Recebemos o relato de um leitor que se odeia por ser gay. Isso mobilizou o PapodeHomem, aprendemos muito com o debate e agora compartilhamos com você.
Introdução: publicar ou não o relato?
Faz alguns meses, recebemos um email elogioso de um leitor, mas o elogio não era só para nós:
… precisava declarar a admiração que sinto por vocês. Na verdade, não só pelo criador e pelos colaboradores, mas por todos os homens "heterossexuais", pois sou homossexual, e confesso que isto é uma das piores coisas do mundo. EU ODEIO ISSO EM MIM. Já tentei mudar, mas infelizmente não consigo. Já pensei até em suicídio, mas não cometi por causa de minha mãe, ela iria sofrer muito. Isso se deve ao fato de que sempre tive muita vontade de ser um HOMEM NORMAL, e não ser essa aberração de ser gay. E não ser essa aberração de ser gay.
No restante do email, ao mesmo tempo em que elogiava o mundo masculino heterossexual que o PapodeHomem representava, nosso leitor também criticava o que via nos "guetos" homossexuais:
O mundo masculino é fascinante. Carros, bebidas, mulheres, esportes, e há ainda a liberdade, a camaradagem e a praticidade de vocês. Tenho muita vontade de ser como os homens normais. O gueto homossexual é horrível, cheio de intrigas, sexo, drogas, rótulos, marginalização, doenças, egocentrismo, inveja, futilidades, depravações, desrespeito, discriminação. Enfim, uma lista imensa de outras coisas.
Nunca namorei uma mulher e nem vou namorar. Nunca namorei um homem e nem vou namorar. Apesar, infelizmente, de eu ser gay, não estou a fim de dividir minha vida com outro homem. É um absurdo! Decidi recentemente me "assexualizar", ou seja, não ter nenhum tipo de relacionamento sexual com ninguém. Se quiser sentir prazer sexual, para isso existe a masturbação. No mais, meu maior sonho é ter um trabalho estável, uma casa, ajudar minha mãe e viajar, cair no mundo.
Parabéns ao PdH por me proporcionar fazer parte, mesmo que seja virtualmente, do mundo dos homens normais.
Somos exploradores de conteúdo e esse email nos aguçou o faro. Sentimos que havia uma história interessante por trás. Nosso leitor claramente estava sofrendo e, talvez, assim como muitos outros na posição dele. Entramos em contato com ele, pedimos permissão para publicar seu email e também fizemos outras perguntas para entendermos melhor sua vida, sua sexualidade, seus sentimentos.
Ao mesmo tempo, irrompeu uma controvérsia no QG do PapodeHomem: publicar ou não o relato?
Por um lado, deveríamos sim publicar, disseram alguns. Era um relato verdadeiro, intenso, forte, que com certeza refletia a sensação de muitos outros jovens homens em situação parecida.
Por outro lado, não deveríamos publicar, disseram outros. O relato era potencialmente homofóbico e poderíamos ter problemas legais ao parecer que endossávamos essas opiniões. Era mesmo nosso interesse jogar lenha nessa fogueira?
Conversei sobre o assunto com a sexóloga Regina Navarro Lins. Ela concorda que, muitas vezes, "o pior inimigo do gay" é "a sua própria homofobia. Há casos de gays que introjetam de tal forma os valores preconceituosos da sociedade que se tornam profundamente homofóbicos e se recriminam por desejar outro homem."
E perguntei sua opinião sobre nossa dúvida. Publicávamos ou não, Regina?
Não vejo problema em publicar esse depoimento se você mostrar como essa forma de pensar e sentir limita a própria vida. (…) É fundamental refletirmos sobre crenças e valores aprendidos, questioná-los, e assim deletarmos o moralismo e os preconceitos. Não é uma tarefa simples, mas para viver bem é preciso ter coragem.
Regina Navarro Lins tem razão. O depoimento é importante e deve ser publicado, mas também cabe a nós dar um pouco mais de contexto aos nossos leitores.
Pois somos o Papo de Homem — não necessariamente o Papo de Homem heterossexual. Nossa exploração do masculino inclui também a homossexualidade masculina — tão diferente, como não poderia deixar de ser, da feminina. Os homens gays e bissexuais são tão homens quanto qualquer homem — podem não ser heterossexuais, mas como não seriam homens?
Enfim, somos todos homens, inclusive os homens que amam outros homens.
Com vocês, o depoimento do nosso leitor, editado pelo Rodolfo, motivado em parte por perguntas que fizemos a ele, em entrevista conduzida pelo Gitti. Mais abaixo, uma conversa que tive com o psicólogo Gilmaro Nogueira.
O relato do leitor: "Sou gay, mas sempre tive muita vontade de ser hétero"
Desde meus 7, 8 anos, eu sentia conscientemente – não dá para explicar; tem que sentir – que não gostava de meninas, mas sim de meninos. Fui ter plena convicção disso aos 12, 13 anos. Na época, eu não podia acreditar que eu estava sentindo aquilo.
Ficava me perguntando: "Por que comigo? Será que existem outras pessoas como eu?" Até hoje, quando ando na rua, fico tenso imaginando o que os outros estão pensando de mim, se estão suspeitando de alguma coisa. A sensação era, e continua, péssima.
A minha adolescência foi horrível. Tive algumas crises existenciais. Não saía de casa, não tinha amigos. Era uma única rotina casa-escola-casa. Inclusive, na escola eu era discriminado, o que me fez um cara antissocial ao extremo, tímido, com baixa autoestima. Dos 13 aos 20 anos, minha mãe, minha irmã, meus parentes e meus vizinhos me perguntavam por que eu não gostava de sair. Eu dizia que não gostava mesmo e ponto. A verdade é que eu tinha muito medo de que alguém desconfiasse, percebesse algo diferente em mim e fosse comentar para minha mãe.
Tentei, de uma forma até ingênua, mudar isso em mim. Eu comprava revistas de mulheres nuas. Chegava a me masturbar e tudo. No entanto, sempre que eu gozava, acontecia algo estranho: eu chorava. Talvez por angústia, por eu forçar uma coisa que não era minha, por tentar ser aquilo que eu não era. A sensação era e é muito ruim. Até hoje, com meus 26 anos, eu faço isso e sempre acontece a mesma coisa: vem a tristeza acompanhada da baixa autoestima e do choro.
O gueto homossexual é horrível!
Não existe universo GLS. Existem guetos. Percebo que há desunião, há diferenças subgrupais. Os efeminados, os bombados, os ursos, os maduros, as drag queens, as travestis, os bissexuais, as caminhoneiras, os gays casados com mulheres, os enrustidos. Todos se odeiam entre si. São cheio de intrigas, rótulos, marginalização, egocentrismo, inveja, futilidades, depravações, desrespeito, discriminação… Enfim, há uma lista imensa de outras coisas.
A minha crítica aos homossexuais começou quando observei a feminilização de alguns homens gays. Fico morrendo de vergonha, pois é algo ridículo. E recentemente, quando percebi também que havia alguns homens casados com mulheres e que saíam com outros homens, a situação piorou. Aí eu tive vontade de me assexualizar.
Nunca namorei
Não sei namorar um homem. Não tenho referências, experiências e nem maturidade para isso.
Durante um tempo, frequentei cinemas pornôs. Lá eu chupava e era chupado, nada mais comum e normal num cinema gay, sempre com pessoas que não conhecia. Essa é a extensão da minha experiência sexual: nunca fiz anal, nem passivo ou ativo, e nem vaginal, evidente.
A sensação de fazer sexo oral no cinema pornô é ruim. Tem que entrar escondido para ninguém ver e, quando você sai, rola um vazio do tamanho do universo. É simplesmente horrível.
Os caras heterossexuais vão para casas de prostituição, mas lá eles se encontram para conversar, beber, ouvir música, bater papo e depois voltam para suas casas. Cinemas e saunas gays não têm nada disso. É só sexo. Ninguém fala nada. É triste.
Por isso, também, nunca quis frequentar festas ou saunas gays, só o cinema mesmo. Aqui na minha cidade nem tem essas coisas, ou então é muito restrito, fechado, em locais escuros e perigosos.
