O DKW #96 é sim história do Brasil!

Poucos brasileiros conhecem a grandiosidade histórica do nosso automobilismo. Aqui mesmo, em terra tupiniquim, alguns dos maiores nomes desse esporte travaram batalhas épicas.

Eu poderia citar inclusive Juan Manuel Fangio, mas preferira ater-me a nomes como Chico Landi e Camilo Christófaro.

Se você não os conhece, e gosta de automobilismo, deveria se informar melhor sobre os nossos brilhantes desbravadores dos circuitos nacionais.

Um pouco de história que você não escuta em toda esquina

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E uma cena que você também não vê todo dia, largada da Super Classic

Eu ficaria mais nostálgico do que já sou ao descrever aqui corridas capazes de molhar os olhos de qualquer verdadeiro entusiasta. Naquele tempo não havia direção hidráulica, controle de tração, molas progressivas, pneus de composto especial ou freios ABS.

Era só piloto e a máquina. Concentrados para não errar, a cada volta, os condutores imergiam em mundo mágico e solitário onde poucos homens estiveram. Entretanto, para nosso alento, você ainda pode vibrar com pegas semelhantes aos de algumas décadas atrás. Estou falando da Fórmula Classic, competição de veículos clássicos e exclusivíssimos, muitas vezes reproduções de lendas motorizadas que foram imortalizadas em quase um século de corridas.

Em São Paulo, a Super Classic é um espetáculo único. Ainda no pit-lane, antes mesmo de os motores roncarem, os espectadores podem admirar aqueles carros que dominavam as provas de turismo brasileira há mais de três décadas.

Imagine um grid com Pumas, Willys Interlagos, Alfas, Porsches, Biancos, Corcéis, DKWs e muitos outros. Eu não sei descrever o que se sente quando percebemos que estamos dentro de uma janela que separa o passado e o presente. É o mais próximo que estaremos do tempo em que era o volante de um carro de corrida que separava homens de crianças. Aquilo era para poucos e bravos. Nostalgia pura!

Entretanto, é após a largada que descobrimos que essas máquinas não são apenas automóveis clássicos restaurados para desfilarem nas ruas. São bólidos de competição, ariscos e velozes, que nos remetem às dificuldades que os pilotos enfrentavam em décadas passadas. Não se engane ao pensar na Classic como uma exótica categoria do automobilismo nacional.

Os pilotos têm talento de sobra e as provas são altamente competitivas. Algumas vezes há uma paridade entre os motores e podemos observar pegas que duram voltas à finco.

Um ilustre participante da Super Classic paulista é o DKW #96, do piloto, jornalista e blogueiro Flávio Gomes. Reitero, o participante ilustre é o DKW #96 e não o piloto, de acordo com o que o próprio Flavio escreve em seu Blog.

Sou obrigado a concordar com Flávio em partes. O DKW #96 não é só um monte de lata sobre quatro rodas sendo puxado por um motor 3 cilindros. Aquele DKW tem alma, é quase como se estivesse vivo. Aliás, para muitos, ele é de fato batante vivo!

O DKW #96

dkw#96
A fera

O DKW #96 nem sempre possuiu essa pintura única, ostentando o famoso 96 laranja ao centro de um círculo preto. A arte é uma homenagem ao desconhecido Norman Casari, outro desses pilotos que você e o resto do país deveriam conhecer.

Norman era o corajoso piloto ao volante do Carcará que, há 40 anos, cruzou a Rio-Santos a mais de 212 Km/h. Era o primeiro recorde brasileiro de velocidade, estabelecido por um motor de apenas 1 litro. Norman também conduziu um GT Malzoni nas Mil Milhas de Interlagos em que a Vemag ganhou a segunda, terceira e quarta posições. A vencedora foi a famosa carretera #18 que você, definitivamente, também deveria conhecer.

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Leitor da PdH, conheça a Carretera #18

O pintura do DKW de Flávio traz elementos daquela arte eternizada no Carcará e também do próprio carro do Casari. A homenagem também se faz presente na silhueta de Norman estampada na lateral do #96.

O DKW #96 não é, de maneira alguma, o carro mais rápido da Super Classic. Todavia, esse DKW não é só uma homenagem, mas é um grande guerreiro que vem superando dificuldades e obstáculos a cada prova. Talvez o único DKW de corrida ainda competindo no Brasil, o #96 pode não ser o mais rápido, mas evolui a cada prova com tempos de volta sempre decrescentes.

Eu poderia ficar um mês tentando explicar o porquê de a Fórmula Classic ser uma categoria tão mágica, mas preferi convidar para fazer o meu trabalho o próprio Flávio Gomes.

A seguir, você pode conferir a entrevista que fizemos com esse grande profissional que já passou por jornais, revistas, rádio, TV e internet. Não se deixe levar pela modéstia desse que se apresenta como dublê de piloto pois Flávio é sim um de nós: tem saco roxo e gasolina nas veias!

Aguardem, logo mais, a entrevista exclusiva de Flávio Gomes concedida ao PapodeHomem!

Bônus Track - prova completa no cockpit do DKW #96

Parte 1

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Parte 2

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Parte 3

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Parte 4

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publicado em 19 de Maio de 2008, 12:46
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Rodrigo Almeida

Engenheiro, apaixonado pela vida e por qualquer coisa com um motor potente, nostálgico entusiasta de muitas daquelas boas coisas que já não mais se fazem como antigamente.


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