Tudo que você perdeu por não assistir a F1

Detalhes de uma corrida que não deixará saudades nem nos mais apaixonados por automobilismo

Cara, se você não assistiu ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 2015 você perdeu… quase nada. Segundo o que muitos especialistas estão dizendo, essa foi a pior corrida no Brasil dos últimos tempos. Não é a toa que a Globo mais uma vez perdeu em audiência durante a exibição da corrida.

Na verdade, falar sobre essa decadência da F1 no Brasil é uma pena. Apesar do automobilismo ser um esporte para poucos, coisa de gente rica, etc, o país sempre foi uma das maiores potências do mundo em revelação de talentos e, até por conta disso, Fórmula 1 sempre foi muito querida pelos brasileiros. Não é difícil encontrar pessoas da minha geração que acordavam cedo para assistir corrida com os pais no domingo de manhã (e torcer pelo Brasil). Hoje em dia, quantos de nós vai manter a tradição com os nossos filhos?

Assistindo à corrida ontem (pois é, eu assisti) logo veio o saudosismo.

“Eu gostava quando tinha reabastecimento, tinha mais estratégia”, comentou um dos meus amigos. “Você sabia que não existe mais nem pneus de marcas diferentes? Todo mundo usa o mesmo”, respondeu o outro. Tantas mudanças, aparentemente pra pior (do nosso ponto de vista, é claro), foram na tentativa de salvar a categoria do monopólio das escuderias, o que aparentemente não vem dando muito certo.

Os principais pontos da corrida deste final de semana:

1. Título decidido

Há três corridas do final, no GP dos EUA, Lewis Hamilton se consagrou tricampeão mundial dando fim à disputa pelo título da temporada. Dos três títulos conquistados pelo piloto inglês, dois foram nos dois últimos anos e os dois conquistados de maneira tranquila (o desse ano ainda mais do que o do ano passado).

2. Rosberg de ponta a ponta

Com o título garantido, Hamilton deu uma relaxada e viu Nico Rosberg, seu companheiro de equipe, dominar a corrida. Com a pole position definida no sábado nos instantes finais do treino classificatório (um dos pontos alto do final de semana), o piloto alemão só teve o trabalho de se garantir na primeira curva. A partir daí abriu uma vantagem segura (o suficiente para não permitir que Hamilton ‘abrisse a asa’) e não cometeu erros. Assim, não foi ameaçado e garantiu a vitória.

3. Brasileiros muito mal

Atualmente existem dois brasileiros na Fórmula 1. Felipe Massa e Felipe Nasr são ‘a esperança de vitória’ do Brasil no ano. Acontece que os dois enfrentaram os mesmos problemas que vem enfrentando ao longo de toda a temporada: a limitação de seus carros.

Conclusão: os dois terminaram a corrida na mesma posição que largaram. Massa na 8ª e Nasr na 13ª posição.

No final, Massa ainda acabou desclassificado por conta de uma irregularidade no seu pneu direito traseiro. A Williams disse que vai recorrer da decisão.

4. Retardatários

Não precisa dizer muita coisa, a distância entre as equipes no final da temporada está tão grande que apenas os quatro primeiro colocados terminaram na mesma volta. Isso mesmo, o líder da prova deu uma volta completa até mesmo no quinto colocado. É verdade que o circuito brasileiro é curto e rápido (cerca de 1min20 por volta), mas isso é um pouco demais até pra Interlagos.

5. Alonso e o drama

Tudo bem, isso foi engraçado. Apesar da McLaren de Fernando Alonso e Jenson Button só ter feito os dois pilotos que já foram campeões mundiais passarem vergonha, o espanhol e o inglês resolveram encarar a constatação com bom humor.

Depois de terminarem o treino classificatório nas duas últimas posições sem nem conseguir marcar tempo, ambos subiram no pódio e comemoraram, o quê? Provavelmente as férias.

Alonso ainda foi além e sentou numa cadeira como se estivesse tomando sol enquanto aguardava ser resgatado pelo Safety Car.

6. Grid Boys

Aqui o Brasil acertou em cheio.

Tentando quebrar um pouco da cultura historicamente masculina do automobilismo, a organização do GP incluiu modelos masculinos no que passou a se chamar “Grid Team”.

As placas de sinalizações que em (quase) todos os lugares do mundo é segurada apenas por mulheres, no Brasil, incluiu os homens. Uma iniciativa justa.

Vale lembrar que não foi a primeira vez que isso aconteceu. No GP de Mônaco desse ano, o grid foi feito apenas por homens. No Brasil foi meio a meio.

7. Homenagem à França

Como não podia ser diferente, o GP foi marcado por homenagens aos franceses que morreram e aos cidadãos de todo o mundo que perderam familiares. Foi respeitado um minuto de silêncio.

O caminhão que dá um volta com os pilotos antes da corrida empunhava uma bandeira francesa com um símbolo de luto e o único piloto francês da categoria, Romain Grosjean, correu com uma tarja preta com a bandeira da França no braço.

8. O público

Se a audiência na televisão diminuiu, pelo menos no autódromo a procura foi maior.

Segundo a organização, 136.410 pessoas foram a Interlagos nos três dias abertos ao público. Supostamente três mil pessoas a mais do que em 2014.

Além disso, como aconteceu no ano passado, os brasileiros invadiram a pista tentando acompanhar o pódio mais de perto.

Neste ano, porém, a organização se mostrou preparada e fez um cordão de isolamento, evitando maiores problemas.

Todos saíram felizes.

9. Obras inacabadas

No dia 4 de novembro, a Federação Internacional de Automobilismo veio até São Paulo para fazer uma vistoria no autódromo de Interlagos. O circuito e a área dos boxes estão passando por reformas e chegou-se até a cogitar que o Brasil ficaria de fora do calendário de 2015.

Mas no final, as obras foram aprovadas e o GP aconteceu normalmente, o que não quer dizer que as obras acabaram. A parte que foi entregue como a ampliação do paddock foi elogiada pelos visitantes, mas a parte importante dela como a mudança dos boxes não foi feita para não colocar em risco a realização da corrida.

Ficou para o ano que vem. Assim como nossas expectativas de um futuro melhor na Fórmula 1.


publicado em 16 de Novembro de 2015, 21:03
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Breno França

Editor do PapodeHomem, é formado em jornalismo pela ECA-USP onde administrou a Jornalismo Júnior, organizou campeonatos da ECAtlética e presidiu o JUCA. Siga ele no Facebook e comente Brenão.


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