Nota editorial: empolgado? Corre direto no vídeo "A Caixa dos Homens". Lembrando que não somos porta vozes de um suposto movimento dos homens (que ainda engatinha). Caminhamos junto, escutando, estudando e procuramos contribuir com alguns aprendizados e sugestões baseado no que tem funcionado em nossos 13 anos de caminhada.
Índice
2. Habitamos um mundo liderado por homens, em boa parte, imaturos
3. A caixa dos homens (vídeo original)
4. A origem do conceito "A Caixa dos Homens" e suas limitações
5. Quais dados comprovam que mulheres e homens estão sofrendo consequências dessa caixa?
6. Então qualquer expressão que se conecte à "Caixa dos Homens" é ruim?
8. Afinal, é pra quebrar a caixa, construir outra… o que fazemos?
9. Sonhando masculinidades possíveis, saudáveis, plurais, responsáveis
10. Como utilizar o vídeo, individualmente?
12. Agradecimentos pra lá de especiais
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1. Introdução
Onde nascemos e como fomos criados exerce tremenda influência sobre os homens que somos hoje e nossa concepção de masculinidade.
Passear pelo globo nos apresenta masculinidades bem distintas das que vemos na esquina de casa. Conheçam os homens da tribo Samburu, no Kenya:
Nas bandas de cá os meninos com frequência são proibidos de usar rosa, ter cabelo comprido ou manter poses corporais ditas "de mulher", pois sua masculinidade estaria em risco. Meu pai me xingava por eu não falar palavrões o suficiente na pré-adolescência, homem de verdade tinha que mandar-tomar-no-cu-caralho-boceta-porra e quem não gostava ia se ver com ele. Mas isso são apenas os códigos pelos quais ser homem se construiu em nossa cultura.
O sexo ao nascimento e nossa carga hormonal exercem significativa influência, claro, mas não trazem consigo uma política de uso e contrato com linhas finas, regendo quais cores podemos usar, quais trabalhos podemos realizar, como cruzar as pernas ao sentar e demais detalhes. Se veio anexo, não me contaram.
O nosso dossiê de como ser homem é aprendido. Vem da família, da rua, da escola, da mídia, de um caldeirão mucho loco apelidado carinhosamente de cultura.
Minha caixa de referências midiáticas masculinas, por exemplo, foi essa:
A de meu pai talvez tenha sido mais pra essa:
Nossa experiência de 13 anos com o PdH nos conta que boa parte dos homens gostaria de habitar uma caixa feita de sexo, aventura e luxo, como se a vida fosse um filme do James Bond:
Vivemos, infelizmente, num tempo carente de rituais de passagens e amadurecimento para os homens. O sintoma disso são adolescentes agindo como crianças, adultos como adolescentes e anciões agindo como crianças mimadas ou se sentindo esquecidos, com sua sabedoria de vida pouco valorizada.
2. Habitamos um mundo liderado, na política e economia, por muitos homens imaturos
Incapazes de servir, egoístas, infantilizados, dominadores, violentos, desconhecem noções básicas da vida em comunidade e sempre apontam culpados para suas falhas. São alérgicos a assumir responsabilidade. Analfabetos emocionais, expressam raiva (a emoção mais permitida aos homens) com frequência. Não cuidam de si, pouco escutam a ciência, a medicina e a imprensa. Só eles sabem das coisas.
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Quando pequeno, eu fiz um desenho de mim mesmo no futuro, pra escola. Teria um metro e oitenta de altura, atleta como o Raí, dois filhos e um milhão de dinheiros na conta. Esse sonho é uma construção cultural.
Após anos tentando ser a caixa do Rambo com James Bond com McGyver com Rodrigo Hilbert, meu mundo interno acabou virando essa outra caixa aqui:
Deu ruim. Me tornei um homem inseguro, violento e raivoso. Não sei como meus amigos e namoradas do passado suportaram essa época.
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O que tomamos como natural, muitas vezes, é construído. Apenas nos habituamos com a ideia a ponto dela parecer natural como é o ato de respirar para nos manter vivos.
Entretanto, ficarmos obcecados em desconstruir tudo que foi construído pode ser tão sufocante e neurótico como achar que devemos seguir à risca as expectativas sociais sobre nossos papéis como homens e mulheres. Prefiro não andar nesses extremos.
Proponho uma reflexão sobre o que nos construiu como homens e suas consequências para, à partir daí, escolhermos o que desejamos manter, o que deve ser aprendido e o que poderia ser deixado de lado.
Para nos ajudar nessa jornada, sonhamos uma vídeo-ferramenta, para uso individual ou em grupo. Fruto de seis meses de trabalho, da concepção ao lançamento, de mãos dadas com o Instituto Avon e com o projeto Quebrando o Tabu. Esse vídeo não existiria sem eles.
