Mulheres que se filmam nuas e homens que jogam videogame

Dia 4 de abril foi aniversário da minha terra, o umbigo do mundo, Marília. Em solidariedade ao feriado municipal, o PdH pegou leve durante o mês e publicou apenas 76 textos. Se, por um lado, a quantidade de posts foi menor, por outro a qualidade aumentou muito. Resultado de reuniões de pauta diárias e um olhar mais apurado ao pensar cada um dos temas.

Ou foi isso ou foi pura sorte mesmo.

Estes foram os 10 textos mais lidos em abril. Tem mulher pelada na câmera e games fodões que vêm por aí.

1. [+18] Sexo juvenil e meninas sapequinhas, por leitora anônima (74.152 visitas)

Quando éramos mais novos, com os hormônios descontrolados e por falta de opção ou grana, acabávamos satisfazendo nossos desejos em qualquer oportunidade que surgia. Masturbação por baixo da mesa, uma mamada gostosa numa sessão de cinema à tarde, uma trepada no carro, num estacionamento deserto, ou nem tão deserto assim. Tínhamos sempre a sensação de que a oportunidade não podia ser perdida, ainda que o tempo estivesse à nosso favor. Jovens não esperam, tentam sempre extrair o máximo de cada momento.

2. As 12 verdades que ninguém te conta sobre fazer mochilão, por Guilherme Nascimento Valadares (57.589 visitas)

3. O peso da mochila deve ser de no máximo 1/3 (um terço) do seu peso corporal. Por isso, preste muita atenção no que vai levar. Leve o mínimo necessário para sua aventura.

3.b. Como você é um sedentário e resolveu fazer o mochilão pra entrar em contato com seu lado aventureiro, vai descobrir o significado de uma dor mortal nas costas. Trouxa. Quem mandou desistir da academia.

3. Os 5 games mais impressionantes que ainda vão sair esse ano, por Fabio Bracht (22.908 visitas)

A Lara Croft você conhece, né? Pense bem antes de dizer que sim, porque ela mudou pra caramba. Assim como as editoras de quadrinhos vivem relançando as origens dos seus personagens, este jogo representa um novo começo para a senhorita Croft.

Além de mais deliciosa do que nunca, ela está bem mais humana. Gritando mais, sofrendo mais, enfim, sem aquela vibe Indiana Jones de heroína invencível. E o jogo em si também mudou, se modernizando ao seguir uma linha mais moderna, inspirada em jogos como Uncharted. Estou louco para jogar esse.

4. O apartamento de solteiro mais sensacional (e caro) do mundo, por Fabio Bracht (22.193 visitas)

Supostamente o apartamento de um quarto mais caro do mundo, ele fica localizado em Tóquio e custa 1,8 bilhão de ienes, o equivalente a 29 milhões de dólares. Levando em conta que ele tem 412 m², você tem aí um metro quadrado ao preço aproximado de caro pra caralho.

5. Bom dia, mina com uma câmera na mão e uma ideia suja na cabeça, por Rodolfo Viana (20.736 visitas)

Eu não posso deixar de convidar as meninas a fazerem seus próprios filmes. Como diz Lia, “faz bem”, mesmo que seja para si mesma, sem a intenção de mandar para peguetes, namorados ou maridos. Joga o ego lá em cima e faz com que até mesmo as mais recatadas percebam o quanto são gostosas. E com celulares com câmeras fodonas a coisa fica quase profissa.

6. Então ninguém tem pau, nem grelo, nem tara e ninguém goza?, por Nayara Barreto (19.532 visitas)

Juntando a proibição de se falar de sexo (o que data do século XIX, meu amigo) com a cultura da periferia (dos funkeiros), mais a opressão que a mulher viveu durante muito tempo em relação ao seu corpo e sua própria sexualidade, vemos um massacre “culturocêntrico” e moralista que parece não precisar de argumento algum para fazer sentido. Simplesmente é feio falar de sexo explicitamente e isso corromperá profundamente nossos filhos. Sexo? Corromper? Ah, claro, o grande problema é a promiscuidade.

7. Nenhuma nudez será castigada, por Rodolfo Viana (18.925 visitas)

Poucas coisas causam tanto fascínio quanto a nudez feminina. A mulher ali, na crueza de sua pele, no estado al dente, causa imenso torpor no homem tal qual uma miragem de oásis num universo de areia – contemplar sua nudez é prolongar a sede para, enfim, saciá-la com mais vontade.

A nudez é o estado in natura. Sem artifícios. Sem blindagens. É o mais próximo que chegamos da natureza, do instinto, do espírito ancestral. De certa forma, vestidos, somos todos fingidores.

8. Bom dia, Kate Upton, por Jader Pires (14.336 visitas)

A Kate Upton é uma meninota deliciosa de apenas 20 aninhos que já virou uma supermodelo.

