O pessoal falou bastante (e fez piada) daquela entrevista que o Criolo deu para o Lázaro Ramos.

Isso me lembrou muito a performance do Reggie Watts.

É como se ele (Watts) emulasse a aparência das falas inteligentes, relevantes, significativas, mas sem ter nada dentro, de fato. E estamos tão habituados a igualar a aparência com o conteúdo, que raramente colocamos essa associação em xeque — tomamos rápido por relevante só porque está com uma cara, uma roupa, uma entonação, um simulacro estético de relevante.

O que parece é que o Reggie Watts escancara esse engano produzindo um tipo de (ótima) ironia. Ficamos um tempo fazendo esforços pra encontrar o sentido na sua fala, e só começamos a desconfiar quando ele começa a brincar com modos de linguagem de um jeito claramente absurdo.

Aí é quase um choque descobrir que não tinha nada ali desde o começo. Temos que dar um passo atrás pra ver que o conteúdo relevante, dessa vez, não está na fala — ao nos enganar de brincadeira, mostra que podemos nos enganar, que podia ter sido sério.

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Talvez isso esteja acontecendo com maior frequência do que a gente gosta de acreditar. As formas nos encantam muito.

Para ver mais:

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Nota dos editores: esse é um post despretensioso, um formato rápido com o qual pretendemos experimentar para compartilhar com vocês ideias e recomendações que valem sua atenção.

Fábio Rodrigues

<a>Artista visual</a>

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