Adriano de Souza é campeão mundial de surfe

Competição acontece entre 8 e 20 de dezembro e tem três brasileiros na luta pelo título

Nota do autor: Este artigo foi originalmente publicado em 8 de dezembro de 2015, às vésperas da última etapa do mundial de surfe que consagrou Adriano de Souza campeão mundial da categoria e levou o Brasil ao topo do mundo do surfe pelo segundo ano consecutivo (em 2014 foi a vez de Gabriel Medina).

Agora, nós atualizamos o artigo e deixamos apenas as partes não-datadas do texto para você poder entrar e consultar sempre que estiver acompanhando uma etapa do mundial e quiser tirar uma dúvida.

***

Em 20 de dezembro de 2014, Gabriel Medina saiu do mar no Havaí consagrado como o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe. Pouco menos de um ano depois, o Brasil conquistou o bicampeonato com Adriano de Souza e a Brazilian Storm, como os brasileiros são conhecidos no circuito mundial, ganha mais projeção do que nunca.

Assim como em 2014, a decisão do título ficou para a última etapa. Mas se no ano passado a briga era entre três surfistas, esse ano são seis. Entre eles, três brasileiros e três australianos.

Para você acompanhar a competição que ocorre entre os dias 8 e 20 de dezembro – tudo depende das condições do mar – sem ficar boiando, preparamos um guia completo sobre surfe.

Medina, Mineirinho e Filipinho, da esquerda pra direita.

Quem briga pelo título?

O ranking que define o título mundial atualmente está assim:

  1. Mick Fanning (Austrália) – 49.900 pontos

  2. Filipe Toledo (Brasil) – 49.700 pontos

  3. Adriano de Souza (Brasil) – 49.450 pontos

  4. Gabriel Medina (Brasil) – 45.350 pontos

  5. Owen Wright (Austrália) – 43.600 pontos

  6. Italo Ferreira (Brasil) – 41.600 pontos

  7. Julian Wilson (Austrália) – 41.450 pontos

Com exceção de Italo Ferreira, todos ainda têm chances de título. Alguns com mais, outros com (bem) menos chances.

Quais são as chances de cada um?

O matemático Tristão Garcia – a pedido do globoesporte.com – calculou a probabilidade de título de cada competidor e constatou uma coisa interessante. Apesar de líder do ranking, o australiano Mick Fanning tem menos chances de título do que o brasileiro Filipe Toledo. Segue os cálculos:

  1. Mick Fanning – 31%

  2. Filipe Toledo – 42%

  3. Adriano de Souza – 22%

  4. Gabriel Medina – 3%

  5. Owen Wright – 1%

  6. Italo Ferreira – 0%

  7. Julian Wilson – 1%

O critério que coloca Filipinho com mais chances de título do que Fanning é o mesmo que tira Italo da briga.

Segundo o regulamento da WSL – organização mundial do surfe –, ao final das onze etapas, o ranking deve descartar os dois piores resultados de cada surfista. Hoje, o ranking está descartando apenas um.

No cenário atual, Fanning conquistou mais pontos do que Filipinho, mas também vai precisar descartar mais. O mesmo se repete em relação a Italo e Julian Wilson. Por isso, mesmo que o brasileiro vença, não tem chances de título como seu adversário.

O que cada um tem que fazer?

Mesmo com todos esses detalhes, dá pra afirmar que os três primeiros colocados dependem apenas de si. Isso porque se vencerem abrem uma margem de diferença acima de qualquer descarte que possam ter.

Entenda o cenário de cada um:

  1. Mick Fanning é campeão mundial se:

  • vencer a etapa;
  • chegar em 2º e Toledo e Mineirinho não vencerem;
  • chegar até a semifinal, Toledo não passar das quartas e Mineirinho da semifinal;
  • chegar até as quartas, Toledo não passar da 5ª fase e Mineirinho das quartas;
  • chegar até a 5ª fase, Toledo não passar da 3ª fase, Mineirinho da 5ª fase, e Medina não vencer;
  • chegar até a 3ª fase, Toledo não passar da 2ª fase, Mineirinho da 3ª fase, Medina das quartas, e Owen não vencer a etapa;
  • parar na 2ª fase, Toledo não passar da 2ª fase, Mineirinho da 3ª fase, Medina das quartas, e Owen não vencer a etapa;

