2020, Novo Corona Vírus. Sabemos o quanto todas as mídias têm falado sobre isso e como o tema pode ser desagradável e estressante. Não queremos repetir mais do mesmo, mas pensamos em trazer para a comunidade do PdH um pouco da nossa visão sobre esse momento de crise pelo qual todos estamos passando juntos.

Perguntamos no Instagram o que as pessoas gostariam de conversar sobre Corona Virus então, boa parte do que estamos trazendo aqui foi pensado justamente para vocês. A ideia aqui é esclarecer alguns ruídos, falar sobre a seriedade e sobre os mitos relacionados à epidemia do Covid-19.

O que é exagero? O que é mito? O que é real?

Várias perguntas giraram em torno dessa desconfiança das informações que estão sendo recebidas. 

Como saber o que é real?

Uma das nossas dicas é sempre conferir se a a informação está sendo confirmada por outros veículos de comunicação sérios, por cientistas e/ou por organizações de saúde. 

Para facilitar: O Átila Lamarino é um cientista e comunicador que tem feito um grande trabalho de desmistificar e explicar aspectos da epidemia de Covid-19. Ele ainda criou um canal por Telegram em que as pessoas podem tirar qualquer tipo de dúvida. 

Não é um pouco de exagero?

Muitas pessoas estão achando que as medidas são exageradas, afinal, não é "só uma gripe”?"

Não. Para muitos, os sintomas serão similares ao de uma gripe, mas os riscos da epidemia são maiores. Muitas pessoas estão comparando o vírus com o H1N1. A organização mundial de saúde divulgou dados para esclarecer essa comparação.

A H1N1 e outras gripes comuns tem uma taxa de letalidade que vai de 0,01 a 0,08%, ou seja, a cada 10.000 pessoas que contraem gripe ou H1N1, morrem de 1 a 8. Já o coronavírus, até o momento, tem apresentado uma taxa de letalidade de 3,6%, na comparação, para os mesmos 10.000, o coronavírus seria letal para 360 pessoas. 

Além de ser mais letal, o corona tem um potencial de transmissão cerca de 3 vezes maior que as gripes. Lembrando, como esta é uma doença nova, nenhum de nós tem anticorpos para combatê-la.

Não precisamos entrar em pânico. Mas é preciso encarar a epidemia com seriedade, respeitando, de fato, as recomendações.

Querem ver dados sobre a disseminação do Covid-19 ao redor do mundo? Dá uma olhada neste mapeamento de novos casos, pessoas recuperadas e casos de morte.

Mas e as outras doenças que são mais graves?

Sim, não podemos esquecer de doenças e de outros problemas sociais que matam aos milhares todos os anos. No entanto, como bem disse a brasileira que está vivendo a epidemia na Itália, a chegada do coronavírus se soma as outras doenças: se antes tínhamos dengue, zikavírus, câncer, entre outras, continuaremos tendo todas essas doenças, e mais o Covid-19.

E qual a principal preocupação em relação a isso?

Diferente da dengue ou da H1N1, os casos mais graves de Coronavírus precisam de intubação para possibilitar a respiração do paciente. Esse procedimento requer leitos de UTI.

Havendo picos de contágio de Covid-19, haverá um alto número de casos graves necessitando de leitos de UTI, além de todas as outras pessoas, com outras doenças que também precisam de atendimento.

Os leitos serão insuficientes e terão de ser isolados dos outros pacientes. Cirurgias de doentes de outras ordens podem ser canceladas, afetando de maneira drástica a saúde de todos.

E isolamento social (quarentena) adianta?

O Isolamento Social é uma medida efetiva. Manter-se fora de circulação evita um “boom” de casos, facilitando o controle da epidemia e permitindo que os infectados consigam atendimento e tenham tempo de recuperação.

Na thread a baixo, o Átila Lamarino explica os diferentes cenários e o resultados de cada um deles.

Essa matéria do The Washington Post mostra como os casos se espalham em alguns contextos diferentes: 1)Na livre circulação de pessoas, 2)Na quarentena compulsório, 3)No cenário de isolamento social em que apenas ¼ da população circula. (Apesar de estar em inglês, vale a pena entrar na página para ver os gráficos que simulam a contaminação).

Em livre circulação, uma população hipotética de 200 pessoas se infecta rapidamente, havendo um pico em que todos estão doentes ao mesmo tempo. Este é o pico que queremos evitar para não haver falta de leitos e mortes por falta de atendimento.

