Ah, os games antigos…
Quando eu for velho, ranzinza e cheio de manias, falarei para os meus netos que não se fazem mais videogames como antigamente e bom mesmo eram os consoles do meu tempo, não os que eles jogam hoje.
Vou abrir meu armário com cheiro de naftalina, mostrar para eles minha coleção de games antigos (ainda modesta hoje, mas daqui 50 anos será gigantesca) e quando eles me perguntarem quais foram os jogos mais legais e mais importantes daquele tempo, a lista vai ser mais ou menos assim.
Prólogo: Atari
Conceitualmente, o Atari foi o primeiro console popular que existiu. Tudo ainda era muito precário, os videogames engatinhavam, os desenvolvedores não tinham muita noção do que estavam fazendo. A lista de games do Atari é gigantesca, mas a maioria dos games são quase cópias idênticas de outros.
Era muito comum, se um jogo fizesse sucesso, que alguém copiasse o game, mudava o fundo de azul para preto, alterava um detalhezinho ou outro e o relançava como se fosse algo completamente diferente — uma das práticas responsáveis pela crise norte americana dos videogames de 1983.
Existem 4 jogos de Atari que são memoráveis e importantes para a história do videogame.
Space Invaders (1980)
Você pode nunca ter jogado um videogame na sua vida, mas algum momento, já se deparou com esse game.
Pacman (1980)
O jogo mais vendido do Atari.
Pitfall! (1982)
Alguém ai conseguiu ver o final do ?
Q-Bert (1983)
Numa época em que todos os games eram cópias escancaradas um do outro, foi um dos poucos que inovou.
Os games imperdíveis dos 8 aos 16 bits
Bomberman (NES, 1983)
é um game bem a frente de seu tempo. A mecânica é simples, mas contempla diversos elementos em um jogo só: labirintos, quebra-cabeças, estratégia, power-ups e agilidade. Me divirto em jogar até hoje.
Duck Hunt (NES, 1984)
O jogo em si não é nada demais. O louco era jogar com a pistola — uma puta inovação na época — que você apontava para tela e matava os patos.
E você achou que o Wii é que era revolucionário.
Super Mario Bros (NES, 1985)
Dispensa apresentações. Me arrisco dizer que a trilha sonora desse jogo é a música com mais remixes, versões e interpretações que existe hoje no Youtube.
Esse foi um dos jogos responsáveis por fazer as pessoas voltarem a ter interesse nos videogames e tirar a indústria de games da crise de 83.
Alex Kidd in Miracle World (Master System, 1986)
Ter um Master System e não ter esse game é como ter um violão faltando uma corda.
Jo-Quem-Pô.
California Games/Jogos de Verão (Atari/NES/Master System/Genesis, 1987)
O primeiro foi lançado em 1987, mas fizeram remakes para todos os consoles posteriores.
Blaster Master (NES, 1988)
Pense no , acrescente mapas mais complexos, a possibilidade de entrar e sair do seu tanque de guerra, uma pitada de puzzle e triplique a dificuldade.
Isso é o Blaster Master.
Megaman 2 (NES, 1988)
Joguei , do 1 ao 6.
Esse é o meu favorito por ser o mais redondo e balanceado dos que saíram para o NES. Além da trilha sonora ser perfeita.
Jogo até hoje.
Altered Beast (Master System/Genesis, 1988)
Trilha foda e gameplay animal, mas é impossível um ser humano normal terminar sem usar cheat code. Sério.
Teenage Mutant Ninja Turtles (NES, 1989)
A coisa mais legal do mundo era jogar um jogo do desenho que você acabou de assistir na TV.
E, claro, o modo cooperativo era animal, em que não precisava esperar seu amigo morrer para poder jogar. Vocês jogavam juntos!
Michael Jackson’s Moon Walker (Master System/Megadrive/Game Gear/Arcade, 1990)
Você salva criancinhas, seus socos e chutes são inspirados nas coreografias do Michael Jackson e eles soltam purpurina! O MJ solta gritinhos, a trilha sonora do game são musicas como “Smooth Criminal”, “Beat it” e “Billie Jean”.
