Talvez os caipiras de Hickory Grove, no Arkansas, nunca imaginassem que um conterrâneo viria a ser um dos mais admirados oradores do TED 2011. Shea Hembrey, nascido e criado no meio de tratores e trabalhadores rurais, inventou 100 artistas e suas obras.

Cansado de sair insatisfeito de exposições e museus, Shea passou dois anos no seu estúdio bolando personagens e fazendo peças de artes. Imaginou nomes, paixões, origens e, para cada uma das suas criaturas, concebeu uma obra.

Link YouTube | Shea Hembrey saiu da sua cidadezinha e acabou criando um mundo.

Com isso, montou a bienal Seek —ou melhor, montou o catálogo dela, pois apesar das obras existirem fisicamente, elas não estão expostas. Em Seek, Shea apresenta seus artistas e suas produções. Mas mais do que apreciar as peças —que têm uma qualidade artística inegável—, é importante ressaltar que Shea apenas inventou seus personagens e sua bienal porque não estava contente com a produção de arte atual.

Este sentimento não é incomum.

Mas para revitalizar a arte é preciso derrubar os preconceitos e elevar a outros níveis expressões historicamente marginalizadas. Como aconteceu à boa história em quadrinho que, nos últimos 20 anos, vem lutando (com sucesso) para se equiparar à literatura. Também como deve acontecer daqui a pouco ao graffiti, assim como a todas as facetas do hip-hop, movimento cultural genuinamente popular –ou seja, do povo e para o povo.

Renovar a forma de se fazer cultura é imprescindível para que a própria arte cumpra o seu papel: levar o homem à transcender seu mundo. Mesmo que, para isso, seja preciso inventar outros mundos, novas pessoas…