Entre um chopp e outro, os dois começaram a lembrar, sorrindo, do dia anterior:

– Rapaz, que micareta a de ontem, hein?

– Pois é, beijei muito.

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Caralho, micareta ontem foi afudê, tô acabado.

– Eu também, até perdi a conta de quantas eu peguei.

– Ah, eu deixei de contar depois da quinta. A minha língua continua inchada, até agora.

– É, meu amigo, provavelmente, a gente se beijou por tabela então.

– Ah, pára com isso!!!

– Mas é verdade…

– Tá, é capaz, mas não precisa me lembrar, pô. Cada observação, hein?

– Ih… o que foi? Não precisa ficar nervosinho.

– Como não? Eu aqui, lembrando da mulherada que a gente pegou ontem, e me vem você insinuar que, muito provavelmente, a gente se beijou?

– É, mas por tabela. Por tabela!!! Calma.

– Que seja. Nojento isso. Só de imaginar que parte da sua saliva veio parar na minha boca… Putz…

– Ah, que esperança. Parte da minha saliva? Se bobear, você deve ter engolido um copo dela. Um copão, sabe? Desses de vitamina.

– Pára, cacete!

– Mas é verdade. Pelo que percebi ontem, a gente fez a limpa na mulherada que estava ao nosso redor. Coisa de dupla dinâmica. Exterminadores, meu chapa! Provavelmente, as que eu beijei você beijou também. Com repeteco e tudo mais.

– Tá, tá… beleza, vamos mudar de assunto?

– Não entendo. Eu aqui, falando na maior naturalidade sobre isso e você aí, todo incomodado. Eu também devo ter engolido saliva de você e nem me importo. Eu, hein? Parece insegurança.

– Insegurança de quê?

– Da sua condição de macho, ué. Pelo meu lado, posso te dar um beijão agora, de língua, que o meu negócio continuará sendo mulher. MULHER!

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– Ih… sai pra lá! Pára de beber, vai.

– A sua cabeça é muito fechada, meu amigo. Estamos no século 21! E mais uma coisa, você beijou por tabela um monte de cara lá. Eu só fui um deles. Coisas da micareta, meu caro! Micareta!

– Olha, pra todos os efeitos, eu não estive na micareta de ontem, ok?

– Ah, eu estive. E como estive! E fechei com chave de ouro. Com a Carlota! Com ela, rolou o beijo mais demorado. Uns cinco minutos. Ô delícia!

– Ah, é???

– Por que esse sorriso? O que tem ela?

– Eu fiquei com ela também.

– Ah, que novidade. É claro, né?

– Então, mas foi mais pro fim. Provavelmente um pouco antes de você.

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“Pegador não perdoa, passa o rodo!” – Alexandre Frota (G Magazine)
fonte

– E daí?

– E daí que não foi uma ficada só.

– Como assim?

– Sabe como é… a coisa foi esquentando, esquentando… fomos pra um canto escuro, onde não tinha ninguém, e… enfim, lá ela me mostou o porquê de muita gente chamá-la de… Carlota Bola Gato.

– Carlota Bola Gato??? Eu não sabia disso…

– Isso aí, bola gato, ball cat, boquete…

– Tá, tá, eu sei… não precisa me explicar… Então quer dizer que… eu…?

– Sim, por tabela.

– …

– Então, foi demorado o beijo entre vocês, né? Uns cinco minutos?

– Garçom, a conta!

Tuca Hernandes

<b>Tuca Hernandes</b>, autor do <a>blog Fiapo de Jaca</a> , já foi veterinário de avestruzes, cantor de banda de rock e a criança mais bonitinha da família. Hoje em dia, atua como redator para os três leitores do blog dele, já conformado por não ter sido um dos Beatles e não ter encontrado aquela maleta com cinco milhões de dólares.