Além disso, ninguém namoraria comigo. Sou magro, alto, mestiço – descendente de índio, branco e negro –, contido, tenho um rosto comprido, braços e pernas finas. Gosto de música clássica e comédia romântica.
Quem iria querer namorar um sujeito assim? Não faço parte do padrão de beleza que a sociedade exige – padrão este que é o contrário do meu. Ainda mais os gays, narcisistas que são.
Se nunca apareceu um cara pra namorar em 26 anos, não é agora que vai aparecer. Portanto, o que importa no final das contas é o sexo, e somente o sexo.
Agora, nem isso.
Nunca namorei mulheres
Já tentei. Naquela fase dos 12 aos 20 anos. Mas não consegui. Nunca deu certo. Sei lá, vai ver faltou instinto de macho – algo que eu não tenho. Eu admiro cada vez mais o mundo masculino. Queria fazer parte dele, mas não dá. Não sei por quê, mas não dá. E, no geral, acho ruim ser gay! Não queria isso para mim. Não há liberdade! É uma prisão da alma! Só queria ser normal. Acho que Deus deve me odiar.
Nunca beijei e nem transei com mulheres. Não fico excitado com uma garota. Só quando forço muito, mas muito mesmo. É uma verdadeira sessão de tortura. No geral, não sinto desejo, vontade, e às vezes dá até nojo.
Decidi me assexualizar
Nunca namorei uma mulher. Nunca namorei um homem. E apesar de ser gay, eu infelizmente não estou a fim de dividir minha vida com outro homem. Para mim, compartilhar a vida é absurdo! Por isso, decidi recentemente me assexulizar, ou seja, não ter nenhum tipo de relacionamento sexual. Com ninguém. Se eu quiser sentir prazer, existe a masturbação.
Não me considero um homem efeminado. Consigo ser natural. Nunca forcei a barra para ficar parecendo machão. Como sou muito tímido, falo pouco e quase não rio, as pessoas quase não percebem. No geral, acho que grande parte das pessoas nem imagina. Todos pensam que eu sou hétero.
Minha situação atual é: não namoro, só estudo. Não saio à noite. Não sinto tesão por mulher, só por homem, mas vou conseguir parar com isso. Ninguém da minha família sabe que sou gay, apenas umas três ou quatro pessoas da universidade. O meu maior sonho é ter um trabalho estável e uma casa. É ajudar minha mãe e viajar. É cair no mundo.
Não frequento academia, não pratico esportes, não bebo, não fumo, não transo, não tenho carro, não falo alto, não sou grosso, não sei paquerar. E não sei ainda como é ser um homem pleno em si.
Acho que vou morrer sem saber.
Pós-escrito: uma conversa com o psicólogo Gilmaro Nogueira, por Alex Castro
Conversei longamente com o psicólogo clínico Gilmaro Nogueira, vulgo Giba, mestrando do Programa Multidisciplinar Cultura e Sociedade (UFBA) e pesquisador do Grupo de Cultura e Sexualidade (CUS). Além disso, como psicólogo clínico, coordena um grupo discussão para gays, lésbicas, transexuais, travestis, intersexo, assexuados, heterossexuais e queers. E como se não bastasse, mantém o twitter @PsicologiaQueer.
Para começar, o Giba apontou que o discurso antigay do autor do nosso depoimento claramente não era dele:
"Ele só repete o discurso social vigente, repassa as ideias que a gente encontra na sociedade."
De fato, pensei eu, o autor dizia não ter experiência homossexual alguma (apenas sexo oral em um cinema, mencionado muito rapidamente), então como poderia saber tudo isso do "submundo" ou do "gueto" gay? Parecia não estar falando por experiência, mas repetindo a imagem negativa que a sociedade incessantemente passa sobre "esses gays".
Segundo o Giba, muito antes de começarmos a desenvolver nossa sexualidade, já começamos a "aprender" que somos meninos ou meninos e qual é o comportamento sexual normal esperado de nós. Só muito depois vamos começar a perceber em nós os primeiros desejos. E o que fazer se os desejos que se sentimos entram em choque com a "sexualidade normal" que nos foi ensinada?
