Sempre fui um early adopter de novas tecnologias, gadgets, inovações e lançamentos curiosos. Muitos dos produtos que já experimentei ao longo das minha incursões no mundo da computação não vingaram. Entretanto, vi alguns desses produtos sairem da garagem de adolescentes para revolucionar nossos cotidianos.
É incrível a sensação de apostar em uma tecnologia que, alguns anos depois, mudam uma série de paradigmas e pressupostos que temos como perenes.
O Linux foi uma dessas iniciativas que vi sair da garagem. Quando comecei a engatinhar no mundo da tecnologia já começava a ouvir sussurros sobre os feitos do tal finlandês Linus Torvalds. Algum tempo depois, experimentei minha primeira distribuição Linux: o Conectiva Guarani 3.0. Não gostei. Passei por Red Hat, Slackware, Suse, Conectiva novamente, Red Hat outra vez, fui para o Gentoo e terminei por dar um tempo nas minhas empreitadas no universo do pinguim.
Sempre admirei a iniciativa da comunidade internacional de Software Livre em dedicar-se plenamente a esse sistema operacional que, junto com o Mac OS X, começa a ameaçar o reinado da Microsoft e sua família Windows. Todavia, o Linux sempre possuiu um grande problema.
A exigência de conhecimentos em computação para que seus usuários pudessem utilizar todas as funcionalidades do sistema afugentava leigos e iniciantes. Admito que todas as minhas migrações por entre distribuições iniciaram em momentos em que eu encontrava uma funcionalidade nos sistemas da Microsoft que não estava disponível no sistema da turma do Pinguim.
Ora, se não sou um adolescente com tempo sobrando para vasculhar linhas de código em busca da solução para um problema computacional simples, e se o Microsoft Windows atende todas as minha necessidades cotidianas, por que diabos eu usaria Linux?
Essa pergunta foi significativa para muitos usuários de PCs que jamais pensaram em experimentar uma opção ao Windows. As pessoas possuiam um medo de utilizarem um sistema operacional, que poderia não atender suas necessidades, que sobrepujava sua curiosidade em experimentar algo diferente.
Agora isso mudou
O Ubuntu Linux 7.04 – the Feisty Fawn é uma distribuição Linux muito diferente de todas que já experimentei. A idéia do projeto é a de que eu, minha avó, as crianças no colégio, ou qualquer pessoa possa instalar, operar e manter o sistema operacional, sem dificuldades muito maiores do que aquelas que enfrentamos ao utilizarmos o Windows.
Diante dessa promessa, resolvi testar mais uma versão do Pinguim. A instalação impressiona desde o primeiro contato. Foi necessário realizar o download de um ISO no site do Ubuntu, queimá-lo com o Nero e reiniciar a minha máquina. Depois de carregado o Boot-CD, lá estava o ambiente gráfico do Ubuntu Linux rodando diretamente na mídia, sem nenhum tipo de instalação!
O Live-CD (como é chamado o Boot-CD que permite utilizar o Linux com quase todas as suas funcionalidades sem necessidade de instalação) possui uma gama de aplicativos pré-instalados muito diversificada. Lá você encontra o Firefox, comunicadores instantâneos compatíveis com Google Talk, MSN, ICQ, outros protocolos, suítes de escritórios e muito mais.
Também não pude deixar de ficar surpreso com o fato de que o Live-CD estava funcionando muito bem. Meu computador é um notebook HP que teve, logo na primeira tentativa, todo o seu hardware identificado e operacionalizado. Não tive que desempenhar uma ação nem sequer para colocar a rede sem fio para funcionar. Quando abri o Firefox, lá estava eu na rede.
Mais surpreso ainda fiquei quando iniciei o processo de instalação do sistema no disco rígido. O particionador identificou meu sistema de arquivos utilizado pelo Windows e, através de um pequeno slider de rolagem, determinei a quantidade de espaço que queria destinar ao Ubuntu. No passo seguinte, a instalação requisitou que eu colocasse meu nome, senha, etc. Enfim, somente o de praxe. Pronto, o sistema estava instalado.
Reiniciei a máquina e comecei a explorar minha nova distribuição Linux. Usuários acostumados com o Windows talvez já estejam se cansando dos meus relatos de surpresa. Entretanto, mais uma vez fiquei surpreso em perceber que meu sistema estava totalmente funcional. Em pouco tempo já estava respondendo emails, preparando relatórios, conversando no MSN, ouvindo músicas, assistindo filmes, baixando arquivos da rede Emule, torrents e tudo mais.
Senti falta de outros aplicativos importantes tais como Picasa, Skype e outras ferramentas proprietárias. Porém, isso também não se tornou problema já que o Ubuntu suporta um software chamado Automatix, que traz uma série de aplicações que podem ser instaladas de modo automático. O único esforço necessário foi marcar meu interesse em instalar determinado programa e, posteriormente, clicar em Aplicar. Simples assim.
GUI(Graphic User Interface) nota 10
Outra funcionalidade de encher os olhos são os efeitos 3D presentes no ambiente gráfico incluído no pacote, o GNOME. Graças às bibliotecas conhecidas como Beryl e Compiz, você pode gerenciar quantas áreas de trabalho quiser. Seus “desktops” ficam dispostos na forma de um cubo. Você pode visualizar o cubo pela perspectiva de um câmera controlada pelo mouse.
É muito divertido gerenciar seu desktop tal como em um game. Na minha opinião pessoal, é um efeito visual muito mais útil e agradável dos que o presentes na badalada interface Aero do Windows Vista.
Finalmente, a minha mais feliz constatação é que posso abrir tantos programas quanto minha memória RAM suportar. O que estou tentando dizer é que posso utilizar todos os meus 1024 megabytes de memória RAM para rodar aplicativos sem que o sistema apresente o típico comportamento letárgico dos sistemas operacionais Microsoft.
O Ubuntu Linux é definitivamente um sistema operacional muito eficiente, rápido e estável. Tenho consciência que alguns Geeks escovadores de bits que utilizam distribuições Linux tradicionais torcem o nariz para o Ubuntu, que nos permite utilizar todo o sistema sem digitar nenhuma única sequer linha de código. Entretanto, para mim e muitos outros leigos em computação esse é um dos melhores sistemas operacionais já desenvolvidos.
Vídeo demonstração
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