Sinto vergonha do homem que fui | Caixa-preta #19

Conversamos com o Fernando Siqueira para o Caixa-Preta, nossa série de relatos em vídeos. Ele fala sobre a vergonha que sente do homem que foi e de atitudes que já tomou.

Chegou uma fase do tratamento que eu rezei pra morrer. Porque se eu morresse, não iria fazer falta. 

O Fernando Siqueira, hoje fotógrafo e cofundador de uma escola de fotografia, é nosso décimo nono entrevistado na Caixa-Preta.

Em um relato muito íntimo, fala de diversas angústias que passou. A maior delas foi se encontrar sozinho quando acreditou que iria morrer. Foi aí que decidiu mudar. E passou a sentir vergonha do homem que era. De algumas atitudes que tomava.

“Na criação que eu tive, você tem que se policiar, eu tinha que me policiar o tempo todo. E me manter naquele escopo. Ser duro. Não chorar. O escopo clássico do homem, sabe?”

Momentos que viveu seguindo um único protocolo: é assim que homens se portam. Não chorar, ser rígido, agressivo com as mínimas coisas, enfim, homem-macho. Atitudes que já tomamos e continuamos tomando, em maior ou menor grau, por acreditarmos que é assim que devemos agir.

Foi só nesse momento de falta de conexão, consigo e com o mundo, que refletiu. Encontro na solidão o caminho para se aproximar das pessoas. De uma outra forma, com um outro olhar. E hoje sente orgulho disso.

“Eu lembro daquele cara lá e tenho vergonha dele. Então, ‘ah, você tem um passado que te deu orgulho?’, não, não tenho, velho. Não tenho um passado que me deu orgulho. Orgulho eu tô tendo agora, que você vai mudando, vai aprendendo a evoluir.

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Para ler mais:

Homem-homemescrito por Guilherme Valadares

Homem que é homem... chora. Porra!, escrito por Jader Pires

Como os homens se transformam? (PdH no TEDx)
 

Você conhece homens com histórias que poderiam virar relatos do Caixa Preta? Conta pra gente!

Não é de hoje que o PdH quer construir uma relação aberta e de colaboração com a comunidade. Pensando nisso, e buscando aumentar o alcance de relatos, nós queremos sua ajuda nesse projeto. Com certeza você convive com diversos homens que carregam vivências construtivas. Não seria incrível se essas histórias pudessem ser compartilhadas com mais pessoas?

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A casa agradece. 


publicado em 13 de Julho de 2017, 11:00
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Bruno Pinho

Estagiário do PapodeHomem e estudante de jornalismo.


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