O último feriado prolongado do ano cai no dia… do trabalho. Bom momento para se lembrar dos dizeres do sociólogo italiano Domenico de Masi, em sua mais conhecida obra, OÓcio Criativo:

Para os trabalhadores de muitos países permanecem válidas as observações feitas por Schulz há um século e meio: “Milhões de homens conseguem obter os meios de subsistência estritamente necessários somente por meio de um trabalho cansativo, fisicamente desgastante, moral e espiritualmente deturpante. Eles são obrigados até a considerar como uma sorte a desgraça de ter achado um tal trabalho”.

Se há muito o que se discutir sobre o trabalho no mundo de hoje, a proposta dessa listinha descaralhante é abrir uma pequena fenda na realidade e fazer, desses dias, dias de esquecimento. Entremos em uma bolha de conforto (é só por alguns instantes) e vamos mergulhar em outros mundos onde o trabalho não é peça fundamental e, se deixar, até um inimigo.

Vamos lá? São cinco filmes que em nada lembra o tal do trabalho:

Trainspotting

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Vício. O uso exagerado de drogas acarreta na pura ausência de labor nessa vida. Qualquer tentativa de convívio social são apenas pequenos momentos, como esse nosso — mas invertido — de mentira entre uma recaída e outra. O filme Trainspotting é uma anestesia deliciosa pra começar essa fuga.

Você se senta no sofá e vai sendo consumido pelo humor melancólico e pela amortecida devastadora da construção da história. Personagens cativantes, uma trilha sonora deliciosa e o Danny Boyle em plena loucura da direção.

Que belo começo.

Curtindo a Vida Adoidado

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Sai de casa, rapaz! Ferris Bueller é o expoente máximo da diversão a qualquer custo e da inocência dos anos 80 que nos cativa até hoje. Você, seu melhor amigo e a gatinha a tira colo. Uma Ferrari e toda a sorte desse mundo do seu lado.

O bom desse filme é o sol, o ar fresco, o se embrenhar na multidão de uma parada e poder cantar Beatles com todo o tesão. Liberdade, meu amigo. Liberdade.

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Vai. Bota as calças e sai de casa.

Vicky Cristina Barcelona

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A palavra aqui é intensidade. O amarelo do filme, a luminosidade (de dia e de noite) europeia, a intensidade de entrar em um avião com uma amiga e um desconhecido para um suposto ménage à trois e acabar em uma relação intensa com um cara e a ex-namorada dele, uma Penélope Cruz pegando fogo.

A entrega que rende as melhores gozadas da vida se faz presente nesse filme que é um dos mais gostosos de se ver do Woody Allen.

Amém.

Machete

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Hora de derreter o cérebro e se divertir pra caralho.

Explosão, mulheres nuas, bandidos caricatos da pior estirpe, armas para tudo o que é canto, reviravoltas atrás de reviravoltas atrás de reviravoltas. Uma lambança mexicana comandada pelo alucinado Robert Rodriguez. Imagina dar alguns milhões de doletas para uma criança cheia de açúcar no sangue fazer um filme!

Dá nisso.

Clube da Luta

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“Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos.”

Tyler Durden

Abandone o seu trabalho e comece a fomentar uma turma de desequilibrados e crentes de terem encontrado seu lugar ideal, o pertencimento de um grupo secreto que espanca seus companheiros pelo prazer da violência e, depois de bem amansados, transformam-se em um grupo terrorista civil pronto para acabar com todas as mazelas do capitalismo.

E tem o Brad Pitt.

Clube da Luta é o filme que te leva novamente à infância, momento ideal da vida em que sua maior preocupação era não levar nota vermelha para casa.

Onde podemos chegar? Quais outros filmes nos tiram desse mundo e nos botam em outra frequência? Nos vemos lá embaixo, nos comentários.

Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados