Eu conheço um cara que ficou rico antes dos trinta. Milionário, pra ser mais exato. Aproveitou uns bons ventos da Internet pra fazer dinheiro desgraçado, foi lá e montou uns sitezinhos bons de busca e, batata, tava ganhando uma prata lascada. Deus me livre de ser esse cara. Apostou pequeno e ganhou alto e fácil. Um vencedor de primeira categoria.
Eu nunca o vi sorrindo. Agora, no topo, não se vê mais no direito de errar ou tentar outras coisas. Perdeu a valentia e a ternura. Ora, quem é que quer um deslize que manche toda a sua reputação? Para ele, “se ganhou, tá ganhado” e agora é viver dessa renda, uma viagem ou duas, baladas, trocar de carro.
O marasmo.
Mas quem de nós, mortais pagadores de promessa no terceiro mundo haveria, por raivinha qualquer, de abdicar dessa vida mansa?
Quem escreve tem o prazer doloroso da ocupação solitária e, seja por prazer ou salário, constantemente se vê tentado ao desafio, ao chacoalho, à insensatez. Digo, há quem coloque palavras no caderno ou computador por horas a fio, mas quem escreve, quem se senta pra fazer o texto emitir soco, beijo ou uma vida inteira de delícias, safadezas e problemas de maior ou menos grandeza não o faz sem o desassossego. E pra acertar o gancho, amigo, tem que suar no ringue. Ser desafiado.
Já fazia um sei lá quantos anos que eu estava escrevendo no PapodeHomem quando fiz o curso do Go, writers, a escola itinerante de criação e escrita ministrado pela Cris Lisbôa, dona de um currículo invejável. O Guilherme estava lá e o Luciano também. Três marmanjos e a água que brotava da testa era receio e virou mar. Testamos nossa escrita, trocamos impressões, ganhamos chacoalhadas da Cris que era pra botar o barquinho na direção do vento. Faltava a gente remar.

Eu precisava muito, sem perceber mesmo, ser destravado de uma maneira acostumada de montar redações e manter o olhar atento para duas coisas: a responsabilidade que se tem ao escrever – um texto é muito mais que um texto – e a necessidade de manter a criatividade viva na rotina, provável maior problema de quem teima em seguir escrevendo.
São conversas sobre o processo criativo, produção efetiva de textos, sugestões de caminhos. Dias de palavras, comida e um ataque de risada ou dois. Utilizamos o famoso desmanual de escrita, um caderno de exercícios e inspirações produzido especialmente para o curso. É pra sair delicado e inquieto. Pronto pra mudar o mundo mais um pouquinho.
Hoje eu posso me gabar, mesmo, que tudo o que eu escrever vai ter um pouquinho de Go, writers.
E vai ter curso do Go, writers no PapodeHomem!

Nossa casa, em São Paulo, vai ter a honra de receber um curso especial do Go Writers agora em novembro, no dia 26, uma quinta-feira que promete calor, suor e sorrisos. Com vocês, a fala da própria Cris Lisbôa:
O Go, writers é um curso de criação e escrita feito pra quem precisa provocar faíscas com palavras. O PapodeHomem é um espaço onde os moços falam. E ouvem.
A ideia aqui é a soma: uma versão especial do curso, na sede do maior veículo digital masculino independe do país. Homens e mulheres na mesa, conversando sobre processo criativo, técnicas de escrita e exercícios para deslocar o coração até a ponta dos dedos.
O conteúdo é o equivalente ao módulo 1 do curso, a turma tem apenas 14 alunos, o desmanual da escrita é customizado manualmente, o valor é especial: R$ 290 (+ taxa do sympla) em até 10 vezes no cartão de crédito. Uma bolsa integral será dada a um professor do ensino fundamental da rede pública – basta mandar e-mail para [email protected].
A cerveja, o choro e o riso são livres.
Tu vens? Tomara.
Inscrição
A inscrição é feita no site da Sympla. Lá também tem todos os dados do que o curso oferece, qual material vai ser entregue e o que é preciso levar no dia.
Onde?
Aqui na sede do PapodeHomem, na rua Monte Alegre, 1370, Perdizes – SP. Fica pertinho da PUC São Paulo.
Quando?
Dia 26 de novembro, uma quinta-feira, das 20h às 23h.
Com quem?
A professora deste curso é a Cris Lisbôa. Jornalista, escritora e bordadeira. Foi diretora de redação das revistas Vice Brasil, Simples? e Noize. Assinou reportagens em publicações como Rolling Stone, Uma, MTV e SuperInteressante. Como redatora publicitária, fez trabalhos para Johnson & Johnson, Nike e Oi.
Atualmente, ministra aulas fixas de escrita em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, além de treinamento sazonal em empresas como RBS e Unimed. Tem seis livros publicados, utiliza sem parcimônia os polegares opositores, adora a palavra pirilampo e, de quando em quando, monta bibliotecas públicas em cidades que mal constam em mapas.
Vem, gente.
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