Ouvimos bastante sobre os benefícios da meditação na vida, para diversos grupos de pessoas. Há iniciativas que buscam ensinar como se familiarizar com a mente e o mundo interno em escolas, universidades, empresas, em dojos de artes marciais... a lista vai longe.
Há também muitas motivações diferentes, das mais elevadas, como as pessoas que querem utilizar-se da prática para beneficiar muitas pessoas como também quem apenas quer melhorar a performance profissional ou diminuir a ansiedade e o estresse para ter uma rotina um pouco menos acelerada e difícil.
Esses são os casos onde é relativamente comum ouvirmos falar em meditação.
Porém, o que o documentário Vipassana - O caminho da libertação mostra é algo bem raro. Dirigido por Daniel Labanca e produzido pela Sanfona Filmes, ele fala sobre a aplicação de Vipassana no presídio de Ribeirão das Neves-MG.
Vipassana é uma entre muitas práticas de meditação existentes como, por exemplo, Shamata e Metta Bhavana. Uma das mais antigas que existe, o nome significa "ver as coisas como realmente são" e consiste em técnicas de contemplação e observação das sensações e da mente com a finalidade de gerar transformação.
Rodrigo Gaiga, diretor-presidente da Gestores Prisionais Associados (GPA), empresa que administra o complexo presidiário, afirma em entrevista ao HuffPost que “Quando falamos em meditação para os presos, estamos falando sobre a sua saúde mental. Se eu estou trabalhando com essas pessoas para que possam ter uma oportunidade ao sair de lá, eu preciso que pensem em si mesmos. E o curso foi uma oportunidade de eles pensarem em suas atitudes, no que eles queriam para o futuro deles após o cumprimento da pena."
É bem interessante observar o que afirmam os prisioneiros que participaram do curso.
"Vem na mente a história da vida da gente, tudo. Tudo. Tudo de bom. Tudo de ruim que eu já fiz na minha vida, veio tudo à tona."
"Era ódio, raiva, vingança... hoje em dia, graças a Deus, é só paz."
"Eu fiz realmente uma retrospectiva na minha vida. Por que estou aqui? Não seriam meus atos? O que me levou a ter essa vida? Cheguei à conclusão de que eu precisava admitir que eu também era culpado pelo que aconteceu e me veio um grande arrependimento. Eu já tinha essa consciência, com certeza já tinha. Mas meditando a gente vai mais profundo."
Você pode ver o documentário na íntegra abaixo.
Quando pensamos nos presídios como espaços para a recuperação e reintegração dessas pessoas à sociedade, faz todo sentido usar a meditação como uma ferramenta para fazê-los aprender a se familiarizarem e controlarem as próprias emoções, o que potencialmente pode torná-los menos agressivos e propensos a reincidirem no crime.
E aí, o que acham da iniciativa?
Quer começar a meditar?
Ainda em tempo, se ficou curioso sobre a prática de meditação e quer saber mais sobre, temos um belo artigo com um vídeo introdutório, ensinado pelo Lama Padma Samten. Vale conferir também.
publicado em 24 de Julho de 2018, 17:14