Seu visual precisa de coerência

Como podemos perceber melhor as informações que passamos com o que vestimos e amplificar essas mensagens

O palhaço italiano clássico usa roupas largas, destoantes umas das outras. Essa vestimenta tem o caráter narrativo de mostrar uma pessoa que provavelmente se apossou de roupas de varal que não eram suas e, por isso, o sapato é grande demais, há listras e quadriculados disputando atenção, tudo salta aos olhos e, por isso, dizem que o vestuário do pobre bufão não é uma escolha, mas uma imposição da sobrevivência. Também temos o caráter de enganar o cérebro com informações desconexas criando, assim, o riso.

Isso por si só já diz muito sobre a coerência que podemos ter quando nos vestimos, pois até o palhaço usando roupas malucas consegue passar exatamente o que ele quer dizer: uma pessoa atrapalhada e inocente. Se o artista que interpreta essa personagem sair para um encontro em um restaurante com o mesmo figurino, tudo muda. Mas, no picadeiro, a informação é precisa.

É o que tentamos ou podemos fazer todos os dias. Falar com o que vestimos e tentar passar a informação mais correta para o recorte do momento em que estamos. A tal qualidade significativa que tanto falamos, a simbologia que queremos passar e a clara leitura disso nos olhos de quem nos vê.

Tudo em seu devido lugar

A ideia de coerência serve para dialogar em pontos específicos que amplificarão a nossa fala, que só deixará ainda mais claro o que queremos dizer, mantendo a temporalidade das vestimentas (o exemplo da túnica do link acima exemplifica muito bem) e o recorte em que elas se encontram (como usar um terno, que te deixa bem vestido, mas que, na praia, fará com que o encontro de informações não funcione). 

Ele estaria bem vestido em Manchester, mas estaria bem vestido em alguma ilha do caribe?

 Vale reforçar que não estamos falando em erro, mas incongruências que enfraquecem a mensagem passada. Reparei bem nisso quando o Bruno Passos avaliou o que eu estava vestindo em seu Minha Roupa Diz. Eu estava vestindo uma camiseta com a estampa do James Dean, além de jeans (roupa jovem) e um par de botas (calçado de trânsito, de pé na rua, de movimento). Ele comentou que a adição de um relógio nessa composição soaria destoante ou enfraqueceria toda a informação "rebelde". 

Neste caso, eu evitaria um relógio. Ele poderia deixar o visual sem coerência, afinal, o rebelde quer mesmo saber que horas são?
Já um acessório pequeno terá o mesmo peso que o alargador como peça contrastante em relação a barba e cabelo, e não afetará a coerência da personalidade proposta.

O perfume amadeirado que você usa quando sai com uma garota e denota carinho ou o cuidado que você teve só para ir se encontrar com ela, o tamanho da roupa (qualidade física), seu material, tudo vai contar um pouco do que você ainda nem disse.

O contraste é benéfico

Enquanto algumas informações do estilo podem enfraquecer a mensagem, há o contraste de informações que, combinadas, potencializam ambos os recados que você quer dar. Imagine que, com tudo perfeitamente organizado, o que estiver diferente vai saltar certamente. Basta sacar quais combinações de informação queremos e podemos passar. 

Imagine um cara que está vestindo uma roupa social impecável, camisa bem alinhada, branca clássica, limpa, calça bem cortada, o sapatão lustrado e com cara de caro. Mas sua cabeça ostenta um corte de cabelo moderno até o osso, bem raspado, uma faixa de cabelo penteado para trás. Ora ele é formal, mas está em 2015, pode muito bem ser um homem de negócios que não precisa ficar preso ao formal demais. Ele continua formal e continua um cara moderno. 

Ser formal não quer dizer ser ultrapassado, então são informações que se beneficiam.

Aqui, o encontro de informações funciona e ficam mais potentes

Lembrando que não há juízo de valor nas escolhas, certo ou errado para qualquer conjunto de peças que formarão seu vestuário, mas apenas um pequenino estudo sobre o que pode ajudar ainda mais na mensagem ou fazer o oposto. 

Basta apenas dar uma olhada nova no espelho e reparar mais a fundo o que você está dizendo sem falar nada.

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Esse é o Bruno. Será uma conversa sem rodeios, venham preparados

Onde? na casa do PapodeHomem, que fica na rua Monte Alegre, 1370, Perdizes. Na cidade de São Paulo.

Quando e que horas? No dia 01/04, uma quarta-feira. A recepção começa às 19h. A conversa mesmo começa às 19h30, pra todo mundo ter tempo de chegar.

Quantas pessoas? Vamos selecionar apenas 20 dentre os inscritos no formulário abaixo, por limitações de espaço. Nossa escolha será pautada pela diversidade, para compor um grupo diverso, com pessoas que tenham diferentes relações com estilo – desde quem já é íntimo com o tema a quem não sabe nada, mas está aberto.

Quanto custa? Nada, esse é por nossa conta.

Mecenas: Malbec Absoluto

O estilo e a coerência estão nos pequenos detalhes, eles são parte do repertório que separa homens comuns de homens marcantes.

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publicado em 24 de Março de 2015, 11:23
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Jader Pires

É escritor e colunista do Papo de Homem. Escreve, a cada quinze dias, a coluna Do Amor. Tem dois livros publicados, o livro Do Amor e o Ela Prefere as Uvas Verdes, além de escrever histórias de verdade no Cartas de Amor, em que ele escreve um conto exclusivo pra você.


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