3. A caixa dos homens:
Os últimos meses foram de muito suor, na concepção e produção desse vídeo (gravado antes da pandemia).
Ele é parte de nosso esforço em colocar no ar materiais de base — lançamos três documentários, dois livros, um dossiê, vários guias e três pesquisas de 2016 pra cá — para o movimento de transformação dos homens avançar.
Assistam com fone de ouvido, por favor. Nos digam o que acharam nos comentários 😉 | Link YouTube
Viver dentro da caixa dos homens significa, em resumo, seguir regras como:
- ser dominante a agressivo sempre que possível
- buscar sexo a todo momento
- julgar qualquer traço de masculinidade não heterossexual como inferior
- evitar expressar emoções
- nunca dar sinais de fraqueza
- e nunca fazer "coisas de mulher"
Quando saímos dos limites imaginários impostos pela caixa, escutamos as falas abaixo:
As ofensas favoritas do machismo para um homem são dizer que é pouco homem — que ele é feminino, mulherzinha ou que não é heterossexual. Ao usar isso como ofensa, está subentendido que ser um homem heterossexual sem trejeitos de mulher, que segue a caixa à risca, é melhor do que qualquer outra opção.
O ideal se torna ser um homem branco, heterossexual, musculoso, com sucesso financeiro e sexual.
Ser um homem branco, heterossexual, musculoso, com sucesso financeiro e sexual não te torna o vilão do mundo. Mas significa que você tem maior responsabilidade na mudança.
A culpa paraliza.
Responsabilidade nos convida a agir, a usarmos nossa posição para contribuir na construção de uma sociedade mais equilibrada e justa, para todos e todas.
O primeiro passo é escutar, refletir e aprender. Em especial, escutar as mulheres, pois são os principais alvos da violência desmedida dos homens, há séculos.
4. A origem e definição do conceito "Caixa dos Homens" — bem como suas limitações:
Nos anos 80, o educador Paul Kivel, Allan Creighton e outros no "Oakland Men's Project" desenvolveram um trabalho com homens adolescentes em escolas públicas, com resultados transformadores, dando origem ao conceito. Em 1992 Paul documentou os aprendizados no livro "Men's Work: How to Stop the Violence That Tears Our Lives Apart", servindo de base para o que conhecemos hoje como "caixa dos homens".
Entretanto, ele usava a expressão "Act Like a Man Box" (Caixa do Agir Como Homem). O responsável por reduzir o termo para "Caixa dos Homens", e popularizá-lo nessa palestra no TED, em 2010, foi o ativista Tony Porter. Tony fazia rodas com presidiários e homens em zonas de vulnerabilidade social. Logo notou que a linguagem mais complexa não funcionava ali. Em suas palavras:
"Paul havia descoberto algo, não há dúvidas sobre isso. Ele acertou o alvo. Mas o modo como estava explicando isso não funcionava para os homens com quem eu conversava. Então peguei o termo "Act like a man box" (Caixa do Agir Como Homem) e reduzi para "Caixa dos Homens". "
Mark Greene, do "The Good Men Project", narra os detalhes de toda essa história com muito mais riqueza do que resumi acima, leiam esse artigo dele. Recomendo também esse vídeo feito pela organização "A Call To Men", liderada por Tony Porter. Por fim, os mais interessados no assunto vão se deliciar mergulhando nessa pesquisa do Instituto Promundo sobre a caixa.
Não se esqueçam, entretanto, que o mapa não é o território.
Qualquer modelo tem limitações e não pode ser tratado como a verdade absoluta sobre o que tenta explicar. Não confundam jamais a "Caixa dos Homens" como o único retrato possível das masculinidades, pois ela é apenas um recorte que se aplica a certas sociedades e culturas, em determinado período histórico.
Como muito bem colocado pelo filósofo e matemático polonês Alfred Korzybski, em seu livro "Science and Sanity", publicado em 1933:
“Um mapa não é o território que representa, mas, se estiver correto, tem uma estrutura semelhante à do território, o que justifica sua utilização”.
É poderosos subirmos nos ombros de quem veio antes de nós. Por isso o tempo gasto estudando, escutando, aprendendo e pesquisando importa. Assim evitamos inflar o ego e achar que estamos descobrindo a roda, sendo que gerações e gerações anteriores a nós deram o sangue para chegarmos até aqui.
Dos trabalhos que plantaram as sementes desse conceito sobre o qual lê agora até a publicação desse texto se passaram quase 40 anos.
