"Saio da casa dos sogros com meu filho e volto a morar com minha mãe?" | Mentoria PdH #26

"Quero viver a minha vida e não ser marionete dos outros. Não quero mais viver esperando que alguém decida sobre mim. O que faço?"

Nota editorial: os Mentorias até agora têm sido perguntas de homens. Hoje experimentamos algo novo, o dilema relacionado a co-dependência emocional, pela perspectiva de uma mulher. Pedimos a empatia e consideração de vocês ao se colocar no lugar dela, para termos uma boa troca nos comentários.

Lembrando, a Mentoria não é sobre "dar conselhos e resolver o caso do outro", é sobre abrir as nossas experiências pessoais com o assunto, nos colocando também vulneráveis.

* * *

Pergunta da semana:

"Olá!

Li sobre pessoas aflitas e sempre tive vontade de escrever para ouvir um pouco sobre as experiências de vida de outras pessoas.

Me senti envergonhada por muito tempo antes de criar coragem de escrever por achar a minha situação ser mais ligada à imaturidade amorosa do que um problema sério de vida.

Vamos a questão... Tenho 28 anos, 1 filha e estou numa relação há 9 anos.

Foto por Sai de Silva

Namorei por toda a minha adolescência com o pai biológico da minha filha.

Uma relação 100% tóxica, mas foi aquela coisa do primeiro amor. Foi brabo até eu conseguir largar desta relação. Todas as minhas amigas viajando, se descobrindo e eu vivendo em função de uma única pessoa que vivia num mundo muito diferente do meu.

Saí desta relação aos 20 anos com uma filha.

Nesta época do primeiro relacionamento/adolescência, vivia numa cidade pequena, que é a minha cidade natal que tanto amo. Morava lá com a minha avó e a minha mãe já morava numa cidade maior (2 horas de distância). Depois que a minha filha veio ao mundo nasce em mim um amor maior do que tudo que já havia sentido e resolvi recomeçar. E voltei, depois de 8 anos, a morar com a minha mãe.

Morávamos eu, minha mãe, minha filha e o meu irmão. Minha mãe me ajudou muito e sempre me incentivou a não retornar ao relacionamento anterior e a ir viver. Foi o que fiz.

Comecei a sair, curtir, papear com amigas até as madrugadas, viajar com amigas, programar jantares só para rir. Tudo que mais amava era ser solteira.

Para melhorar só arrumando um  emprego para bancar as minhas mordomias, já que minha mãe me ajudava demais com a minha filhota.

Arrumei um emprego e, para resumir, comecei um relacionamento com o meu chefe (hoje ele tem 30 anos). Não foi tão de cara assim, mas não demorou nenhum ano para que a gente começasse a se relacionar.

Um relacionamento saudável, viagens românticas, presentes incríveis, companheiro para todas as ocasiões. Neste meio de relacionamento a minha mãe foi morar na minha cidade natal (onde eu morava com a minha avó/ a cidade que eu amo haha).

E eu fiquei com a promessa de casamento.

Ir com a minha mãe seria sair do meu emprego e dar um regredida na minha relação que era boa. Já fazem 4 anos que minha mãe foi e que estou encostada na casa dos meus sogros.

Todos adotaram a minha filha como se fosse da família. A cada dia que passa sinto que a minha dívida com eles aumentam, mas não suporto mais viver da maneira que estou.

Já faz 3 anos que a casa que íriamos morar está em reforma. Não por falta de grana, mas por falta de coragem do meu namorado. Realmente não consigo entender a situação.

Meus sogros são bem de saúde, mas super dependentes do meu namorado. Vivemos numa prisão onde controlam todos os nossos passos. Eles sufocam a gente.

Há dias nos quais a minha voz nem consegue sair da minha boca, enquanto os meus ouvidos explodem com os problemas dos outros. Meu namorado já deixou bem claro que após o nascimento do sobrinho a prioridade dele seria essa (?????? o garoto tem pai e mãe que moram super bem no próprio cantinho). Não quero mais essa situação.

Quero voltar para a minha cidade, para a minha família, para o meu cantinho.

Gente, tem dias que eu sinto palpitação no peito. São situações que vocês ficariam de boca aberta de ver. Minha sogra é acumuladora e compulsiva.Compra roupas de luxo e cata lixo na rua.

Cada vez me perco mais nisso tudo. Estou deixando de ser quem eu era. Sinto uma tristeza enorme dentro de mim.

