Muita coisa se pediu desde o começo das manifestações aqui no Brasil. Antes do pessoal sair às ruas, já se falava sobre a tal maioridade penal. Muita coisa está sendo pedida e muita incoerência está pairando nas cabeças afoitas de um povo cansado de tomar o tempo todo, mas que ainda se vê muito histérico para pouco conhecimento.
Em Porto Rico, estão querendo instituir a pena de morte. Sabemos ser um assunto bem complicado e controverso que se mostra uma medida extrema e perigosa. Nos Estados Unidos, a pena de morte é permitida em 36 dos 50 Estados e já se mostrou, mais de uma vez, falha. Isso em um sistema rigoroso como o norte-americano.
Aqui no Brasil, a justiça é ainda mais vagabunda e falha. Não deve ser muito diferente em Porto Rico. Pena de morte, tanto lá quanto cá, seria algo muito complicado de dar certo. Noves fora, visando evitar que a pena de morte volte à Porto Rico, a Anistia Internacional fez uma campanha com cinco fotos da última refeição feita por condenados à morte nos Estados Unidos que, anos depois, foram julgados inocentes.
É. Não teve volta para eles.
David Spence (executado em 1997, mas considerado inocente em 2000)
Spence foi acusado e executado pelo crime de tortura e assassinato de Kenneth Franks e Jill Montgomery (18 e 17 anos). O crime violento foi resultado de um fracassado assassinato de aluguel. Nenhuma evidência física ligava ele ao crime.
Após a sua execução, o The New York Times escreveu um artigo que afirmava :
“Aqueles que acreditam que David Spence não cometeu o crime pelo qual morreu incluem o tenente, agora aposentado, que supervisionou a investigação policial do assassinato, o detetive que, na verdade, conduziu a investigação, e um empresário conservador do Texas que, quase contra sua vontade, olhou para o caso e se convenceu de que o Sr. Spence estava sendo atropelado.”
Mais tarde, um relatório disse que os prisioneiros que testemunharam contra Spence no tribunal foram subornados com o álcool e visitas conjugais.
Ruben Cantu (executado em 1993 e considerado inocente em 2005)
Cantu foi preso por atirar em dois trabalhadores numa casa que ele alegadamente tinha arrombado. Um morreu.
Cantu foi condenado com base no depoimento do sobrevivente, mas, de acordo com uma investigação feita posteriormente pelo Houston Chronicle, “ele tinha certeza que a pessoa que atirou não era Cantu, mas ele se sentia pressionado pela polícia para identificar o menino como o assassino. Juan Moreno , um imigrante ilegal, no momento do tiroteio, disse que sua identificação em tribunal foi baseada em seu medo das autoridades e polícia.”
Claude Howard (executado em 2000 e considerado inocente em 2010)
Jones foi condenado por assassinar o dono de uma loja de bebidas durante um assalto e foi a última pessoa a ser executada quando George W. Bush foi governador do Texas. Jones foi condenado devido — principalmente — a um fio de cabelo na cena do crime que se presumia ser o seu próprio.
Dez anos mais tarde, um teste de DNA mostrou que o cabelo não era de Jones, mas sim da vítima.
Leo Jones (executado em 1998, mas de acordo com anúncio da Anistia, fora presumido inocente já em 1993)
Jones foi executado na cadeira elétrica pelo assassinato, à tiros, de um policial.
Mesmo Jones afirmando que sua confissão (após uma sessão de interrogatório de 12 horas) foi coagida, mesmo com mais de uma dúzia de pessoas identificado outro homem como o assassino e mesmo com um jurado afirmando que ele não tinha votado pela condenação — dado às novas provas — e pedido ao juiz que ele rescindisse sua decisão, mesmo assim Jones ainda foi condenado à morte.
Cameron Todd Willingham (executado em 2004 e considerado inocente em 2010)
Willingham foi condenado e executado no Texas por um incêndio que matou suas três filhas. Willingham veementemente negou que ele era culpado.
Embora ele tenha sido executado em 2004, um artigo de 2009 New Yorker incitou o público a questionar a veracidade de seu veredicto. Em 2010, a Comissão de ciência forense do Texas disse que a ciência usada para condenar Willingham, que dizia que o fogo foi ateado de forma deliberada a provocar um incêndio foi baseada em “ciência falha.”
As fotos foram tiradas pelo fotógrafo James Raynolds.
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