Jameel McGee e Andrew Collins são amigos e trabalham juntos no Cafe Mosaic, na cidade de Benton Harbor, em Michigan, EUA. A relação dos dois pode ser definida como amorosa. Eles trocam high fives, abraçam um ao outro e, volta e meia, até chegam a dizer que se amam. 

Dez anos antes, a história era bem diferente.

Andrew foi o policial responsável por acusar e prender injustamente Jameel, forjando um falso flagrante de tráfico de crack. Jameel pegou dez anos.

Enquanto isso, Andrew foi pego por sua conduta e, por sua vez, condenado a 18 meses na prisão. Uma semana depois (e com quatro anos de sua pena já cumpridos), Jameel foi solto.

Esta poderia ser mais história de rancor terminada em vingança. "Eu perdi tudo. Meu único objetivo era procurar por ele quando chegasse em casa e ferí-lo", afirmou McGee à CBS.

Porém, os dois acabaram acertando suas diferenças, graças a uma certa dose de acaso. Por uma coincidência, os dois foram parar no mesmo programa da Jobs For Life, uma ONG cristã com foco em preparar e conectar pessoas a empregos. Esse contato levou Andrew a pedir perdão. "Eu disse, 'Honestamente, eu não tenho explicação, tudo o que posso dizer é que sinto muito'".

McGee, contrariando as expectativas, aceitou.

Este pequeno documentário, de apenas 60 segundos, conta a história.

 

Abaixo fizemos uma tradução livre da fala no vídeo:

"Meu nome é Andrew Collins, eu tenho 34 anos e eu sou um ex-policial de Benton Harbor, Michigan. Eu tinha 25 anos quando perdi meu emprego. Era um caso no qual eu acusei falsamente alguém por posse de crack com a intenção de tráfico e isso fez com que ele pegasse dez anos de prisão. Por causa das minhas mentiras.

Eu acabei sendo pego em fevereiro de 2008 e Jameel foi solto uma semana depois que eu fui para a cadeia.

Deus tem um senso de humor engraçado. Por algum motivo, acabamos no mesmo programa da Jobs For Life. Eu só me lembro de pedir por perdão, muitas e muitas vezes. Ele continuava dizendo 'pare, acabou, está perdoado'. Eu sentia que precisava fazer mais, mas ele continuava a dizer que não havia nada mais que eu pudesse fazer.

Então, agora, como pastor, posso dizer para as pessoas que se o Jameel pode me perdoar, como você pode guardar esse rancor?

Eu decidi que o meu passado vai ser a minha plataforma. Não vai ser mais minha prisão."

É comum ouvirmos que homens não devem deixar seu orgulho ser ferido, que o outro deve pagar, no mínimo, na mesma moeda. Seja uma traição, uma mentira ou até mesmo um erro honesto, costuma ser pregado o bom e velho olho por olho para essas situações. Homem não leva desaforo pra casa.

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Há até um termo pra isso: "bundão", aquele que aceita tudo passivamente. 

Mas também sabemos a corrente de danos irreversíveis que as retaliações levam à vida não só das pessoas envolvidas, mas também de outras ao redor que, em casos extremos, acabam perdendo amigos, pais, filhos, tios, sobrinhos etc. 

Longe disso significar uma relativização a toda e qualquer injustiça. Talvez, o que quer que tenha acontecido com você, de fato seja grande demais e não mereça perdão. Cabe a você decidir. 

Mas pode ser que exista uma pequena chance de que o perdão seja a chave que você precisa para uma vida com menos raiva e ódio.

Jameel, por exemplo, ganhou um amigo. E Andrew aprendeu a sua lição.

Mecenas: Natura Homem

Natura Homem acredita que existem tantas maneiras de exercer as masculinidades quanto o número de homens que existem no mundo.

Ser capaz de demonstrar afeto e perdão ao invés de vingança é, ao mesmo tempo, uma maneira benéfica de superar obstáculos e de ressignificar a nossa presença no mundo. Com valores como sinceridade, amor e perseverança como guias, não é preciso se ancorar em demonstrações de força, raiva ou valentia.

Ser homem pode ir muito além do que dizem ser "macho".

Redação PdH

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