O grupo de estudos do Giba tenta ajudar muitos jovens nessa situação difícil. Por um lado, é um trabalho individual: tenta-se dar ao jovem uma consideração positiva sobre si mesmo e sobre sua sexualidade, para que ele entenda que não há nada de errado com seus desejos. E, por outro, é um trabalho coletivo cujo alvo é a própria sociedade, uma tentativa de desconstruir nossa heterossexualidade compulsória — essa ideia de que o indivíduo homem deve ser masculino, se relacionar só com mulher e pronto. (Em outras palavras, curar uma menina anoréxica sem interpelar a sociedade que cria esse padrão de beleza anoréxico é garantir que mais e mais novas anoréxicas continuarão sempre surgindo.)
A heteronormatividade é tão forte que opera até mesmo dentro da comunidade de gays, lésbicas e simpatizantes. Sempre que alguém, mesmo se for GLS, reclama contra gays afetados, exagerados, ou efeminados demais, está se caindo também, sem nem perceber, na armadilha da heteronormatividade, ou seja, "até aceito gays, desde que se comportem de acordo com a norma heterossexual de conduta masculina".
Um dos problemas que afetam a saúde psíquica de jovens gays é a completa não-existência de modelos positivos gays na mídia e na cultura. Pensa rápido: quem, no Brasil, é um gay adulto, profissional, independente, bem-resolvido, assumido? Um menino gay hoje, quem ele pode desejar se tornar quando crescer? A resposta: ninguém. As novelas, quando mostram personagens gays, ou eles se comportam como heterossexuais que nem se encostam ("melhores amigos") ou são o paradigma da "bicha louca ridícula". Como falou o Giba, se o menino não tem "referenciais positivos de homossexualidade", a possibilidade de ele se pensar como normal e sadio é limitada.
Faz algum tempo, eu escrevi que quem financia o tráfico de drogas não é quem usa a droga, mas quem criminaliza a droga. Se amanhã proibissem o chocolate, as pessoas continuassem a comer chocolate e houvesse gangues disputando a bala o mercado negro de chocolate, o responsável pela violência seria não o infeliz que tem que subir o morro pra comprar Sonho de Valsa, mas o irresponsável que inventou de proibir o chocolate.
Acontece coisa parecida com a homossexualidade. Os jovens homossexuais (como o autor do nosso depoimento) se sentem mal, deprimidos, envergonhados, com nojo de seus próprios desejos, etc, não porque a homossexualidade é errada, feia, imoral, vergonhosa, etc, mas porque, muito antes de ele sentir o primeiro desejo homossexual, a sociedade já havia saturado sua consciência de imagens que associavam a homossexualidade com a vergonha, o pecado, a feiura.
Em um artigo chamado Suicídio de jovens homossexuais e o papel da psicologia, escreveu o Giba:
A natureza desse sofrimento é consequência de um sistema político em que a heterossexualidade é considerada uma experiência obrigatória, natural, saudável e louvável, enquanto a homossexualidade é considerada desvio ou anormalidade. … A personalidade é construída a partir da relação com o outro, necessariamente a partir de um ideal, que em nossa sociedade é um ideal heterossexual. Todas as referências positivas fazem parte da identidade heterossexual, enquanto todos os referenciais negativos são relegados à homossexualidade. … Quando há alguma proposta de positivar a homossexualidade, surge também à acusação de promover a experiência gay, como se a exigência simbólica da heterossexualidade não matasse tanta gente, mesmo assim, essa exigência é promovida na mídia, nas escolas, nas religiões e na família.
Pesquiso racismo há anos. Sempre que escrevo sobre o assunto, alguém vem "jogar na minha cara" que, muitas vezes, o negro é o maior racista — como se isso matasse a questão ou resolvesse alguma coisa. E minha resposta é sempre a mesma: concordo. Existe muito isso. Existem negros que se odeiam por serem negros e que acham que negros são inferiores. (Assim como existem gays como nosso autor que se odeiam por serem gays.)
