"Ela me rejeitou, voltou, rejeitou novamente e quer voltar. O que faço?" | Mentoria PdH #24

"Ainda sou jovem, tenho 32 anos, policial, adoro viajar, tenho ótimos amigos de longa data, nunca fui casado e não tenho filhos. Me dêem conselhos?"

Pergunta da semana:

"Boa madrugada, moçada. 

Minha pergunta é sobre razão ou coração! 

Hoje me encontro em um dilema muito grande, mas antes de falar sobre este dilema vou tentar explanar um breve resumo da minha historia de amor e ódio.

Namorei uma pessoa por 2 anos, alguém que estudou comigo por anos no ensino médio. 

Nos reencontramos enquanto fazíamos faculdade alguns anos depois, período que de fato começamos a namorar. Nunca alguém tinha despertado tão rápido um amor em mim como ela.

Era unânime, todos diziam que tínhamos sido feitos um para o outro de tanto que combinávamos, mas o que parecia bom durou pouco, rompemos nossa relação e cada um seguiu em frente. Mas a verdade é que após ela nunca mais consegui engatar uma relação de verdade e nem senti esse amor avassalador por ninguém mais. 

Parecia que ninguém mais era como ela ou me trouxe aquela chama novamente, após 4 anos separados ela apareceu um certo dia com um simples "boa noite", ah!, aquilo mexeu pra caralho comigo, voltamos a falar. Eu já morava em outra cidade no Nordeste e ela no Norte.

"É ela!" | Foto por Taylor Grote

Ela pediu para me ver e sem pensar comprei as passagens e corri para vê-la. Nos encontramos, o coração bateu forte, a chama queimou como nunca, ela estava infeliz com o relacionamento que tinha, descobriu uma traição, resolveu terminar e disse que nunca tinha me tirado da cabeça. 

Em um momento de impulso ficamos juntos todos os dias que estive por lá e fizemos planos de levá-la para morar comigo, algo que jamais cogitei fazer com ninguém. 

Comprei as passagens dela, preparei tudo e fui na frente. Foi aí que ela praticamente parou de me responder, mudou assim que sai de lá, fiquei sem entender... quando chegou o dia e a hora do vôo dela para vir ao meu encontro, simplesmente enviou:

— Não irei mais. 

Aquela mensagem parecia um tiro no peito, doeu como jamais tinha doído na vida por uma mulher. Entrei em um buraco sem fim de dor e bebedeira, dormia sempre com doses de whisky, sofri sozinho por um longo tempo. 

Quando pensei que tinha passado a dor, um amigo envia um print de sua rede social onde ela brindava o noivado com aquele mesmo que a traiu, com a frase que me marcou e me deixou judiado por muito tempo: 

— Hoje não tenho dúvidas de que fiz a escolha certa para minha vida... 

O texto era um pouco maior, mas só conseguia lembrar desse trecho, não tinha mais whisky que desse jeito e sofri bem mais de novo. 

A dor foi sendo deixada de lado, a vida seguiu e não fiz questão nunca de ir saber mais nada. Ao mesmo tempo, também continuava sem conseguir criar um sentimento de amor por ninguém mais que me envolvi, foram várias e muitas apenas por uma noite, apenas carnal e nada mais

Mudei completamente os rumos da vida após isso, resolvi correr atrás de algo que amasse fazer e virei policial civil, mudei para outra cidade e segui fazendo o que amava — entretanto, sem conseguir amar alguém. 

Fui em busca de minha liberdade | Foto por Luis Flores

Nesse período se passaram alguns anos. E recebi recente uma mensagem enquanto via TV sozinho na sala: 

"Boa noite..." 

Era ela mais uma vez. O coração acelerou, mas ao mesmo tempo a razão falou mais alto. Fiquei em um misto de, respondo ou não respondo? Sou gentil ou grosso? Irônico? Sarcástico? Normal? Levei alguns minutos mesmo já tendo visualizado e respondi... ela tentou se justificar após anos pelo ocorrido da ultima vez e disse que não fazia ideia de como tinha ficado, mas que imaginava que eu "estava super chateado"... sério? chateado?

Ela não fazia idéia. 

Voltamos a falar aos poucos dos caminhos que a vida seguiu, mas ela sempre tentando esconder seu lado. Estava com passagem marcada bem antes disso para visitar meus amigos e parentes na cidade onde ela morava e quando cheguei ela foi bater na porta da minha casa. 

O coração foi a mil, a razão ficou de lado e quando vi, estávamos suados jogados no chão do meu quarto, ofegantes e eu pela primeira vez com raiva de mim mesmo, porque parecia que tinha sido fraco...

Saímos mais algumas vezes até que descobri que ela estava em processo de separação com seu atual marido. Alguma coisa deu errada no caminho que ela não me contou, mas disse que em nenhum momento parou de pensar em mim, agora está disposta a tudo por uma chance que ela deixou de lado lá atrás...

Voltei para a cidade onde moro atualmente e trabalho. Estou aqui no maior dilema da minha vida: a ignoro e deixo minha razão falar mais alto por conta de tudo que ela fez comigo ou deixo meu orgulho e dor de lado, com o coração falando mais alto? 

Dou uma chance pra esse amor que me deixou sofrendo sozinho por anos e me fez mudar quem eu era pra conseguir sair do fundo do poço em que estava, com tudo que ela fez comigo? 

Tenho receio de seguir a razão, tocar a vida como está. Viver sozinho e não conseguir amar alguém de novo, continuar nessa vida de ter mulheres apenas por desejo carnal, sem nunca querer algo além disso.

Mas também tenho medo de seguir o coração e não ter uma relação tão boa com ela por estar magoado demais com tudo e não conseguir deixar as coisas serem como antes...

Aposto mais uma vez ou fecho essa porta? | Foto por Dineslav Roydev

Me dêem uma luz, me dêem conselhos, estou precisando demais... 

Ainda sou jovem, tenho 32 anos, adoro viajar, conhecer lugares novos, tenho ótimos amigos de longa data, nunca fui casado e não tenho filhos. 

Sempre fui bem sucedido na minha carreira profissional e atualmente mais realizado ainda como policial."

— Thiago

Complemento especial sobre sofrimento nas relações:

Recomendo dois artigos e dois vídeos:

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Então, quem tiver questões como essas, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.

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publicado em 09 de Outubro de 2018, 11:03
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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