Quando li o livro As Cidades Invisíveis, do escritor Ítalo Calvino, fiquei completamente embasbacado com tamanha criatividade de criar lugares fantásticos.
Em uma das historietas em que o italiano descreve cidades malucas, lúdicas ou improváveis - se bem me lembro -, uma delas contava sobre uma cidadela que os homens visualizavam em seus sonhos. Por lá, na mente inconsciente desses, havia uma mulher cuja a beleza era instantaneamente de se apaixonar. Ainda no sonho, os homens correm atrás da bela dama, mas essa acaba sumindo em determinados pontos e, nesse lugar específico, se formava um muro. Com isso, a cidade real ia se modificando e ficando cheia de muros, de ruas interrompidas pelas pedras que formavam os muros.
Um labirinto que se consumia a cada sonho.
Daí, muito tempo depois de ter me deliciado com a obra do Calvino, me caiu na frente dos olhos essa coisa doida feita, claro, no Japão, pelo pai da garota que, no Twitter, tem a alcunha de @Kya7y.
Desenhado em uma folha de papel A1 medindo 35 por 23,3 centímetros, esta obra-prima de várias camadas tomou sete anos e vários meses para ser concluída. Um labirinto estupidamente complicado de se resolver, com uma entrada, diversos caminhos intrincados e equivocados e uma única saída, sozinha, só e solitária.
Após publicar as fotos em sua rede social, a pequena @Kya7y escreveu:
"Será que ninguém vai resolver isso?"
Houve, logo após, uma procura grande de pessoas dispostas a perder vários dias pra resolver o enigma. Ela então fez 50 cópias para solução e enviou para os curiosos. Até hoje, ninguém respondeu de volta.
Alguns admiradores perguntaram sobre o pai da menina, sobre o dono da grande mente que criou essa maravilha toda, com tamanha perspicácia e dedicação. A japinha respondeu:
"Onde é que o meu pai trabalha?Em uma universidade pública! No departamento atlético! Como porteiro".
É, Calvino. Falar é fácil. Quero ver fazer.
publicado em 03 de Fevereiro de 2013, 09:23