Compositor de letras fantasiosas, sujeito difícil de lidar, egocêntrico, temperamental, competente. Estas palavras descrevem Ronald James Padovan, que humildemente acrescentou ao seu nome a palavra Dio (“deus”, em italiano), que se tornaria sua derradeira alcunha.

Dio morreu de câncer hoje, aos 67 anos de idade, e deixa um legado tão marcante quanto sua personalidade.

Arco-íris de chumbo

Dio começou sua carreira musical ainda nos anos 50, em Nova York. Banda vai, banda vem, eventualmente estava cantando no Elf quando abriu uma turnê para o Deep Purple, ali por 1969. Nesta ocasião conheceu um dos guitarristas mais talentosos do século passado, Ritchie Blackmore.

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Ritchie precisou de 6 anos para tomar coragem e recrutar Dio e outros integrantes do Elf para sua própria banda ultra-mega-fodástica: Rainbow. Riffs fortes, bateria foda, letras fantásticas e vocais na medida certa. É como alguém tirasse toda a viadagem do Led Zeppellin e só sobrasse rock puro.

Rock. Puro. Muito foda.

Black Sabbath

Ali pelo final da década, o clima na maior banda malvada do mundo, o Black Sabbath, estava pesando. Ozzy não aguentou mais o bullying de Tony Iommi e partiu para carreira solo. Iommi recrutou Dio, que ainda detonava no Rainbow.

Junto com Iommi, Dio trouxe duas contribuições seminais para o rock pesado: o ultra-poderoso disco Heaven and Hell (que depois deu nome a uma reunião com o Sabbath) e o sinal dos chifres.

Dio foi o grande popularizador do sinal dos chifres. Procure no Google Images: em 66,6% das fotos ele aparece fazendo o sinal.

Deus solo

Após 2 discos com Iommi, Dio sai por questões de relacionamento e começa uma carreira solo. Ainda leva o baterista Vinny Apice junto e deixa o Sabbath em frangalhos.

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Assim como ex-vocalista anterior da banda, Ozzy Osbourne, Dio consegue produzir uma sequência exuberante de bons discos. Holy Diver, por sinal, é um disco excepcional e merece estar em qualquer audioteca de peso.

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Resabathizer

Dio volta ao Black Sabbath no início dos anos 90 buscando forças para continuar na ativa. O mote era o disco e a turnê de Dehumanizer, um dos álbuns mais pesados já criados. No final da turnê, ele novamente sai da banda.

Dio: “O que Iommi quer de verdade é ter Ozzy de volta.”
Iommi: “Dio é um pequeno Hitler, não dá para trabalhar com ele.” (Dio media 1,50m)

Dio remonta sua banda solo e continua lançando bons discos. Iommi, isolado, põe o Sabbath no congelador até os anos 2000.

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Entre o céu o inferno

Em 2007, Iommi e Dio tentaram novamente fazer a coisa dar certo e lançaram o discaço The Devil You Know. Para evitar os erros do passado, decidiram focar apenas no próprio conjunto. Mudaram o nome da banda para Heaven and Hell e saíram mundo afora tocando apenas as músicas criadas por eles. Nada de Ozzy, nada de “Paranoid”.

Pequeno Hitler

Tive a oportunidade de ver o pequeno Hitler em ação 2 vezes. A primeira foi no Opinião em Porto Alegre, durante a turnê do seu disco Magica. Disco mais ou menos, banda boa, público ruim. Resultado: muito esforço e um set curto.

Depois o vi em ação com o Heaven and Hell em São Paulo, em 2009. Presença de palco marcante, forte mesmo. Apesar de baixo, magro e feio, estava pulando e cantando tão bem quanto sempre.

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Ele estava com 66 anos na ocasião.

Hoje se tornou imortal.

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Daniel Bender

Jornalista, Diretor de E-commerce e Caçador de Descontos no <a>1001 Cupom de Descontos</a>. Sempre disponível para conversar no boteco. "