Selena Gomez mais disposta a fazer sexo que o seu parceiro

É um hábito problemático. Se um dos parceiros fica sabendo, pode ficar louco. Mas justo no clímax da coisa, uma imagem escorrega para dentro da mente e domina a imaginação: sexo com a Selena Gomez. Suas pernas ágeis e bronzeadas, seu abdômem definido, seus cachos tímidos... Ainda que o parceiro possa ser pego em suas próprias fantasias, essa imagem poderia, ainda assim, surpreender tal pessoa. Mais ainda o mundo.

É estranho porque nós crescemos pensando, apesar de tudo, que o sexo deveria ser uma expressão de amor. A pessoa que mais amamos deveria, por direito, também ser aquela que nos dá mais tesão.

Mas infelizmente não é bem assim. Na verdade, parece que quanto mais alguém ama outra pessoa, vive com ela, tem filhos com ela, visita sogros com elas, compartilha decisões sobre gerenciamento doméstico com ela e vai bem vestido a encontros familiares com ela, menos fácil é fazer amor com essa pessoa. Aqueles a quem mais amamos podem muito bem ser as pessoas mais difíceis de se fazer amor. É por isso que, de noite, existe a Selena — ou talvez o Taylor Lautner.

Por que relacionamentos de longo prazo e sexo não andam estritamente juntos? Parte do problema é que o sexo nos torna altamente vulneráveis (como se você estivesse exposto para que tirassem sarro da sua figura). Nós definitivamente não queremos ser vulneráveis com alguém com quem travamos uma dura negociação sobre o que fazer no fim de semana ou argumentando sobre quanto dinheiro foi gasto no carro.

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Ela mal pode esperar por você

Selena Gomez, Taylor Lautner e todas as outras celebridades têm uma enorme vantagem sobre os nossos parceiros da vida real: nós não precisamos gerenciar uma casa ou entrar na realidade de nossa história emocional. Nós podemos contornar suas fraquezas e peculiaridades.

Nós não temos fantasias com celebridades porque temos relacionamentos falhos. Nós as temos porque temos relacionamentos de sucesso. Se um relacionamento vai bem o bastante, ele inevitavelmente irá focar em um monte de coisas importantes — gerenciar uma vida a dois, lidar com a casa, administrar dinheiro. Quando os relacionamentos dão certo, o sexo escapa.

Fantasiar sobre sexo com um desconhecido não é sinal de que estamos a caminho de abandonar nossos relacionamentos e ir morar com o objeto de nossa imaginação erótica. É um devaneio — intencionalmente ignorante sobre quem a pessoa desejada realmente é e como deveria ser estar com ela. A fantasia ajuda as pessoas a permanecerem juntas; isto não é motivo para sentir culpa.

Este texto foi originalmente publicado no Philosophers Mail e traduzido por Elder Martins sob autorização do autor.


publicado em 25 de Maio de 2014, 06:46
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Alain de Botton

Pensador com uma visão afiada sobre as questões mais urgentes de hoje, escritor de livros e ensaios, fala de educação, notícias, arte, amor, viagens, arquitetura e outros temas essenciais da "filosofia da vida cotidiana". Também é fundador da School Of Life, escola dedicada a uma nova visão de formação humana.


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