Você consegue se lembrar de quando tinha treze anos? Estava na escola, às vezes tinha alguma atividade extracurricular algumas obrigações em casa, cursos, mas nada muito além disso.

Podem existir situações diferentes mas, no geral, quase todo mundo se identifica um pouco com esse cenário.

Agora, mais velhos, olhamos para nossas vidas e mal conseguimos entender a complexidade que ela assumiu. A lista de preocupações cresce sem parar: agora temos trabalho, estudos, cursos, contas, boletos, extratos, projetos pessoais, academia, dieta, médico, doenças, seguro, carro, pneu, economia, política, conflitos com parentes, amigos, namoradas, ex-namorados, chefes, jantares, casamentos, divórcios e por aí vai.  

São camadas e mais camadas sobrepondo-se; um mar de responsabilidades, vontades e preocupações.

Toda essa confusão acaba ofuscando nossa visão, dificultando cada vez mais nossa capacidade de identificar os pontos onde nascem tantos conflitos. Como num grande emaranhado de fios, fica quase impossível encontrar a ponta para começar a desembaraçar.

A armadilha nisso tudo é que, ao invés de remover elementos para facilitar nossa compreensão, compensamos o tumulto adicionando novas camadas que, no fim, geram ainda mais sofrimento.

Por exemplo, quando nos sentimos incompletos, é comum tentarmos preencher essa dor com comida, roupas e itens que raramente precisamos. Gastamos dinheiro que não temos, nos endividamos e criamos um novo problema.

Vemos como solução para nossa solidão o uso de redes sociais de uma forma que nos traz ainda mais ansiedade, maior sensação de isolamento e incompletude. Ou, quando algum relacionamento está ruim, substituímos o afeto e a cumplicidade por restaurantes, presentes e viagens.

Ou seja, ao invés simplificar a situação, removendo elementos para tratar cada um dos problemas na sua raiz, seguimos escondendo nossos problemas atrás de gratificações instantâneas.

E, se nada der mais certo, há uma lista extensa de remédios que podem dar um jeito em você.

Simplificar a vida não significa necessariamente abrir mão de tudo o que nos traz conforto ou prazer. A vida moderna tem suas vantagens.

Ainda assim, é bom respirar melhor, ganhar fôlego extra para entender quais são os reais problemas em meio à nossa tão atribulada rotina e, só depois, adicionar elementos de forma mais consciente.

Se formos enumerar alguns motivos para simplificar a vida, os principais seriam:

  • Simplicidade economiza grana: Grande parte dos nossos conflitos acaba surgindo pela necessidade de grana e todo estresse que gerenciar esse recurso acaba gerando.

  • Traz clareza: Temos um mar de conteúdo sendo jogado na nossa cabeça o tempo todo. Notícias, blogs, textos, propaganda, redes sociais, vídeos e por aí vai. Tudo isso pode ter utilidade, mas da forma como normalmente fazemos, apenas confunde nosso pensamento. É tanta informação de todos os lados que é muito difícil pensar com clareza e objetividade.

  • Aumenta o foco: Nossa mente oscila e nos perdemos do que realmente importa.  Com tanta informação, necessidades e desejos, é muito difícil manter o foco num objetivo. Remover distrações é essencial.

  • Reduz o estresse: Ao simplificar a vida, removemos grande parte desse sentimento de pressão que sentimos. Isso significa reduzir grande parte das responsabilidades e compromissos, abre a oportunidade de respirar e ter mais calma.

  • Nossa alegria geral aumenta: Quando silenciamos o impulso de consumir e acumular, nos tornamos mais atento para aproveitar tudo o que já temos. Torna-se possível aproveitar e sentir alegria nos pequenos detalhes, nas coisas simples.

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Todos os pontos positivos de simplificar a vida não surgem como passe de mágica, mas são efeitos de um longo processo de observação e autoconhecimento. Cada um de nós tem um calo que dói mais, sendo impossível sugerir uma receita para todos os problemas.

Ao longo dos próximos meses vou alimentar o percurso Simplifica, no qual abordarei cada um dos aspectos de uma vida mais simples e de como podemos viver com um pouco mais de consciência.

Esse texto é pra abrirmos a conversa: se você tem algo que gostaria de ver abordado neste percurso, sobre como descomplicar as suas finanças, carreira, relacionamentos, saúde, compartilhe com a gente e enriqueça nossa jornada.

Vem comigo?

Leia também os outros artigos do percurso Simplifica

Esse texto faz parte do percurso Simplifica. De duas em duas semanas, às segundas, um texto novo sobre como tornar muito mais simples as relações, o trabalho, o dinheiro, a atividade física, alimentação, etc.

  1. Por que simplificar a vida
  2. Construindo uma relação mais saudável com o trabalho
  3. Como viver uma vida mais real
  4. Como lidar com a sensação de abstinência
  5. Os sofrimentos modernos e como lidar
  6. Assumindo o controle do próprio corpo
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Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.