Vejo minha filha crescendo e tendo que dormir num colchão no chão do nosso quarto e sem ter nenhuma organização. Tenho coisas dentro de mala. Tudo que é meu está meio que jogado, estou ficando descuidada por viver no meio de bagunça. Sinto que estou sendo sugada e cada vez mais presa nisso tudo.

O que me impede de ir embora é a escola da minha filha e os nossos planos de saúde. Emprego eu arrumo outro, mas enquanto isso terei que colocá-la num colégio publico e dependerei que ela não adoeça.

E fora que uns me chamam de doida por abandonar tudo e outras aconselham sair disso o mais rápido possível. Que não sabem como eu consigo viver nesta situação. Eu grito por socorro.

Foto por Sai de Silva

A saída só depende de mim mesma, mas tenho medo de sair do meu emprego e me sinto fraca em arrumar minhas malas e sair fora. Sinto que o meu sonho é sair disso tudo hoje! Que quando eu pegar o caminho de casa eu irei gritando de alegria.

Eu amo meu namorado, mas sinto que não é o amor que me prende a essa situação. Penso que herdei essa falta de coragem do meu relacionamento anterior. O meu atual nem me pede para ficar. Ameaço ir embora e ele nem tchum... Só diz para eu não me arrepender.

Gente, o que faço? Preciso de um choque de realidade.

Quero viver a minha vida e não ser marionete dos outros. Não quero mais viver esperando que alguém decida sobre mim. Quero ir embora deste lugar. Não quero voltar para essa casa nem hoje e nem nunca mais.

Vivemos “bem” como namorados, mas a bagagem que ele carrega pesa demais. E já entendi que não sou prioridade em nada. Queria poder explicar direitinho tudo que eu passo, mas ficaria cansativo.

É uma vida de casada que eu posso estar jogando fora. Ainda viajamos, rimos, mas não sou feliz."

— Luisa

Complemento especial sobre co-dependência emocional:

Leia esse maravilhoso texto do Gustavo Gitti sobre "emancipação emocional". E, caso se conecte com ele, sugiro fortemente conhecer o lugar.

Sim, é o Fred Mattos, psicólogo e colunista da casa, abrindo mais uma bela conversa que se conecta ao Mentoria PdH:

 

Como responder e ajudar no Mentoria PdH (leia para evitar ter seu comentário apagado):

  • comentem sempre em primeira pessoa, contando da sua experiência direta com o tema — e não só dizendo o que a pessoa tem que fazer, como um professor distante da situação
  • não ridicularizem, humilhem ou façam piada com o outro
  • sejam específicos ao contar do que funcionou ou não para vocês
  • estamos cultivando relações de parceria de acordo com a perspectiva proposta aqui, que vai além das amizades usuais (vale a leitura desse link)
  • comentários grosseiros, rudes, agressivos ou que fujam do foco, serão deletados

Como enviar minha pergunta?

Você pode mandar sua pergunta para posts@papodehomem.com.br .

O assunto do email deve ter o seguinte formato: "PERGUNTA | Mentoria PdH" — assim conseguimos filtrar e encontrar as mensagens com facilidade.

Posso fazer perguntas simples e práticas, na linha "Como planejo minha mudança de cidade sem quebrar? Como organizar melhor o tempo pra cuidar de meu filho? Como lidar com o diagnóstico de uma doença grave?" ?

Deve. Queremos tratar também de dificuldades práticas enfrentadas por nós no dia-a-dia.

Então, quem tiver questões como essas, envie pra nós. Assim vamos construindo um mosaico mais amplo de assuntos com a Mentoria.

Mentoria PdH é foda! Onde encontro mais perguntas e respostas?

Só entrar na coleção Mentoria PdH.

Luisa, um presente pra você:

Vamos oferecer o ebook "As 25 maiores crises dos homens — e como superá-las", produzido pelo PdH.

Se deseja adquirir ou presentear alguém que possa se beneficiar, compre a sua edição aqui.

Para conhecer mais sobre o conteúdo do livro e tudo que vai encontrar lá dentro, leia esse texto.

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publicado em 29 de Outubro de 2018, 18:24
File

Guilherme Nascimento Valadares

Editor-chefe do PapodeHomem, co-fundador d'o lugar. Membro do Comitê #ElesporElas, da ONU Mulheres. Professor do programa CEB (Cultivating Emotional Balance). Oferece cursos de equilíbrio emocional.


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