O fascínio que eu tenho pela América Latina não cabe em palavras para um artigo. Fora já oito países visitados e muito amor acumulado.
Lá, no começo de tudo, ainda mais garoto e com um desconhecimento sem tamanho por essas terras, fui de ônibus à Bolívia com amigos, 28 dias de viagem e mochila nas costas que me levaram até Matchu Pitchu, provavelmente uns 5 ou 7 desses dias dentro de ônibus e trens.
Conhecer gente do mundo todo (é uma baita rota de mochileiros, essa), aquele arroubo de estar em outras terras, de estar cercado do desconhecido, de ver uma cultura diferente a cada virada de cabeça, relevos que nunca tinha visto antes, é deslumbre atrás de deslumbre. E daí, no meio dessa coisa toda tão intensa, eu fui levado a conhecer Uyuni.
A cidade fica no departamento de Potosí e abriga duas maravilhas: o Salar de Uyuni, maios planície de sal do mundo, e o deserto de Uyuni, uma região seca e incrível. Estamos distantes de grandes centros, são planícies silenciosas e minimalistas, montanhas de pequeno porte e de picos nevados, arranhando nuvens o tempo todo. Um senhor lugar para a contemplação visual e para as reflexões da mente, o embate saudável entre solidão e solitude, enfim, um baita lugar para se perder e se encontrar, com o perdão do clichê.
No verão, chove bastante no salar e a imensidão branca se transforma em um espelho colossal nos botando mais pertinho do céu, duplicando a paisagem, intensificando as cores. No deserto, os que se aventuram a dar uma caminhada notura com temperatura de vinte graus negativos pode dar de cara com todas as estrelas que o céu boliviano pode abraçar, já que a falta de luz artificial deixa aberto o contato direto olhos-estrelas.
Cacete, bateu uma baita saudade. O pessoal do Vimeo escolheu como Staff Picks (curadoria especial da galera que trabalha lá) esse vídeo de um time-lapse bem bonito do lugar. Se conseguir, descole três minutos para colocar isso em tela cheia e volume bom para entrar o máximo possível na vibe que o vídeo dá. Cheguei a sentir o cheiro do deserto, presente até hoje no poncho que trouxe de lá, quase 10 anos depois:
Eu queria sinceramente saber quais sensações chegam com essa pequena imersão, não só sobre a beleza do vídeo, mas o que surgiu na cabeça e no corpo quando assistiram o tempo que passa por lá.
Seria bem legal bater um papo sobre isso aqui embaixo. Nos vemos?
Gracias!
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