Aqui, ela está só de preguiça, tirando o salto alto pra ficar mais a vontade e, claro, tira também a roupa toda.

9. Onde começa a traição?, por Fábio Rodrigues (12.785 visitas)

Será quando ela sente vontade de conhecer outra pessoa qualquer, mesmo sem visar alguém específico, ainda?

Será quando a vontade vira uma ação, algo palpável e físico?

Então, será quando ela se sente excitada por alguém, num filme, novela, foto ou por cantor ou ator que nunca vai encontrar?

10. Desescolarização: precisamos mesmo das escolas?, por  (10.175 visitas)

Se a Educação é “o que devemos aprender” e a Escola é o “como devemos aprender”, apresento um argumento central: trata-se de uma péssima estratégia para a Educação tirar pessoas do lugar exato que deveriam aprender (o mundo) e colocá-los num ambiente distente, virtual (a escola).

A ESCOLHA DO EDITOR

Só há um tipo de medicina, e é o tipo que cura, por Carlos Braghini Jr.

Sabemos o quanto é difícil nadar contra a correnteza e mexer em coisas já instituídas, quebrar padrões. Isso é tarefa árdua em todos os campos, mas é pior naqueles que dispõem de grupos reguladores, de "panelinhas" que querem, a todo custo, perpetuar velhas maneiras de garantir o seu quinhão (seja ele financeiro ou não). O campo da medicina é assim: tem seus valores, seu modus operandi, e cânones que não hesitam em ignorar qualquer ideia e repudiar qualquer um que tenha um pensamento contrário àquele já instituído. O médico Carlos Braghini Jr. é um desses "desgarrados" que mantêm os olhos abertos e, assim, enxergam além do que está estabelecido. Em um artigo de duas partes, ele tratou de pontos espinhosos da sua área, como os desmandos da indústria farmacêutica e a formação médica.

Este termo (magic bullets) foi cunhado pelo ganhador do Nobel de Medicina de 1908, Paul Ehrlich, ao explicar seu conceito de que cada doença estaria atrelada a um alvo molecular, bastando assim encontrar as drogas que se ligassem a esses alvos. Ao serem administradas, atingiriam apenas o alvo da doença, deixando intactas as outras células do organismo.

Foi em cima deste conceito que a medicina passou a depender cada vez mais da química, dando início à grande parceria entre esta indústria e a prática médica. Como expliquei no artigo sobre potencial zeta, esta interdependência chegou ao campo das ideologias quando, no início do século passado, os governos europeus começaram a criar políticas proibindo as pesquisas e terapias que não fossem de base química.

Todos nós fomos criados segundo esta ideologia e, por isso, não achamos estranha a ideia propagada cotidianamente de que existe para cada doença, uma cura. A TV nos mostra isso a todo instante. Comeu demais? Há um remedinho para isso. Bebeu demais? É só abrir um envelope e misturar com água. Dor de cabeça? Há uma pílula para isto. Por isso achamos que precisamos de remédios para controlar a pressão, para baixar o colesterol, para controlar o diabete… Basta irmos ao médico e contarmos nosso problema para ele estabelecer um diagnóstico e definir o remédio correto. Pode parecer perfeitamente normal para você, mas aí está o resultado da ideologia que citei acima: que existem enfermidades que devem ser combatidas com drogas. E ainda acreditamos que esta droga atua somente naquilo com a qual ela se propõe a lidar.

Pode parecer lógico, mas é somente a interpretação química do conceito da bala mágica de Ehrlich. Uma outra forma se explicá-la seria assim: o caçador dá um tiro, a bala atravessa a floresta, desvia da árvore, passa por cima das rochas, desce em direção ao vale para finalmente atingir a caça lá embaixo. Estranho? Ué, então por que você acha mais fácil acreditar que tomando uma pílula que entra pela boca, cai no estômago, é absorvida no intestino, chega à corrente sanguínea, passa pelo fígado onde é metabolizada, segue até encontrar a área lesionada (e somente essa área), para finalmente entrar na célula afetada e fazer seu efeito? Mágico, não?

Vamos continuar a conversa nos comentários: quais dos textos acima fizeram sentido para você? Houve alguém que serviu para que você revisse o mundo com outros olhos? E houve algum muito fora da curva? Queremos ouvir o que vocês têm a dizer – assim, cresceremos todos juntos.


publicado em 07 de Maio de 2012, 10:47
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Rodolfo Viana

É jornalista. Torce para o Marília Atlético Clube. Gosta quando tira a carta “Conquiste 24 territórios à sua escolha, com pelo menos dois exércitos em cada”. Curte tocar Kenny G fazendo sons com a boca. Já fez brotar um pé de feijão de um pote com algodão. Tem 1,75 de miopia. Bebe para passar o tempo. [Twitter | Facebook]


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