Mas isso é justamente evidência de como vivemos em uma sociedade maciçamente racista (e homofóbica). Um jovem brasileiro negro (ou gay) cresce no mesmo Brasil de todos nós, um Brasil que o inunda desde cedo com imagens e temas e histórias onde os negros são sempre bestializados, sexualizados, inferiorizados. Não é de surpreender que muitos negros acabem comprando esse discurso, como não é de se surpreender que muitos gays também comprem o discurso da heterossexualização do desejo. Todos temos um limite para o quanto podemos resistir à nossa própria cultura. Ninguém está imune. Todos nós, em algum grau, compramos o discurso dominante, somos cúmplices dele, e o passamos adiante para nossos filhos, alunos, leitores.
Por fim, talvez para provar essa máxima, o Giba disse algo que nem eu a princípio fui capaz de concordar:
Nosso trabalho é desconstruir a heterossexualidade como exigência para todos os corpos, pensando-a como uma possibilidade, entre várias, assim como a homossexualidade e a transsexualidade. Uma criança não nasce com a sexualidade definida. Definimos nossa sexualidade através de nossa historia de vida, mas sem um início predeterminado. Se falamos sobre a "causa da homossexualidade", já estamos presumindo a heterossexualidade como o início, como um padrão universal do qual se pode desviar, e da homossexualidade como um desses desvios. Isso não é verdade.
Opa, peralá, falei. É claro que a heterossexualidade, biologicamente falando, é o início sim, é o caminho normal sim. Isso não quer dizer que ela deva ser imposta como única orientação sexual, ou que os "desvios", como a homossexualidade, sejam errados ou devam ser suprimidos, restritos, limitados, etc. Afinal, nós temos cultura justamente para aceitarmos, convivermos e até celebrarmos esses desvios, mas um coelho não. Ele é puro instinto, pura heterossexualidade.
Naturalmente, eram apenas os preconceitos heteronormativos falando através de mim, usando meu corpo para se propagar, assim como também usam o nosso leitor para perpetuar preconceitos que agem contra ele mesmo.
Meu próprio exemplo aliás já continha a base de sua própria refutação. É preciso justamente separar sexualidade e função reprodutiva, me explicou o Giba. O coelho se reproduz, mas não tem sexualidade. A sexualidade é cultural. Só os humanos podem ter sexualidade. Não faria sentido falar em "coelho heterossexual", mesmo se ele for um coelho macho que só fizer sexo com coelhas fêmeas.
Toda nossa moral sexual teve origem na moral reprodutiva ("o que é sexo normal? é sexo para reprodução", etc), mas isso já não faz nenhum sentido. A sexualidade precisa ser entendida além da reprodução. Claro que não existe sexualidade normal.
Para começar, toda sexualidade é antinatural. Sexualidade é algo que se aprende. Ela é determinada e influenciada por nossa cultura, nosso meio-ambiente, nossas experiências. As normas de masculinidade já incidem sobre um futuro menino na hora do ultrassom, quando os pais começam a escolher suas roupas, comprar seus brinquedos e pintar seu quarto. "Azul, né? Claro, é cor de menino!"
Entretanto, todos nós, o tempo todo, subvertemos essa ideia de sexualidade normal reprodutiva. Pense comigo, amigo leitor: de todas as vezes que você transou (não vamos nem entrar nas suas punhetas!), quantas vezes resultaram em uma gravidez de fato? Pois é, em teoria, todas as outras foram erradas, pecaminosas, antinaturais. E, se você pensa que não, como eu com certeza penso, se não tem nada de errado em você chupar a sua namorada pelo simples prazer da coisa, então qual o problema de um gay meter no cu um do outro?
Por fim, em nome da equipe PapodeHomem, eu gostaria de agradecer ao nosso autor por ter confiado em nós e por ter nos mandado um depoimento tão verdadeiro, tão intenso, tão doloroso.
E, para outros leitores que estejam vivendo questões semelhantes, saibam que vocês não estão sós. (Entre outras coisas, vocês podem e devem procurar o Giba.) Não é fácil ser jovem, sozinho, às vezes pobre, e se descobrir na contramão da cultura dominante de sua sociedade.
Mas tudo vai ficar melhor.
Link YouTube | "Não gosto dos meninos", belíssimo vídeo inspirado na campanha norte-americana "It gets better".
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