A Marvel Comics comemora nesse ano de mil novecentos e 2009 seus 70 anos de existência.
E para celebrar o aniversário da linda senhora detentora de dezenas das personagens mais legais das histórias em quadrinhos, o Papo de Homem revisitou cinco dos momentos mais interessantes da trajetória da editora, desvendando assim alguns dos segredos do poder que ela tem.
Lembrando também que os momentos que serão citados podem fazer parte de um passado distante, agora que a onipresente Walt Disney comprou a Marvel pela bagatela de U$ 4.000.000.000,00 (quatro bi).
Seria esse o fim dos heróis como conhecemos?
(interlúdio dramático das histórias em quadrinhos)
1. O “Fab 2” dos quadrinhos
Stan Lee e Jack Kirby estão para os quadrinhos assim como Paul McCartney e John Lennon estão (nos Beatles) para o rock e toda a música pop.
Em meio a todas as experimentações ocorridas nos anos 60, a dupla inovou na criação de uma cambada de heróis e levou a Marvel a um novo patamar. Enquanto o universo dos quadrinhos era formado por super-heróis superficiais e perfeitos em suas condutas, Lee e Kirby colocaram no mapa um mundo Marvel mais complexo e cheio de personagens mais humanos que tinham de lidar com seus poderes, limitações e dilemas, colocando-os mais perto de todos nós.
As divagações de um fotógrafo com poderes de aranha sobre suas novas e grandes responsabilidades (na verdade o Homem-Aranha foi dos poucos personagens que Stan Lee não criou com Kirby. O cabeça de teia foi criado junto com Steve Ditko), todo o contexto da “América preconceituosa” aplicada a um grupo de mutantes que, mesmo treinados para conviver e até ajudar os “humanos comuns”, enfrentam todo o tipo de antepaixão, Homem de Ferro, Quarteto Fantástico, O Incrível Hulk…
O “Fab 2” dos quadrinhos nos deu heróis e conflitos que eram tão atuais naquela época quanto são hoje. E ainda abriram espaço para os anti-heróis que tivemos depois e para todas as tramas mais adultas que vemos até hoje.
2. Os anos 70 e a Segunda formação dos X-Men
O grupo de mutantes comandados pelo professor Xavier foi criado em1963 e já passava por dois grandes perrengues no começo da década de 70. Era um problema criado de fora pra dentro. Aqui, na vida real, o título sofria com uma queda preocupante nas vendas, atribuída à falta de novidade nas histórias. A (então poderosa) Marvel decidiu colocar o problema pra dentro das revistinhas e transformar o contratempo em oportunidade.
“Enquanto isso, no Universo Marvel”…
A solução veio, em 75, pela renovação. A equipe clássica formada pelo:
- líder Ciclope,
- Homem de gelo,
- Fera,
- Anjo
- e a “Garota Marvel” Jean Grey,
acabou sendo capturada pela ilha-viva Krakoa e apenas o caudilho de um olho só conseguiu escapar, fato esse que deu início a uma aventura de resgate. Mas quem iria resgatar aqueles que já eram os heróis?
Novos heróis.
Charles Xavier saiu para a caça de novos pupilos para a sua escola para jovens superdotados e voltou com uma safra de novos mutantes.
Eram eles:
- a africana Tempestade,
- o nipônico Solaris (que já até era reconhecido como super-herói em sua terra),
- o demônio criado por ciganos, Noturno,
- o indígena Pássaro Trovejante,
- o soviético Colossus
- e os “veteranos de vida” Banshee (velho amigo de Xavier),
- além do canadense (até então desconhecido) Wolverine.
Equipe formada, treinada e entrosada, todos os objetivos foram alcançados com sucesso. Fora dos quadrinhos, a nova trupe foi bem aceita (personagens como Tempestade e Wolverine encabeçam até hoje as listas de mutantes mais queridos) e as vendas recuperaram fôlego. Dentro das páginas, o esquadrão resgatou os alunos originais do prof. Xavier, que mais tarde abandonaram os X-Men e formaram o grupo X-Factor, e o terreno foi aberto para ótimas sagas que vieram posteriormente.
O mais importante desse acontecimento foi a constatação de que o nome X-Men é mais importante do que sua formação em si – de lá pra cá, dezenas de mutantes entraram e saíram da equipe, que chegou a ter duas frentes em alguns momentos.
Tão importante que criou também diversas “franquias”, como:
- o próprio X-Factor,
- os Novos Mutantes,
- Excalibur,
- Geração X,
- a revista-solo do Wolverine,
- séries-solo de mutantes em alta como Gambit, Cable, Bishop, Deadpool,
- a divisão das histórias em mais de uma revista como “X-Men”, “Uncanny X-Men”, “X-treme X-Men”, “New X-Men”, “Astonishing X-Men”… ad infinitum.
3. X-Men #1 vs Homem-Aranha #1, qual a mais vendida?
O mundo é competitivo e não seria diferente com os quadrinhos. Há uma rivalidade clássica entre as empresas que movem a indústria de super-heróis e a Marvel impera no posto de mais poderosa do ramo. Acumula, entre altos e baixos, vendas astronômicas, popularidade intensa, variedade grande de bons personagens e alguns recordes (uns oficiais e outros duvidosos). Querendo ou não, a danada está sempre no topo.
O boom nas vendas de HQ pelo mundo ocorreu na década de 90.
Neste ano de 2009, o Guinness – livro dos recordes – colocou a Spider-Man #1 (1990) como a edição mais vendida de todos os tempos. Esta edição é escrita e desenhada por Todd McFarlane (um dos mais populares desenhistas do aranha, um dos fundadores da Image Comics e criador do Spawn) e atingiu o feito de 2,35 milhões de exemplares vendidos desde o lançamento.
Mas reza a lenda que a edição mais vendida da história é a X-Men #1 (1991), desenhada pelo coreano Jim Lee (considerado como um dos melhores desenhistas existentes, também fundador da Image Comics e da Wildstorm), que alcançou mais de 8 milhões de exemplares.
Ambas as edições elevaram muito a popularidade de seus personagens e deram a seus desenhistas o estrelato, além de aumentar bem as vendas dos títulos do teioso e dos mutantes. A Image Comics até ultrapassou a DC logo nos primeiros anos de sua criação (por volta de 1992), mas não derrubou a Marvel do primeiro lugar. Curioso o fato de que foram justamente os desenhistas que fortaleceram a supremacia da Marvel que chegaram a incomodá-la ainda no começo dos anos 90.
Nunca saberemos ao certo qual revista que efetivamente vendeu mais, mas qualquer que seja a situação, a Marvel Comics ri sozinha no lugar mais alto do pódio.
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Você também pode comentar alguns dos melhores momentos da Marvel Comics. Enquanto isso, o Ministério da Verdade pesquisou e escreveu sobre os momentos mais legais da editora nos anos 90.
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