5. Por que isso tudo importa? Quais dados comprovam que mulheres e homens estão sofrendo consequências dessa caixa?
– Uma mulher é estuprada a cada 11 minutos (Fórum Brasileiro de Segurança Pública)
– 86% das mulheres brasileiras declara já ter sofrido alguma forma de assédio (ActionAid, 2016)
– Mulheres ocupam apenas 15% do Congresso (Governo Brasileiro)
– Um homem se suicida a cada hora no Brasil (IBGE)
– 40% dos homens brasileiros declaram se sentir solitários sempre ou com muita frequência (Instituto PdH + Zooma Inc., 2019)
– 40% dos homens de até 17 anos declaram já ter tido pensamentos suicidas (Instituto PdH + Zooma Inc., 2019)
– 24% dos homens brasileiros se declaram viciados em pornografia (Instituto PdH + Zooma Inc., 2019)
Esses são só alguns dentre infinitos números que atestam como viver presos dentro da caixa pode ser prejudicial pra todos nós.
Nos primeiros 15 minutos de nosso documentário "O silêncio dos homens" listamos dezenas de outros dados. Esse tocante vídeo de dois minutos apresenta mais dados importantes. Nessa fala que ofereci no TEDx (Como os homens se transformam?) listo mais danos. E nesse outro texto, também.
Deixo claro que não é sobre criar um ranking de sofrimento. Queremos ampliar a compreensão de como ambos os gêneros são afetados, compassivamente.
A urgência dos sofrimentos das mulheres, pessoas negras e LBGT é maior, não à toa são os movimentos mais estruturados. Quem sofre mais tem mais urgência em mudar o que está posto. Por isso há movimentos globais pelo fim do machismo, do racismo e da homofobia.
Quem usufrui de mais privilégios pode fazer e oferecer mais pela mudança. Ficar em "neutralidade" mantém as coisas como são, é uma falsa neutralidade — pois só tem o luxo de permanecer em silêncio quem não é alvo. O desconforto que muitos homens sentem hoje é uma ponta do que outros grupos sentem há séculos. Ainda assim, esse desconforto tem sido fagulha para que um belo movimento de transformação das masculinidades siga engatinhando.
Não podemos perder de vista que trazer outras lentes para esse debate, como a de raça, classe e orientação sexual, é uma necessidade.
A transformação das masculinidades é inseparável da conversa interseccional (leiam Carla Akotirene pra entender mais do tema). Ou seja, ao falar sobre o que é ser homem, temos que discutir junto o que é ser mulher, ser gay, ser trans, ser preto, ser branco, ser indígena, ser evangélico, umbandista, budista, ateu, ser periférico…
O cara da periferia tem uma vivência distinta do roceiro, que não é a mesma do investidor na Faria Lima. Nossa cor da pele, conta bancária, local de nascimento, cosmovisão e orientação sexual são marcadores que atravessam nossas existências e não devem ser invisibilizados.
Qualquer reflexão séria usando a "Caixa dos Homens" como instrumento deve levar isso em conta. Ou o movimento vai beneficiar apenas os homens e mulheres que já estão no topo, deixando o resto pra trás.
6. Então qualquer expressão masculina que se conecte à caixa dos homens é ruim?
Não.
Ser dominante e assertivo em certos contextos é necessário, não um problema. Já querer dominar a todo momento é insegurança e te torna uma pessoa insuportável.
A agressividade pode ser um mecanismo de proteção e segurança em situações de perigo. Por exemplo, termos policiais e agentes de segurança equilibrados, bem treinados, éticos e dispostos a arriscar suas vidas em nome da estabilidade social é importante.
Saber acessar nossa assertividade com equilíbrio é completamente diferente de ser violento e abusivo.
Gostar de sua identidade como homem heterossexual não é problema algum. Fazer piadas de gay toda hora e dizer que foi só brincadeira é um problema. Ofende, é desnecessário e carrega a noção implícita de que a masculinidade correta é heterossexual.
Qual o ponto em patrulhar como outros vivem sua sexualidade e identidade de gênero?
Por outro lado, viver obcecado em desconstruir todo e qualquer traço da masculinidade usual pode te cegar e torná-lo um sujeito tão violento quanto os machistas brucutus que você deseja combater. Já fui essa pessoa e conheci vários assim, também. Talvez seja uma fase após nos darmos conta do quanto viver na caixa pode ter nos aprisionado e machucado outras pessoas.
7. "Vocês estão destruindo a masculinidade! Estão criando uma geração de maricas! Não vou pedir desculpa por ser homem!"
"Homens fracos criam tempos duros que criam homens fortes! Homens fortes criam tempos fáceis que criam homens fracos e… enfim, o vovô era o cara!"
Cansamos de escutar essas frases. Não estamos propondo que todos os homens chorem todos os dias, usem um macacão rosa pra ir na padaria e façam pinturas e poesias sobre seus sentimentos, e que peçam desculpas por existir.
Propomos que nós sejamos livres para agir assim e de qualquer outro modo, se quisermos. E que a gente faça isso sem assediar, diminuir, xingar, abusar e violentar mulheres ou homens não heterossexuais.
