Não dá pra negar que a internet tem sido fundamental nos movimentos de mulheres mais recentes. As manas estão usando a ferramenta pra se unir não só em torno do feminismo, mas também de temas relacionados à recuperação da autoestima e criação de laços de amizade mais verdadeiros entre as mulheres.
Estamos desconstruindo competitividade, pensando novas formas de nos sentirmos seguras nos espaços públicos e estabelecendo os direitos aos nossos corpos – seja por meio de conhecê-los mais a fundo e decidir o que é melhor pra cada uma ou mesmo o respeito de não tê-los expostos a quem não escolhemos pra isso.

A liberdade sexual feminina, ainda que controversa, trouxe pra roda um espaço pro nosso próprio desejo: também temos libido, também sentimos tesão, e queremos protagonizar o sexo tanto quanto os homens.
O online, por outro lado, trouxe a manifestação da sexualidade no espaço virtual e com todas as suas dores e delícias vieram os riscos.
Com o tempo a gente pega as manhas e passa a mandar nudes sem cabeça, mas milhares de pessoas ainda têm sua intimidade exposta por gente que não é capaz de ver nenhuma beleza na relação de confiança que pode existir por trás de um nude. E isso vem causando impactos pesados na autoconfiança e vida social de muita gente, principalmente meninas adolescentes.
E aqui não adianta culpar a vítima por ter sido exposta: é uma questão de decência humana prezar pelo respeito por quem você troca carinho, desejo e votos de confiança, seja esse alguém um companheiro de vidas ou um mistério por trás de uma tela.
Não queremos ouvir que “você sabia do risco”, “se mandou é porque queria sofrer”, “você não se dá o respeito”. Porque isso não é motivo. Porque a justificativa é uma só: violência e desrespeito.
Aqui no PapodeHomem já publicamos sobre como denunciar crimes digitais, e agora tomo a licença de voltar ao assunto porque o Think Olga, projeto produtor de conteúdo empoderador pra mulheres, lançou a genial hashtag #mandaprints, uma campanha de resistência feminina contra a violência online.
A luta é contra a violência moral, como o cyberbullying, difamação, ameaças online e revenge porn. O incentivo é pra que as mulheres não sofram caladas, mas levantem a voz pra que o problema seja conhecido e discutido e pra que outras mulheres saibam que não estão sozinhas.
A campanha convidou a advogada Gisele Truzzi, especialista em direito digital, para orientar outras pessoas que passem por situações de abuso virtual. A internet não é uma terra sem lei e esses crimes já estão previstos na nossa legislação. Os criminosos são passíveis de denúncia de julgamento.
O Think Olga lançou o vídeo na última semana, enriquecendo o repertório de informações e indicando as ferramentas necessárias pra que nos protejamos. Vale não só assistir, mas compartilhar nas suas redes, mostrar pra esposa, namorada, amigas, mãe, irmãs. Empodere as mulheres ao seu redor.
Se você for alvo de desse tipo de violência, sendo homem ou mulher, lembre dos primeiros passos a serem tomados:
- Tire prints de todo o conteúdo;
- Armazene esse conteúdo. Ele é prova do crime;
- Registre um boletim de ocorrência em uma delegacia com as provas e também uma Ata Notarial;
- Procure um advogado especializado em direito digital.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.