Se jogar isso hoje já é foda, imagina nos anos 90, auge da carreira do cara?
Chip n Dale (NES, 1990)
O “Tico e Teco” em português!
O grande problema dos games daquela época é que o desenvolvimento era precário. Era muito comum saírem games “tortos”, extremamente difíceis, complicados de entender, fáceis demais ou até games sem sentido algum. Não tinha como soltar um patch ou atualização para equilibrar o game ou concertar bugs.
Chip n Dale é um game redondo, desafiante mas não impossível de terminar.
Mônica no Castelo do Dragão (Master System, 1991)
Pouca gente sabe, mas o game é uma reprogramação do .
Mas quem liga? O jogo era legal pra caramba!
A terceira geração de VideoGames – os 16 bits
Super Castlevania IV (Snes, 1991)
Jogo foda, trilha foda, powerups, bem balanceado. Era o game alternativo para quem não queria comprar o Super Mario World com o Snes.
Sonic the Hedgehog (Genesis, 1991)
Se você era fã da Nintendo, esse foi o jogo que fez seu coração balançar pela Sega.
Gráficos lindos, jogabilidade incrível e a trilha sonora era perfeita (eu escuto até hoje). Sonic é provavelmente o único título de respeito pela qual a Sega será lembrada na história dos videogames.
Mortal Kombat (Snes/Genesis, 1992)
Você conheceu alguém que os pais não deixavam jogar Mortal Kombat por ser um jogo muito violento. Mais do que a violência, MK é um jogo místico porque é recheado de segredos, lendas urbanas, easter eggs e gliches. (Ermac, Reptile, double uppercut e por ai vai).
World of Illusion (Genesis, 1992)
É um dos jogos mais legais do Mickey (mais que o ), A trilha e os gráficos de algumas fases são bem medonhas, o jogo tem um aspecto meio terror/obscuro, mesmo com elementos fofinhos.
Os gráficos eram sensacionais pra época.
The Legend of Zelda: A Link to the Past (Snes, 1992)
Fiquei tão fissurado por esse jogo que terminei a versão dele em japonês, sem olhar o detonado da revista de games. Demorou quase 6 meses. Joga, você não vai se arrepender.
Top Gear (Snes, 1992)
Sem dúvida uma das trilhas sonoras mais bonitas da era 16 bits.
A banda Muse compôs “Bliss” inspirada no tema.
Super Mario Kart (Snes, 1992)
Antes de pedir alguém em casamento, jogue um Battle Mode de Mario Kart com ela.
Dragon Ball Z – Super Butouden 2 (Snes, 1993)
Aposto meu Snes de que o famoso especial do Ryu, o Shinku Hadouken, foi criado depois que algum produtor do jogou e viu o Goku soltando Kamehameha.
A jogabilidade mais travada que a do Street Fighter ou Mortal Kombat, mas o jogo ganha por inovações como voar, dividir a tela e os golpes especiais.
Aladdin (Snes/Genesis, 1993)
Jogo bacana, bem balanceado, gráficos bem bonitinhos baseados no desenho.
Vale a pena.
Phantasy Star IV (Genesis, 1993)
Sim, a Sega fez coisas muito boas além do .
Esse game é considerados por muitos, o melhor RPG do MegaDrive.
Megaman X (Snes, 1993)
é o jogo mais foda de todos os Megamans. O jogo é redondo em todos os aspectos: jogabilidade, trilha sonora, gráfico, balanceamento. Ganhou remake pra PSP, Android iOS, mesmo sendo um jogo com 20 anos de idade. Respect.
Sunset Riders (Snes, 1993)
Provavelmente você jogou ele no fliperama e não no Snes.
Joguinho divertido para 2, muito mais redondo e fluído que o Contra.
Super Street Fighter II (Snes/Genesis, 1994)
Dispensa comentários.
Essa versão é mais legal por ser mais balanceada, ter mais lutadores (Cammy, T-Hawk, DeeJay, etc…) e a jogabilidade mais fluída.
