Schumacher deu passagem pra Vettel, o tricampeão mais novo de todos os tempos

Temos o tricampeão mais jovem da história da Fórmula 1. Não ganhou, fez um burocrático sexto lugar freado por sua equipe que a todo tempo pedia para ele aliviar o pé e manter o carro na pista molhada de Interlagos.

Depois de ficar em último, ter o carro avariado e fazer uma corrida de recuperação – até certo ponto tranquila, já que seu carro (mesmo arrebentado) ainda era melhor que os outros do pelotão de trás – o menino tricampeão só esperou a bandeirada. Sem pódio, sem champanhe. Com alegria, só comemorou mesmo com seus companheiros nos boxes.

O novo tricampeão mais novo da Fórmula 1

Mas a corrida merecia algo mais digno.

Essa dignidade veio dos pequenos marcos que ali aconteceram e que, somados, abrilhantaram de verdade essa última etapa. Fatos como o final melancólico de Bruno Senna, mostrando que um nome forte não vence um bolso forte. As palmas e os cumprimentos sinceros dos mecânicos quando Lewis Hamilton chegou aos boxes após ser tirado da prova. O choro bobo, mas sincero, de Massa no pódio. E a aposentadoria de um dos maiores nomes da F1, Schumacher.

Aliás, foi dele o brilho oculto dessa corrida. Um gesto que quase ninguém viu ou, se viu, não deu a merecida importância.

Em determinado momento, o jovem tricampeão estava atrás do velho alemão. Um instante de tensão, já que é conhecida a marra e o sofrimento de passar o Schumi. Ainda mais se tratando da última corrida, o último suspiro de uma volta, que todos julgam equivocada e atrapalhada, que ele queria pelo menos acabar bem.

Eis que o Heptacampeão, abre e deixa o compatriota passar.

Camaradagem alemã? Não! Não se resume a isso. Agora, numa interpretação pessoal, penso que tinha mais significado naquele gesto do que posso imaginar.

Deixando toda minha paixão pelo esporte que acompanho desde que me entendo por gente e a minha admiração pelo meu ídolo desde que o grande Senna se foi falar mais alto, penso que naquele momento o grande alemão dava a sua aprovação ao garoto. Era como se, com aquele gesto, ele baixasse a guarda e passasse a ele a responsabilidade de levar a bandeira alemã ao topo do pódio.

Um gesto sutil, mas cheio de significado. Segundos que marcaram o fim de uma era. Uma típica saída à la anti-herói. Sim, pois para muitos, o alemão era a cara do Imoral, o Dick Vigarista, o arrogante.

"Foi natural abrir caminho" –Michael Schumacher

Mas hoje, enxergando com olhos de adulto, vejo que Senna era tão "mal" quanto Schumi. Ambos fizeram de tudo para vencer, estar no topo era o que importava, o resto era apenas paisagem inclusive os outros pilotos. Mas minhas comparações acabam por aqui.

Anti-herói ou não, Schumi saiu pela porta dos fundos, mas com a elegância e sobriedade de quem não precisa provar mais nada e, sim, lidar com a aposentadoria. O atestado definitivo de que você já está velho demais pra fazer o que você sempre fez.

Por fim, iconicamente, o grande Heptacampeão Michael Schumacher terminou a corrida em 7º lugar. À frente dele, Vettel. o garoto prodígio, o ídolo, o menino de ouro, bonzinho e educado. Leal? Aí já não sei.

Basta irmos num passado não muito distante e ver o que ele já andou fazendo e dizendo, mas isso não vem ao caso, deixa o garoto brincar.

Mas... até quando?

Bonito como as coisas mudam

Todos os campeões da Fórmula 1

Nota do Editor: Preparamos uma imagem listando todos os campeões da Fórmula 1. Agora é só decorar e fica mais fácil fazer bonito na mesa de bar, citando o nome dos caras e os anos em que foram campeões. 


publicado em 27 de Novembro de 2012, 14:05
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Calixto Neto

26 anos, publicitário, cuiabano e insiste em acreditar que tem sotaque carioca. Fã de uma boa conversa e de uma boa cerveja, sonha em ser dono de botequim só para poder andar com um paninho no ombro e lápis atrás da orelha. Atende no @calixtobn.


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