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Em isolamento social, em que apenas 1/4 das pessoas se descolam, há um contágio de uma parte muito menor da população e a velocidade de contágio também diminui, o que permite a recuperação de pacientes antes do contágio de outros.

Quais as característica do vírus e porque ele não pode ser combatido com remédios?

No especial sobre o novo Corona Vírus feito pela Globo, o Dr. Jean Gorinchteyn, infectologista do Hospital Emílio Ribas explica que ainda não se tem medicamentos nem vacina. Alguns medicamentos estão em estudo – o Brasil já tem feito o sequenciamento do material genético do vírus, o que facilita e barateia a produção de vacinas – mas seguindo as etapas de avaliação de segurança, não é possível elaborar, uma vacina por exemplo, em menos de 4 ou 6 meses.

Nas gripes, por exemplo, medicamentos como Dipirona ou o Paracetamol, não combatem o vírus, mas aliviam o sintomas da pessoa para que seu próprio sistema imunológico dê conta de eliminar o vírus. A situação com o Covid-19 é parecida. Para casos de sintomas leves, similares aos da gripe, recomenda-se dipirona, repouso e isolamento. 

Como agir se alguém que mora com você se contaminar?

A médica infectologista Roberta Schiavon dá algumas diretrizes sobre como fazer este isolamento dentro de casa. O ideal é isolar esta pessoa em um cômodo (sabemos que nem sempre é possível), manter a porta fechada e a janela sempre aberta para a ventilação.

"Moradores de casas menores e com número maior de pessoas precisarão ter mais cuidados higiênicos quanto a espirro, tosse e compartilhamento de objetos", alerta Renato Grinbaum infectologista e consultor da SBI, em entrevista ao G1.

Acompanhe aqui o guia de isolamento domiciliar.

Moradores de zonas periféricas tem questionado as indicações de quarentena na medida que elas são pouco praticáveis ou adaptadas para comunidades mais carentes – com escassez de água e cômodos comunitários. Cobra-se que as medidas de prevenção considerem a realidade de boa parte dos brasileiros. (A medida que encontrarmos sugestões relacionadas às periferias estaremos divulgando).

Como é o tratamento de quem está com Coronavírus?

No vídeo, a BBC explica como deve ser o tratamento em diferentes gravidades de casos

Link Youtube

Para os casos mais leves, o tratamento consiste em aliviar os sintomas de gripe: um analgésico para a dor, um antitérmico para a febre. 

Quando há falta de ar, a doença vai ter um tratamento similar à pneumonia.

Quem se curou pode ser infectado novamente?

Ainda não se sabe. Segundo matéria da agência Reuters, na China, após a recuperação da infecção, alguns pacientes chegaram a apresentar os sintomas e testar positivo novamente. No entanto, considera-se que, nestes casos, é possível que a pessoa não estivesse 100% recuperada quando recebeu alta.

Homens aderem menos a medidas preventivas?

Não dá dados específicos sobre o comportamento masculino em relação a esta epidemia de Coronavírus. No entanto, diversas pesquisas (como essa) apontam que homens, têm mais resistência a medidas preventivas e tratamentos de infecção ou doença no geral.

Ao final, vamos ter mais falidos do que mortos?

Nesse ponto é importante entender que manter as atividades normais em nome de manter a economia circulando, pode parecer uma medida de amortecimento momentânea, mas não vai evitar os danos da epidemia e da crise. 

Na Itália muitos comércios permaneceram abertos nas primeiras semanas da epidemia, as pessoas continuaram circulando e consumindo. O resultado, foi que o país se tornou um dos mais atingidos e prejudicados pela infecção em toda a Europa. As medidas drásticas de paralisação foram tomadas tardiamente e, além de não impedir o prejuízo da economia, não evitaram a morte de centenas de italianos.

Teremos prejuízos econômicos mas estes, com o apoio dos governos e de instituições privadas, podem ser restituídos, ao contrário das vidas perdidas.

A crise econômica mundial não começou em 2020 por conta do Covid-19, mas os efeitos mundiais do vírus agravaram muito a situação. Estamos diante de um cenário de crise que talvez já podemos comparar à crise de 1929. Comércios pequenos podem não resistir a um mês paralisados. O desemprego após a epidemia pode atingir picos históricos.

No entanto, pensar que a epidemia é um resfriado e que, portanto, é preciso seguir a vida normalmente, não nos afasta deste cenário de crise econômica, mas nos leva para sua versão mais cruel, na qual não só as perdas financeiras são gigantes, mas o custo em vidas humanas também.

Redação PdH

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