Menos patrulha, mais liberdade.
Menos violência, mais equilíbrio, escuta, compaixão, amorosidade, responsabilidade.
Mais equidade — ou seja, direitos e oportunidades iguais para todos e todas.
8. Afinal, é pra quebrar a caixa, construir outra… o que fazemos?
Sugerimos jogar fora a caixa atual.
Que tal trocá-la por um céu de possibilidades?
Sem uma caixinha tamanho único para seguir, podemos soltar a neurose de dizer quem é mais ou menos homem. E dado que estereótipos sempre surgem, por conta de como nossa mente se relaciona com o mundo, que possam surgir formas cada vez mais amplas, diversas e lúcidas do que é ser homem.
Meu lado Salvador Dali logo imagina vastos círculos, algo como infinitos diagramas de Venn, em constante adaptação. Faz sentido pra vocês?
9. Sonhando masculinidades possíveis, saudáveis, plurais, responsáveis
A masculinidade pode agredir, destruir e matar. Mas também pode cuidar, nutrir e construir coisas maravilhosas.
Acreditamos em um mundo pautado pela equidade. Sem machismo, sem violência contra as mulheres, sem racismo, com representatividade de mulheres, pessoas pretas e pessoas LGBT na política e na economia. Com homens cuidando dos filhos, da casa, da própria saúde, dos amigos e de suas emoções.
Defendemos uma visão que ame, cuide e valorize os meninos e os homens. Assim como bell hooks (leia esse livro dela) e Liz Plank (e esse dela) fazem.
Que enxergue as qualidades e potências nas mais diversas masculinidades. Que elas sejam possíveis, saudáveis, plurais, responsáveis.
Sem incluirmos essa perspectiva no diálogo, boa parte dos homens vai ignorar esse chamado. A crítica precisa andar de mãos dadas com sonhos de futuro. Sonhar sem olhar para os problemas nos faz ingênuos. Olhar para os problemas sem reconhecer as riquezas e oferecer caminhos de futuro limita nossa capacidade de fazer o movimento avançar.
10. Como utilizar o vídeo "A Caixa dos Homens", individualmente?
Como uma ferramenta de reflexão. Sugerimos um exercício possível. Assista o vídeo, pegue uma folha de papel e escreva suas respostas para as seguintes perguntas:
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De que maneira a caixa dos homens esteve presente em minha criação?
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De que maneira a caixa dos homens esteve presente em como meu pais e avós foram criados?
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Quais consequências negativas viver desse modo gerou para mim e para as pessoas à minha volta?
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Quais consequências as mulheres sofrem ao viver numa sociedade em que essa é a masculinidade mais comum?
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Quais os aspectos positivos em minha criação como homem?
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Quais aspectos de minhas crenças e hábitos como homem posso deixar para trás, quais desejo manter e quais ainda não tenho e posso cultivar?
Fazer isso em dupla, mesmo à distância (afinal, estamos em pandemia) pode ser fantástico. Convide um amigo e experimentem fazer o roteiro acima, trocarem seus textos e marcarem uma ligação em vídeo só pra conversar sobre isso, sem pressa.
11. Como utilizar o vídeo, em grupo?
Também como ferramenta de reflexão, em círculo (seja presencial ou virtual). Acesse nosso guia prático de como criar um grupo de homens para se inspirar.
Sonhamos ver ao menos um grupo de homens em transformação em cada um dos 5.570 municípios do país. É utópico? Urrun. Mas trabalhamos arduamente nessa direção, ainda assim.
12. Agradecimentos pra lá de especiais
Às mulheres que lutam há gerações e gerações por mais equidade.
Mafoane, Daniela, Giuliana, Dyg (quem primeiro deu a ideia desse vídeo!), Mari, Fernanda, Gustavo, Bob, todo o time no Instituto Avon — viabilizador do projeto e nosso parceiro de jornada — e no Quebrando o Tabu. Felipe, Luri, Gabriella, Bia, Carol, a equipe envolvida pelo PdH. Paul Kivel, Tony Porter, as tantas outras e outros responsáveis por desenvolver e aprofundar o conceito da caixa. Aos 4o homens que toparam gravar conosco, voluntariamente, em pleno sábado ensolarado! E a todos e todas que seguem nos acompanhando e apoiando no PdH, há 13 anos.
Agradecemos, de coração.
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Seguimos a conversa nos comentários! Queremos muito escutar vocês, suas críticas e sugestões. Um enorme abraço.
Nota: esse projeto é parte da plataforma "Construindo pontes & derrubando muros", composta por pesquisas, documentários, livros, vídeos e ferramentas voltadas para a construção de diálogos improváveis e transformação das masculinidades. Acesse todos os materiais aqui.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.