2. Filipe Toledo é campeão mundial se:

  • vencer a etapa;
  • chegar em 2º e Fanning e Mineirinho não vencerem;
  • chegar até a semifinal e Fanning e Mineirinho não passarem da semifinal (caso Mineirinho seja 2º haverá bateria de desempate);
  • chegar até as quartas, Fanning não passar das quartas e Mineirinho da semifinal;
  • chegar até a 5ª fase, Fanning não passar da 5ª fase, Mineirinho das quartas, e Medina não vencer a etapa;
  • chegar até a 3ª fase, Fanning e Mineirinho não passarem da 3ª fase, Medina das semifinais e Owen e Julian não vencerem a etapa (se Julian vencer a etapa, haverá bateria desempate);

3. Adriano de Souza é campeão mundial se:

  • vencer a etapa;
  • ​​ chegar em 2º, Toledo não passar das quartas e Fanning da semifinal (caso Toledo pare na semifinal, haverá bateria de desempate);
  • chegar até a semifinal, Toledo não passar da 5ª fase e Fanning das quartas;
  • chegar até as quartas, Toledo não passar da 3ª fase, Fanning da 5ª fase e Medina não vencer a etapa;
  • chegar até a 5ª fase, Toledo e Fanning não passarem da 3ª fase e Medina e Owen não vencerem a etapa;

4. Gabriel Medina é campeão mundial se:

  • vencer a etapa, Toledo não passar da 5ª fase e Fanning e Mineirinho não passarem das quartas;
  • chegar em 2º, Toledo, Fanning e Mineirinho não passarem da 3ª fase e Owen não vencer a etapa;
  • chegar até a semifinal, Toledo não passar da 2ª fase, Fanning e Mineirinho não passarem da 3ª fase, e Owen e Julian não vencerem a etapa;

5. Owen Wright é campeão mundial se:

  • vencer a etapa, Toledo e Fanning não passarem da 3ª fase, e Mineirinho da 5ª fase;

6. Julian Wilson é campeão mundial se:

  • vencer a etapa, Toledo não passar da 2ª fase, Fanning e Mineirinho da 3ª fase, e Medina da semifinal (caso Toledo pare na 3ª fase haverá bateria de desempate);

A bateria de desempate é uma bateria extra, homem a homem, que acontece caso um ou mais surfistas tenham a mesma pontuação ao final da última etapa. 

Como funcionam as etapas?

Cada etapa conta com a participação de 36 atletas. Elas são divididas em rodadas e as rodadas em baterias que geralmente duram 30 minutos. A cada bateria, cada um dos competidores pode pegar até 15 ondas que são avaliadas e recebem notas de 0 a 10 de cinco juízes.

A cada onda são descartadas a pior e a melhor nota e feita uma média entre as três notas restantes. As duas ondas que obtiverem a melhor média são somadas e quem tiver a maior soma no fim da bateria, avança.

Na 1ª rodada, os surfistas são divididos em 12 baterias de três competidores. A cada bateria, um se classifica direto para a 3ª rodada. Os dois outros disputam a 2ª rodada, uma repescagem.

Na 2ª rodada, os 24 surfistas que não se classificaram direto são novamente divididos em 12 baterias. O confronto segue um contra um. Quem vencer, ganha uma nova chance e se classifica para a 3ª rodada. Quem perder, encerra a participação na etapa e fica com o 25º lugar.

Na 3ª rodada, segue o sistema de eliminatória direta. Os 24 classificados novamente disputam baterias um contra um. Quem vencer, avança. Os derrotados, terminam na 13ª colocação.

Na 4ª rodada, os 12 restantes são divididos em quatro baterias de três competidores. E o esquema repete a primeira rodada. O vencedor se classifica direto para as quartas de final. Os perdedores disputam a 5ª rodada, uma nova repescagem.

Na 5ª rodada, a última chance para quem já perdeu alguma bateria seguir na disputa pelo título da etapa. Oito surfistas são divididos em quatro baterias de dois em dois. Os vencedores se juntam aos outros oito nas quartas de final. Quem perder, termina na 9ª colocação.

Nas quartas de final novamente quatro baterias de dois competidores. Quem vencer, se classifica. Quem perder, termina na 5ª posição.

Nas semifinais, só restam quatro competidores. Eles se enfrentam em duas chaves que definem os dois finalistas. Quem não chega na final, ganha os pontos equivalentes ao 3º lugar.

Finalmente, a final reúne os dois melhores da etapa. E o sistema continua o mesmo. Depois de 30 minutos, é definido o campeão e o vice.

Quantos pontos são somados?

A cada etapa, os surfistas podem somar até 10 mil pontos. Essa é a diferença que mantém até o sétimo colocado do ranking na disputa pelo título. Daí em diante, a pontuação é escalonada da seguinte forma:

  • 1º lugar: 10 mil pontos;

  • 2º lugar: 8 mil pontos;

  • 3º lugar: 6.500 pontos;

  • 5º lugar: 5.200 pontos;

  • 9º lugar: 4 mil pontos;

  • 13º lugar: 1.750 pontos;

  • 25º lugar: 500 pontos;

O que já sabemos sobre essa etapa?

