Sobre BDSM, Fantasias, Sádicos e Masoquistas

BDSM, Fantasias, Sádicos, Masoquistas.

Submissa ou Dominadora ? submissa-dominadora

Cena 1 - A submissa

“Na cama, nua, vendada e atada à cama, ela tem certeza que é observada. Pode senti-lo perto, guardando-a, mesmo sem ver. As cordas nos pulsos incomodam. Tanto quanto a nudez de estar ali tão exposta incomoda. Será que é ele realmente? Sem o tato e a visão, busca nos sentidos restantes uma identificação precisa. Impossível. Será mesmo o aroma dele? Existe uma só pessoa no quarto? Ainda assim, repleta de incertezas, ao perceber a aproximação, o quase toque daquelas mãos em seu corpo, a respiração próxima a excita. Os mamilos enrijecem, sente melar entre as pernas...”

Cena 2 - A Dominadora

“De pé ao seu lado ela observa. Amarrado à cama, ele, o escravo. Ela percebe a angústia crescente, debatendo-se na tentativa de não se entregar por completo. Completamente à mercê dos caprichos dela. Excitada ao observar os sinais de excitação do corpo dele exposto, arrepiando, buscando as raras informações disponíveis. Se não estivesse vendado poderia ver o sorriso nos lábios dela ao visualizar sua ereção iminente. Excitada com o que ainda está por vir...”

Mas oquequéissu?

Os textos acima são uma fantasia erótica clássica. Adapte a cena para a versão masculina ou feminina que mais desejar e terá uma típica cena D/s - Domínio e submissão. Na verdade apenas uma das facetas do BDSM. Uma sigla de origem americana que significa em sua completude:


  • Bondage – Técnicas de amarração e imobilização

  • Disciplina – Fantasias ligadas à Dominação e Disciplina

  • Sadismo – Aquele que tem prazer em submeter o outro

  • Masoquismo – Aquele que tem prazer em ser submetido

E para que as práticas descritas acima não se tornem uma sessão de tortura desmedida no pior estilo Abu Ghraib. É importante entender que a principal finalidade do BDSM não é a tortura sem sentido, mas sim o prazer de ambas as partes. Afinal, sadismo e masoquismo são duas faces da mesma moeda.

Para isso, outra sigla faz-se presente e necessária, o SSC. Que quer dizer:


  • São, de sadio, saudável.

  • Seguro, de cuidado e segurança.

  • Consensual, afinal de contas, sem consentimento, até papai-mamãe é estupro, né?!

É claro que para quem não curte o BDSM, a simples menção de alguém que tem prazer em ser controlado, humilhado ou sentir dor, foge por completo da sua noção de SSC. Acreditem, mesmo dentro do BDSM o SSC varia de pessoa para pessoa. Cada um tem o seu limite. E exatamente por cada um ter o seu limite existe, enfim, um dos pontos mais importantes a ser acordado previamente. A Safeword, palavra de segurança. Cuidado apenas para não encarar uma Vandersexxx* por aí... risos.

*Cena do filme Eurotrip que faz uma divertida menção ao BDSM e safeword

Fantasias sexuais são mais comuns do que podemos imaginar. Ter uma fantasia fetichista não faz alguém necessariamente um. Ser humano é ser curioso. O fetichista é o cara que tem uma fantasia, não necessariamente sexual, uma tara recorrente com determinada cena ou objeto. O simples fato de imaginar esta cena o excita profundamente, a ponto de elaborar incansavelmente diferentes variações da mesma. Nem todo fetichista é um submisso, mas quase sempre todo submisso é fetichista.

---

Um sádico, um masoquista, um assassino, um necrófilo, um zoófilo e um piromaníaco estão sentados num banco de jardim dentro de um sanatório sem saber como ocupar o tempo.

Diz o zoófilo:

- E aí, vamos transar com um gato?

Então diz o sádico:

- Vamos transar com um gato e depois torturá-lo!

E diz o assassino:

- Vamos transar com um gato, torturá-lo e depois matá-lo!

Diz o necrófilo:

- Vamos transar com um gato, torturá-lo, matá-lo e depois transamos com ele outra vez!

E diz o piromaníaco:

- Vamos transar com um gato, torturá-lo, matá-lo, transar com ele outra vez e atear-lhe fogo! Segue-se um silêncio, todos olham para o masoquista e perguntam:

- E aí?

E diz o masoquista:

- Miau!

Sobre Sádicos e Masoquistas

Foi Sacher-Masoch que tornou imortal a fantasia de Domínio e submissão. Ele, um escritor aristocrata, criou a castigadora perfeita na personificação de Wanda, em sua obra A Venus das peles.

cintosashacordas

O cara tinha o fetiche de servir uma bela, malvada e indiferente mulher que vestia apenas casacos de peles sobre o corpo completamente nu. Um contrato consentido de submissão e a vivência de servidão e castigos. Doido? Não, masoquista! É por causa dele que existe esta denominação.

Já o famoso Marquês de Sade, que à partir de sua obra literária (Justine, Os 120 dias de Sodoma, entre outros) nasceu o termo sadismo foi literalmente um libertino. Sade foi um genial escritor, bom vivant, que liberou toda fantasia erótica e perversa em sua obra. Incomodou muita gente com isso, foi internado em manicômio, mas nem isso foi suficiente para parar sua genialidade e safadeza.

Um Pouco de SM no Cinema:

Teorias Sadomasoquistas

Tenho uma teoria doida sobre sádicos e masoquistas no jogo BDSM. Para muitos pode ser um estilo de vida, para mim é uma fantasia. Tudo é uma grande RPG Erótica. Cada um tem o seu papel específico na cena. O que castiga ou o que é castigado. E encaro como fantasia, pois o verdadeiro sádico é um psicopata, não precisa do consentimento de ninguém. E o verdadeiro masoquista, se faz de vítima em qualquer situação, nem precisa ser erótica.

O masoquista manipula seu algoz jogando no ar o que odiaria amar, o Dominador finge não perceber e faz uso (ou não) das dicas dentro do seu momento. Tudo pela fantasia do poder e controle. Controle da situação e prepotência e acreditar que é o único capaz de levar (ou negar) o outro ao orgasmo com este estranho prazer. No fim das contas, o masoquista se submete, o Dominador manda e todos ficam felizes com a cena.

Sendo assim, deixa quieto os que canalizam todo “estranho desejo sexual” (sadismo, masoquismo, domínio, submissão, impingir e receber dor) para a cena BDSM, não é mesmo? Afinal de contas é um jogo entre adultos, de maneira consensual e que além de tudo possui um botãozinho, safeword, que pode desligar caso algo não agrade.

*É claro que simplifiquei demais, e doido tem em qualquer lugar para complicar, mas como diz o filósofo Zeca Pagodinho: “Cada um com o seu cada um, deixa o cada um dos outros.”

publicado em 09 de Outubro de 2008, 08:14
5df3ffa8fbf96311d9cb34aebd4630e4?s=130

B.

Designer de moda e dominadora nas horas vagas. É editora do site www.avidasecreta.com, onde fala de sexo y otras cositas mas.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura