao lado dela, melhor mantê-la longe ou nenhum dos extremos? Como concilia trabalho e relacionamento?
Prefiro trabalhar com mulheres o tempo todo, desde de que não seja a minha, que sempre procurei manter afastada quando possível. As mulheres são a motivação de um dançarino de salão, professor de dança. Afinal de contas um homem vai dançar com quem? Se não quiser mulher por perto, vai ter que trabalhar com outra coisa. Vai fazer outra coisa!
Justamente por isso relacionamentos estão sempre sendo colocados a prova nessa profissão. E nem sempre passam… 😉
9. Quais são os passos específicos e concretos que um leitor que queira se tornar um professor de dança de salão pode tomar agora? Na sua trajetória, quais foram os grandes trampolins, segredos e ajudas essenciais que lhe ajudaram a chegar ao próximo nível?
Nesse caso, primeiro você tem que gostar muito da coisa. É fundamental ter persistência, dedicação e fazer muitas, muitas aulas com profissionais qualificados e experientes. Se estiver pensando que é só colocar uma música e sair se mexendo, está muito enganado…
Mas também acho que, para trabalhar com arte, você precisa ser um artista em sua natureza. Ter vocação. Não é todo mundo que pode se tornar dançarino ou professor de alto nível simplesmente porque deseja isso. Pode evoluir muito se correr atrás, mas nossos corpos nos impõem certos limites que muitas vezes são insuperáveis. “Os corpos não mentem…”.
Se você já dança e se destaca por sua facilidade e compreensão das coisas, busque mentores, boas referências e vá em frente. Mas se ainda não pratica dança de salão, o primeiro passo é ir aprender e ver o que acontece.
10. O que você demorou muito tempo pra aprender e agora pode resumir em poucas palavras?
Que é impossível (e que nem preciso) agradar a todos.
11. Quais seus outros interesses, práticas e habilidades? Filosofias, esportes, artes, espiritualidade…
Pratico esportes sempre que possível, principalmente futebol. Ainda me considero um capoeirista depois de praticar muitos anos. Religioso, ainda muito ligado ao Teatro e agora muito interessado em começar a viajar com mais frequência e conhecer outros lugares no mundo.
12. Faça uma pergunta que gostaria muito que alguém que te perguntasse. E responda.
– Professor de dança de salão “pega” muita mulher?
– Pra caramba. Pra dançar, tem de pegar pelo menos uma… 😉
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