Lembrei hoje de um daqueles vários projetos que começamos e logo deixamos morrer.

Em 2006, me juntei a dois amigos que conheci pela lista de discussão Transconhecimento, Fábio Rodrigues e Jaison Carvalho, para explorar o existencialismo, o niilismo, o ceticismo das piadinhas que trocávamos por email, sempre tirando sarro um dos obstáculos do outro. A piada, no entanto, era que todos estavam igualmente na merda. Sem muita pretensão, queríamos apenas descobrir se outros também ririam sem rir.

Surgiu então o Menino de Bigode, tirinha que durou apenas dois meses. Todos escreviam e o Fábio desenhava. Aqui as três que mais gosto:

Porco me importa

Inspirado pelo poema “Pouco me importa”, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa).

Sr. Otário

Entendimento mútuo

A maioria dos diálogos que escrevemos não foi ilustrada. Esse, por exemplo:

A eficácia das metáforas
Menino de Bigode: “As tirinhas são doses homeopáticas de tratados filosóficos.”
Divã: “Mas você não vive dizendo que a homeopatia não funciona?”
Menino de Bigode: “E quem disse que tirinhas funcionam?”

Além do “Somos uma piada, mas as pessoas não riem na nossa frente”, produzimos outras chamadas:

  • “Por um mundo mais mundano”
  • “Pense duas vezes antes de começar a pensar”
  • “Porque tudo é o que parece”
  • “Imprima antes de rasgar”

Nos últimos tempos o Fábio resolveu fazer tirinhas budistinhas para a revista Bodisatva. Eu às vezes ajudo com ideias. O Jaison foi o único que conseguiu parar de perder tempo com besteiras assim.

Gustavo Gitti

Professor de <a>TaKeTiNa</a>

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