O voyeurismo, a curiosidade humana, a vontade de olhar, o tesão de se achar numa posição de privilégio de olhar sem ser olhado, o panóptico cotidiano. Sempre que podemos espiar, o fazemos. De andar mais devagar com o carro quando acontece um acidente a conjecturar o quão real pode ser um filme de terror, os closes em filmes pornográficos, o retorcer de olhos pra tentar saber o que a pessoa ao lado está contando no WhatsApp.

De 1993 a 1994, Merry Alpern começou a fotografar a vida dos vizinhos de um amigo que morava em Wall Street, Nova Iorque. "De lá, era possível acompanhar histórias que aconteciam dentro de apartamentos de um sex club, onde banqueiros e empresários levavam dinheiro, drogas e mulheres.", como diz o post que peguei lá no IdeaFixa.

Dá uma olhada e perceba, enquanto olha, o que te brota. Curiosidade, a vontade, a consternação ou alívio ou vontade de sentir algum cheiro.

Perceba-se querendo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna <a>Do Amor</a>. Tem dois livros publicados

Leia também  "O Poderoso Chefão" te faz um homem