Lembrei hoje de um daqueles vários projetos que começamos e logo deixamos morrer.
Em 2006, me juntei a dois amigos que conheci pela lista de discussão Transconhecimento, Fábio Rodrigues e Jaison Carvalho, para explorar o existencialismo, o niilismo, o ceticismo das piadinhas que trocávamos por email, sempre tirando sarro um dos obstáculos do outro. A piada, no entanto, era que todos estavam igualmente na merda. Sem muita pretensão, queríamos apenas descobrir se outros também ririam sem rir.
Surgiu então o Menino de Bigode, tirinha que durou apenas dois meses. Todos escreviam e o Fábio desenhava. Aqui as três que mais gosto:
Porco me importa

Sr. Otário

Entendimento mútuo

A maioria dos diálogos que escrevemos não foi ilustrada. Esse, por exemplo:
A eficácia das metáforas
Menino de Bigode: “As tirinhas são doses homeopáticas de tratados filosóficos.”
Divã: “Mas você não vive dizendo que a homeopatia não funciona?”
Menino de Bigode: “E quem disse que tirinhas funcionam?”
Além do “Somos uma piada, mas as pessoas não riem na nossa frente”, produzimos outras chamadas:
- “Por um mundo mais mundano”
- “Pense duas vezes antes de começar a pensar”
- “Porque tudo é o que parece”
- “Imprima antes de rasgar”
Nos últimos tempos o Fábio resolveu fazer tirinhas budistinhas para a revista Bodisatva. Eu às vezes ajudo com ideias. O Jaison foi o único que conseguiu parar de perder tempo com besteiras assim.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.