"Para onde está indo o dinheiro? Não é possível que uma criança tão pequena dê tanto gasto…”
Apesar da palavra “alimentícia”, os valores de uma pensão devem assegurar que necessidades básicas como vestuário, moradia, saúde e educação sejam atendidas. Principalmente em separações conflituosas, essa negociação pode ser difícil, mas, antes de criticar, é preciso considerar os gastos reais que o bem estar da criança pede. Principalmente em separações conflituosas, essa negociação pode ser difícil, mas, antes de criticar, é preciso considerar os gastos reais que o bem estar da criança pede.
“Só vou pagar o valor que tá na lei!”
Na verdade, não há um valor ou percentual fixo determinado por lei. O cálculo considera as possibilidades financeiras da pessoa que vai pagar e as necessidades de quem receberá. Infelizmente ainda é muito comum que homens mintam na hora de comprovar as suas rendas, para assim pagar pensões menores.
“Mas será que o que eu pago está realmente indo para o meu filho?”
Fizemos uma estimativa de quanto seria um gasto médio de uma criança, considerando que uma porcentagem do aluguel, água, luz, internet e de todos os custos da casa que a mãe mora também são para o benefício da criança.
Mas quanto, em média, se gasta com um filho por mês?
Gasto |
Custo médio |
50% do aluguel |
R$600 |
50% da água, luz e gás |
R$100,00 |
Cuidados (farmácia, vestuário, dentista) |
R$ 200 |
Mercado (alimentação, produtos de higiene) |
R$400 |
50% do Telefone + internet |
R$50,00 |
Transporte (carro / ônibus) |
R$100 - R$300 |
Entretenimento (cinema, parquinho, cachorro quente) |
R$100 |
Gastos Imprevisíveis |
R$150 |
Sendo assim, mesmo com um cálculo simplista e aproximado, contando que a criança não tenha convênio ou escola particular, os gastos mensais ficariam em
R$1.900
Lembrando que os valores são apenas um exemplo e vão variar a depender de cidades e contextos.
Tem certeza que a mãe está pedindo mais que o necessário?
É muito comum que mães absorvam bem mais do que 50% dos gastos com o filho. No entanto, se um pai ainda assim desconfiar que a mãe está gastando o dinheiro da pensão consigo mesma, o genitor pode pedir uma prestação de contas. Vale destacar que o guardião legal pode fazer uso do dinheiro, em benefício da criança, da maneira que entender necessária.
“Mas se a guarda é compartilhada, eu não preciso pagar pensão!”
“Os genitores têm a ideia equivocada de que se a guarda for compartilhada não terão que pagar pensão. A guarda compartilhada define que ambos os pais irão decidir sobre os rumos da criação dos filhos, mas isso não influencia no pagamento da pensão alimentícia”.
STAEL STUPP - Advogada e Conselheira Municipal dos Direitos Humanos da Mulher - SC
Quem paga a conta?
“Infelizmente nem sempre a necessidade da criança é levada em consideração no momento da fixação do valor. É muito comum, em audiências, o juiz perguntar ao genitor “Quanto o senhor pode pagar de pensão para o seu filho?”. Mas essa mesma pergunta nunca é feita às mulheres, que acabam arcando com todo o restante necessário para a criação dos filhos.”
STAEL STUPP - Advogada e Conselheira Municipal dos Direitos Humanos da Mulher - SC
Mas é importante que a gente tenha em mente…
Moradia, vestuário, alimentação e qualidade de vida são direitos inegociáveis de todas as crianças. Cumprir com as obrigações de pensão é uma das formas de demonstrar que nos importamos com o presente e o futuro dos nossos filhos.
Para a construção desse texto contamos com a colaboração da advogada Stael Stupp (@staelstupp) que íntegra a comissão de Violência Doméstica da OAB - SC e o Conselho Municipal dos Direitos Humanos da Mulher - SC - Tubarão.
publicado em 26 de Maio de 2023, 16:26