A disputa começou no último dia 10 e dos candidatos ao título, apenas Gabriel Medina e Mick Fanning se classificaram direto para a terceira etapa. Os brasileiros Filipe Toledo e Adriano de Souza vão precisar disputar a repescagem em baterias já definidas contra adversários difíceis. Confira:

1. Italo Ferreira (6º) (14,26) x Adrian Buchan (19º) (9,33) x Glenn Hall (32º) (1,70);

Vencedor: Italo Ferreira.

2. Mason Ho (acesso) (6,17) x Jadson André (20º) (5,70) x Dusty Payne (35º) (1,70);

Vencedor: Mason Ho.

3. Gabriel Medina (4º) (12,60) x Keanu Asing (21º) (7,84) x Wade Carmichael (acesso) (3,73);

Vencedor: Gabriel Medina.

4. Adriano de Souza (3º) (7,23) x Michel Bourez (22º) (9,33) x Jack Robinson (acesso) (5,06);

Vencedor: Michel Bourez.

5. Filipe Toledo (2º) (7,84) x Kolohe Andino (23º) (6,50) x Jamie O´Brien (local) (8,06);

Vencedor: Jamie O'Brien.

6. Mick Fanning (1º) (14,60) x Sebastian Zietz (24º) (4,37) x Bruce Irons (convidado) (14,33);

Vencedor: Mick Fanning.

7. Julian Wilson (7º) (3,84) x Kai Otton (18º) (12,40) x Ricardo Christie (30º) (3,10);

Vencedor: Kai Otton.

8. Jeremy Flores (8º) (11,27) x Matt Wilkinson (17º) (3,94) x Jordy Smith (29º) (7,17);

Vencedor: Jeremy Flores.

9. Kelly Slater (9º) (9,80) x Taj Burrow (16º) (11,26) x CJ Hobgood (26º) (14,97);

Vencedor: CJ Hobgood.

10. Nat Young (10º) (6,67) x John John Florence (15º) (13,33) x Brett Simpson (26º) (1,50);

Vencedor: John John Florence.

11. Bede Durbidge (11º) (2,84) x Wiggolly Dantas (14º) (1,10) x Adam Melling (26º) (1,14);

Vencedor: Bebe Durbidge.

12. Josh Kerr (12º) (13,06) x Joel Parkinson (13º) (8,17) x Miguel Pupo (25º) (3,44);

Vencedor: Josh Kerr.

Com esses resultados as baterias da segunda fase foram definidas. A competição deve começar hoje, 11 de dezembro, a partir das 15h30 no horário de brasília e já começa com Filipe Toledo, o brasileiro com mais chances de título:

1. Filipe Toledo x Bruce Irons;

2. Taj Burrow x Brett Simpson;

3. Adriano de Souza x Jack Robinson;

4. Matt Wilkinson x Adam Melling;

5. Julian Wilson x Wade Carmichael;

6. Adrian Buchan x Miguel Pupo;

7. Kelly Slater x Dusty Payne;

8. Jadson André x Sebastian Zietz;

9. Nat Young x Glenn Hall;

10. Keanu Asing x Kolohe Andino;

11. Joel Parkinson x Ricardo Christie;

12. Wiggolly Dantas x Jordy  Smith;

No final do dia, já teremos as definições sobre os confrontos da terceira rodada e até as chances de título atualizadas de cada um.

Agora que você já sabe (quase) tudo que precisa sobre surfe, pode acompanhar a última etapa do mundial e torcer muito para os brasileiros. Afinal de contas, você conhece outro esporte que pode render um título mundial para o Brasil ainda em 2015?

***

Nota do autor:

Surgiu nos comentários, por indicação do leitor Igor Dellanoce, um link onde você pode acompanhar as transmissões: worldsurfleague.com.

Lá tem, inclusive, transmissão em português. Basta clicar no nome do evento: Billabong Pipe Masters, assim que ele ficar verdinho.

***

Atualização:

Na manhã do dia 10 de dezembro, a organização do evento comunicou que o competidor Owen Wright sofreu um acidente durante um treinamento na véspera e acabou tendo uma lesão que inviabilizou sua participação nessa etapa do mundial. Com isso o surfista foi substituído por Mason Ho na segunda bateria da primeira rodada e deixou a disputa pelo título mundial.


publicado em 08 de Dezembro de 2015, 21:42
Breno franca jpg

Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a Jornalismo Júnior, organizou campeonatos da ECAtlética e presidiu o JUCA. Siga ele no Facebook e comente Brenão.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura