É um truque. Uma mapinha de associação. Funciona assim: tens que escrever sobre um tema amplo.
– Começa a pensar no papel sobre ele, coloca as palavras que te vieram na cabeça. (em vermelho na imagem)
– Percebe que a gente sempre é óbvio no começo. E que a música é sempre Sarajane (vamos abrir a roda, enlarguer)
– Tens 8 palavras no papel? Começa a fazer ligações entre elas. (em verde na imagem).
– O tema vai ficando menos abstrato. Teu caminho ganha um possível trilho. (foi o tempo, tempo, mano velho que me ensinou a importância do trilho. até pra gente sair dele de vez em quando).
– Depois que a gente fica craque nas 8 palavras pode se aventurar por caminhos mais longos.
Assim:
Lenços.
Tá na moda.
(Oi? Sério? Tenta de novo.)
São elegantes.
(Adjetivos prejudicam a comunicação. E carajo, isso não é informação. )
Existem desde 280 aC.
Os guerreiros chineses usavam o pano para proteger o pescoço.
São feitos de todos os tipos de pano.
A família real portuguesa desembarcou no Brasil usando lenços de seda na cabeça. Moda na Europa? Piolho. Um surto atacou o navio e homens e mulheres foram obrigados a raspar a cabeça. Seda era o único tecido que não machucava o couro cabeludo debaixo do sol desta parte de baixo do Equador.
Careca. Câncer. Quimioterapia.
Mulheres que fazem quimioterapia ficam carecas e usam perucas ou? Lenços.
Existe uma Ong que arrecada vestidos de seda pura e os transforma em lenços que posteriormente são distribuídos em salas de quimioterapia de hospitais públicos.
Esta vai ser a espinha dorsal do texto.
Tu pode até comentar que é elegante e está na moda.
Mas vai ter mudado um pouco o mundo.
E é só pra isso que a gente escreve. Lembra?
Fui muito odara? Te confundi? Te expliquei? Me conta.
* * *
O exercício acima foi proposto pela Cris Lisbôa, a garota por trás do Go, writers, a escola itinerante de criação e escrita que eu comentei com maior afinco na semana passada.
São conversas sobre o processo criativo, produção efetiva de textos, sugestões de caminhos. Dias de palavras, comida e um ataque de risada ou dois. Utilizamos o famoso desmanual de escrita, um caderno de exercícios e inspirações produzido especialmente para o curso. É pra sair delicado e inquieto. Pronto pra mudar o mundo mais um pouquinho.
Façam o exercício. Voltem pra contar. Espaço livre nos comentários pra quem quiser publicar, texto e linha de raciocínio. A gente vai adorar ler.
E vai ter curso do Go, writers no PapodeHomem!
Nossa casa, em São Paulo, vai ter a honra de receber um curso especial do Go Writers agora em novembro, no dia 26, uma quinta-feira que promete calor, suor e sorrisos. Com vocês, a fala da própria Cris Lisbôa:
O Go, writers é um curso de criação e escrita feito pra quem precisa provocar faíscas com palavras. O PapodeHomem é um espaço onde os moços falam. E ouvem.
A ideia aqui é a soma: uma versão especial do curso, na sede do maior veículo digital masculino independe do país. Homens e mulheres na mesa, conversando sobre processo criativo, técnicas de escrita e exercícios para deslocar o coração até a ponta dos dedos.
O conteúdo é o equivalente ao módulo 1 do curso, a turma tem apenas 14 alunos, o desmanual da escrita é customizado manualmente, o valor é especial: R$ 290 (+ taxa do sympla) em até 10 vezes no cartão de crédito. Uma bolsa integral será dada a um professor do ensino fundamental da rede pública – basta mandar e-mail para renata@gowriters.com.br.
A cerveja, o choro e o riso são livres.
Tu vens? Tomara.
Inscrição
A inscrição é feita no site da Sympla. Lá também tem todos os dados do que o curso oferece, qual material vai ser entregue e o que é preciso levar no dia.
Onde?
Aqui na sede do PapodeHomem, na rua Monte Alegre, 1370, Perdizes – SP. Fica pertinho da PUC São Paulo.
Quando?
Dia 26 de novembro, uma quinta-feira, das 20h às 23h.
Com quem?
A professora deste curso é a Cris Lisbôa. Jornalista, escritora e bordadeira. Foi diretora de redação das revistas Vice Brasil, Simples? e Noize. Assinou reportagens em publicações como Rolling Stone, Uma, MTV e SuperInteressante. Como redatora publicitária, fez trabalhos para Johnson & Johnson, Nike e Oi.
Atualmente, ministra aulas fixas de escrita em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, além de treinamento sazonal em empresas como RBS e Unimed. Tem seis livros publicados, utiliza sem parcimônia os polegares opositores, adora a palavra pirilampo e, de quando em quando, monta bibliotecas públicas em cidades que mal constam em mapas.
Vem, gente.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.