O que de fato significa o tal “voto de protesto” e o que ele diz acerca de quem o pratica?
Para ser bastante direto, na maioria esmagadora das vezes, “voto de protesto” representa o atestado de ignorância política e de idiotice que boa parte da população ostenta – e curiosamente não sem um certo e inexplicável orgulho.
Existe uma série de mecanismos eletivos mundo afora, sendo que só dois deles nos interessam neste momento, pois vigentes cá na terra brasilis.
- majoritário, empregado nas eleições para presidente, senador, governador e prefeito.
- proporcional, utilizado nas eleições para deputado federal, estadual, distrital e vereador.
O primeiro dispensa maiores comentários, exceto quanto ao fato de que na eleição para Senador, o critério é o da maioria simples, (vence o candidato que receber a maior quantidade de votos válidos) e para o cargo de Presidente vale, no primeiro turno, o critério da maioria absoluta – 50% mais o primeiro número inteiro imediatamente superior, o nosso conhecido 50% + 1.
E esse sistema proporcional, como funfa?
É um sistema ligeiramente complexo que emprega uns pequenos cálculos. Tentarei explicá-los na forma de simples equações e peço a compreensão de vocês, meu caros, pela chatice que vem a seguir, mas que é fundamental para que possam entender. Antes, porém, as variáveis:
– VV / CC = CE. Coeficiente eleitoral (CE), obtido da divisão entre o número de votos válidos (VV) pela quantidade de cadeiras na Câmara (CC), é o número mínimo de votos que um partido precisa receber para poder ocupar as cadeiras disponíveis.
– VP / CE = CP. Coeficiente partidário (CP), resultado da divisão do número de votos que o partido ou coligação recebeu dividido pelo coeficiente eleitoral, é o número de cadeiras a que o partido inicialmente tem direito.
De que modo esse sistema pode ser usado contra nós, eleitores?
Há um outro cálculo para a distribuição das vagas remanescentes, mas que não tem muita importância agora. O que é realmente relevante é que entendamos como esse sistema pode ser usado “contra” o eleitor?
Os partidos, orientados por seus publicitários, raça que em perversão só perde para os advogados, perceberam que poderiam usar a seu favor a ignorância política do povo aliada ao sentimento de revolução e subversão que muitas pessoas sentem ao eleger um candidato da estatura de um Tiririca.
A maior expressão dessa tática publicitária tem nome famoso, por sinal: Enéas Carneiro. Em 2002 o caricato da bomba atômica foi eleito Deputado Federal com o mais expressivo número de votos já dedicados a um candidato a esse cargo. Foram 1,5 milhão de votos que permitiram ao PRONA ocupar mais 5 cadeiras na Câmara dos Deputados. Do contrário, o partido não teria chegado sequer perto do CE.
Ou seja, enquanto alguns ficam aí achando que estão abalando o Bangu com essa bobageira sem fim de “voto de protesto”, quem ganha são os partidos, que usam essa arma contra os eleitores super espertões.
Estima-se que o Tiririca receba mais ou menos essa mesma quantidade e – adivinhem! – leva consigo mais uma patota de gente que o povo sequer conhece, mas que elegeu!
Link YouTube | Pra piorar, o cara é analfabeto. Veja a partir de 1:01.
Além do Tiririca, quem mais participa desse esquema de enganação pública?
No Rio de Janeiro, quem parece estar com a bola toda (tu-dum-tsss!) é o jogador-técnico Romário.
Engrossam a lista de “famosos” candidatos:
- Batoré, aquele mesmo do A Praça é Nossa,
- Vampeta, os irmãos Kiko e Leandro do Bee Gees,
- As dançarinas “Mulher Melão” e “Mulher Pêra”,
- Túlio Maravilha,
- Marcelinho Carioca (mas é candidato por São Paulo),
- Tati “Quebra Barraco”,
- Maguila,
- Dhomini (o que pegou a Sabrina no BBB), entre vários outros.
Não se iludam. A bizarra candidatura de subcelebridades não tem outra função senão captar votos para a legenda e assim conseguir mais cadeiras na respectiva câmara. Tudo isso com o aval do povo…
É uma enorme ratoeira onde os ratos somos nozes.
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Pronto, agora é só responder com o link desse post para ajudar a diminuir a ignorância dos amigos eleitores desse nosso Brasil.
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