"Eu não cumpri as metas do ano passado. E agora?" | Tudo bem, você não foi o único.

Alcançar as metas é só uma das partes do processo de planejar e movimentar-se na direção dos seus objetivos. Valorize o progresso do percurso.

O final de ano é uma época especialmente sensível para muitas pessoas. A solidão se mistura com a pressão das reuniões familiares, o receio de conflitos, gastos extras e um outro fator de peso: mais um ano passou e nem todas as metas foram atingidas.

Como não se sentir mal diante de uma lista de metas não atingidas?

A nossa proposta aqui é cultivar um olhar um pouco mais gentil para sua lista. Parte deste texto vem de uma lição muito valiosa que eu aprendi com o consultor financeiro Eduardo Amuri e suas reflexões sobre metas no orçamentos, mas que se aplicam a vários outros aspectos da vida: não atingir as metas não significa que você não evoluiu em direção aos seus objetivos.

É menos sobre a meta e mais sobre movimentações importantes

Você pode ficar triste com as metas não atingidas, mas não se paralise a ponto de desistir de refazê-las | Photo by Mahdi Bafande on Unsplash

As metas não são só um controle para atestar se um trabalho foi feito ou não. Quando você pára e faz uma lista, você organiza seus desejos, sonhos e objetivos. Você elenca prioridades e encaixa diferentes práticas e processos na sua rotina.

Ao olhar para a sua lista, vale lembrar que dar as metas como concluídas é só uma pequena parte do processo que te ajuda a organizar e a planejar sua vida na direção que você ambiciona. 

Não é como se estivéssemos falando de tudo ou nada: "ou completei ou falhei".

Às vezes você não atingiu a meta de, por exemplo, reformar sua casa, mas você conseguiu trocar os armários e arrumar um vazamento. Isso importa. 

Quando chegar sua hora de olhar para as metas, considere o seu avanço.

Quando nos culpamos pelas metas não atingidas, facilmente ficamos paralisados ou desanimados diante da perspectiva de estipular novos objetivos. Valorizar seus avanços e considerar as pequenas vitórias é um processo importante para que elaborar outras metas não seja um processo de frustração, dor e sofrimento.

Fica mais fácil quando perdemos o medo de calcular errado e aceitamos que a vida é um planejamento constante que envolve, inclusive, abaixar a régua se for necessário.

Traçar e retraçar as metas faz parte do movimento de se entender, se pensar e se sonhar no futuro. 

Se neste fim de ano, você for parar para analisar o seu ano e suas metas , o que você fez e o que você não fez, te convidamos a uma análise cuidadosa, que valorize os processos e que considere os seguintes pontos:

I) Como você estabelece suas metas?

"Esse ano eu não ganhei na loteria…"

Uma reflexão importante é rever suas metas focando naquelas que não dependem de outras pessoas ou acontecimentos para além do seu controle. Pense em metas que sejam verbos, ações, e que dependam da sua realização. 

II) Você é limitado

 

Essa é uma lição que parece ironia do @coachdefracassos mas que é valiosíssima. O ponto é entender que sua capacidade de tempo, atenção e dedicação não é infinita. Assim, abaixamos o risco de nos frustrar com metas que vão muito além das possibilidades reais. 
Talvez você não consiga ler um livro por mês, aprender um novo hobbie, preparar todas as marmitas da semana, ir na academia regularmente, manter o futebol de quarta-feira e ter um segundo emprego para levantar uma grana extra. Fazer tudo isso junto seria humanamente inviável. 

Perceba quais objetivos fazem sentido para agora e cabem na sua realidade.

Se você quer guardar dinheiro, quanto é razoável poupar sabendo de todos os seus gastos e deixando uma margem ?

Se você quer investir tempo em algo, quanto de tempo você de fato teria disponível depois de contar o trabalho, transporte, cuidado com a casa, seu lazer e seu tempo de descanso?

Talvez não caiba mais de 2 horas por semana desenvolver uma meta ou um hábito. Até para atingir um sonho, é importante entender que temos nossas limitações materiais, de tempo, de concentração, e fazer o planejamento com o pé no chão, contando com isso.

III) Metas confortáveis te mantém engajado por mais tempo

Sem dor, sem ganhos? 

Ocasionalmente teremos sonhos ambiciosos, que vão demandar sacrifícios. Mas passar muito tempo perseguindo metas muito duras pode ser desestimulante. O esforço se torna tamanho que alcançar a meta vira uma punição restritiva constante.

Vale a pena ponderar e calibrar buscando um esforço que potencialize o seu cotidiano sem transformá-lo num inferno. Quando a gente estabelece metas que cabem, a gente consegue mantê-las por mais tempo.

Inclusive a gente pode trocar a lógica de "bater a meta e dobrar a meta", por uma meta contínua e progressiva. A ideia seria começar com uma objetivo bem tranquilo e, uma vez que este já esteja encaixado na sua rotina, você vai intensificando aos pouquinhos.

Exemplo: Se a meta é dedicar-se à leitura por pelo menos 1 hora por dia, começe com uma meta de duas horas por semana. Quando isso estiver muito tranquilo dentro da sua rotina, você pode subir para três, quatro, gradualmente, até chegar em uma hora por dia.

Photo by Suzanne D. Williams on Unsplash

A vida não é sobre os checks, é sobre aprender, compartilhar, viver. Viver bem, inclusive, é uma meta possível e desejável. 


publicado em 15 de Dezembro de 2022, 11:45
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Gabriella Feola

Editora do Papo de Homem e autora do livro "Amulherar-se" . Atualmente também sou mestranda da ECA USP, pesquisando a comunicação da sexualidade nas redes e curso segunda graduação, em psicologia.


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