Final Fantasy IV (Snes, 1994)
Difícil escolher um só game da série. Aponto o 4 por puro gosto pessoal.
Biker Mice From Mars (Snes, 1994)
Todo mundo conhece ou já ouviu falar do Rock n Roll Racing.
O Bikers Mice from Mars é um jogo baseado no desenho animado. Não vingou muito, mesmo sendo tão divertido (ou até mais) que o Rock n Roll Racing.
Super Mario World + Super Mario All Star (Snes, 1994)
Dei uma roubadinha e coloquei um game que, é um 5 em 1 para ganhar espaço na lista.
Nesse cartucho de Snes vem: Super Mario 1, Super Mario 2, Super Mario 3, Super Mario Lost Levels (que nada mais é do que o Super Mario 1 no level HARD) e Super Mario World.
Os mais puritanos dirão que o remake detonou com o gráfico e o som dos jogos clássicos do Mario.
Foda-se. O jogo vale a pena.
International Superstar Soccer Deluxe (SNES) – 1995
Você leu o título do game e ouviu a voz do narrador na sua cabeça.
O jogo em uma palavra: Allejo.
Chrono Trigger (SNES, 1995)
Provavelmente o melhor RPG já feito para um 16 bits.
É o jogo mais raro (e caro) para se comprar hoje do Snes. Se você quiser comprar só a fita avulta, vai pagar fácil uns R$ 300.
Pausa para um pouquinho de história….
Meados de 1994: Sony anuncia o Playstation, com os gráficos insanos pra época, cenas de filme dentro do jogo, vozes reais.
O Super Nintendo pareceu um console extremamente ultrapassado e todo mundo declarava o fim da era 16 bits. Mas o Snes não ia embora sem antes fazer uma despedida digna, espremeu o máximo do que o console podia oferecer, lançou dois games matadores e mostrou pra todo mundo que ela ia ficar só mais um pouquinho.
Super Mario RPG (SNES, maio de 1996)
RPG com gráficos lindos, história animal, personagens fodas e jogabilidade redonda.
Donkey Kong Country 3 (Snes, novembro de 1996)
Os 3 títulos do DK são animais, mas o Dk3 merece estar na lista pelo contexto histórico que ele foi lançado: o Nintendo 64 já estava bombando, o console estava a venda desde junho no Japão e desde setembro nos EUA.
O Playstation com títulos animais e o fodão Resident Evil que estava nas prateleiras das lojas desde em março.
Mesmo assim, DK3 peitou todo mundo e vendeu 3 milhões de cópias.
O jogo é tão foda que me fazia desligar o N64 e religar o SNES só pra jogá-lo.
A lista continua
Certamente faltou algum título memorável aqui na lista, vamos continuar nos comentários.
Agradecimento especial a todos os amigos que pelo Facebook me ajudaram a refrescar a memória e escrever esse artigo.
Rafael Rosa, Seiiti Arata, Alexandra Formágio, Gustavo Coelho, Tina Cassie, Renato Henrique, Grace Kelly, Naschara Saraiva, Luis Simonetti, Eduardo Amuri, Allan Passador, Camila Numazawa, Lucas Kappaz, Rafael Hessel, Tomás Telles, Thiago Gomes, Fábio Bracht, Juliana Destro, Juliana Bergamo, Fabio Zuppone, Luiz Di Sessa, Le Bravo, Alexandre Jordani, Filipe Larêdo, Thiago Alexandre, Luiz Stamboni, Verônica Gunther, Alberto Brandão, Guilherme Dorta, Hellen Coelho, Luana Almeida, Eduardo Mikail, Nyle Ferrari, Ana Kolicheski, Rodrigo Feldmann, Felipe Ramos, Marcel Santos, Rafael Vivolo, Victor Feijó, Patrick Behar, Luísa Alvarez, Theo Asfora, Gustavo Araújo, Rodrigo Hong, Romulo Perini, Elô Marques, Tati Pizzi e Fernando Bella.
Obrigado.
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