Robertão quer ter um milhão de amigos. Tem ao seu lado o “irmão camarada” Erasmo e só lhe faltam 999.999 amizades para fechar a conta. Eu, por outro lado, não quero ter mais do que cinco amigos. Talvez quatro. Quatro Erasmos já me bastam.

Quatro que bebam e chorem e riam e confessem medos e apontem meus defeitos. Que celebrem a vida. Por que raios buscamos cada vez mais amigos, quando apenas alguns poucos já nutrem nossa alma?

Erasmo e Roberto em 1974: precisa mais gente?

Colecioná-los é o motivo da proliferação de redes sociais – e nos contentamos quando o balãozinho vermelho acende no canto superior esquerdo da tela apontando que alguém quer ser seu amigo. O ponto é que empenhamos tantos esforços para parecer legais – ou fingir que somos descolados – e ter mais amigos nas redes sociais que quase não nos resta tempo para aproveitar as amizades offline.

E eis que o Facebook se torna a sua realidade em termos de amigos.

Mesmo quando aproveitamos as amizades offline, estamos atrelados ao que elas são na internet. Eu contei esta história lá no Portal Homem que ilustra bem o que quero dizer:

Ela me falava d’O Estranho Caso do Cachorro Morto. No livro, o protagonista é Christopher Boone, um garotinho que sabe dizer todas as capitais do mundo e números primos até 7.507, mas não tem aptidão social alguma. Ele sofre da síndrome de Asperger.
“É como estar na mente de um autista”, afirmou minha amiga. Estávamos na seção de psicologia da livraria Cultura, uma de suas lojas favoritas. Ela dissecava conceitos científicos entre uma estante e outra. Falou das falhas das mandalas de Jung ao se deparar com o Livro Vermelho, mas apontou que apesar da falhas, ele era melhor que Freud. Eu ouvia tudo aquilo com fascínio e curiosidade.
Uma das mentes mais brilhantes que eu já conheci. Mas, assim como Chris Boone, ela tem problemas de relacionamento, apesar dos milhares de seguidores no Twitter e dos amigos de Facebook.
Chegamos a conversar sobre isso em um pub:
— Eu prefiro você fora do Twitter.
— Eu sou a mesma pessoa.
— Não é. Lá é como se você tivesse vivido todo esse tempo dentro de uma bolha. De repente, você sai da bolha e descobre um mundo fantástico demais para sua cabeça. Você é uma espécie de Alice, entende?
— Como assim?
— Você muda. Seu comportamento muda. Até seu vocabulário é diferente. Você finge ser bobinha e eu entendo: é preciso nivelar-se aos seus interlocutores. É preciso falar de igual para igual. Mas acho isso um desperdício. Você tem uma mente fascinante demais para se rebaixar a isso, para ser apenas um corpinho.
— Não é bem assim.
— Pode ser coisa da minha cabeça, mas prefiro conversar contigo, e não com sua arroba.

Sete bilhões de pessoas e você continua #foreveralone

O mundo é uma ilha. Uma ilha que recentemente chegou a 7 bilhões de habitantes. E todos eles estão ligados entre si por apenas seis graus de separação, conforme o experimento do psicólogo Stanley Milgram, nos anos 1960. Assim, podemos imaginar que estamos todos unidos.

Leia também  Ana Luísa Lacombe: o que a contação de histórias tem a nos ensinar?

Então por que tanta gente se sente só?

Link YouTube | Independente da sua opinião sobre este vídeo, Ross não deixa de ter alguma razão

Eu tenho uma teoria: porque o sujeito abdicou de ser quem ele é para ser alguém mais “palatável” ao mundo que quer conquistar. Ele se desfragmentou para, nos pedaços de carne e personalidade, encontrar algo que os outros vão julgar como uma qualidade positiva. Até mesmo o próprio homem se esquece de quem é.

Realidade comum: alguém com milhares de conexões no Facebook e ninguém com quem sair no fim de semana. Alguém tido como influência no Twitter porque só fala coisa interessante mas que não sabe conversar nem com o próprio vizinho. Assim não há como sedimentar amizades.

Aqui cabe definir o que é um amigo – cuja acepção deve variar de pessoa para pessoa, obviamente. Para mim, amigo não é o contato do Facebook, o tuiteiro que te retuita, o leitor do PdH assíduo nos comentários. Também não é o colega de firma, a galera do futebol, os familiares. Amigo é aquele que não tem motivos para te amar, mas ainda assim te ama.

Fábio e Fernando estão no seleto rol de amigos (Foto: Jonas Tucci/Revista VIP)

Assim, amigos são raros, apesar de como as redes sociais atuam – ou melhor, de como nós atuamos nas redes sociais. Aristóteles, que nunca teve perfil no Facebook, já sabia disso:

“Ter muitos amigos é não ter nenhum.”

Eu só quero quatro. E não me importaria se eles não estiverem no Facebook.

Mecenas: Chivas

Quem não tem uma grande história com os seus verdadeiros amigos? Assista abaixo o trailer de dois curtas produzidos por Chivas sobre verdadeira amizade. Se quiser conferir os curtas completos, clique aqui.

Link YouTube | Trailer de “A Verdadeira Amizade”. Já em cartaz!

Conheça “A Verdadeira Amizade”, filme que celebra esse sentimento que tem tudo a ver com a marca e o PapodeHomem. Trata-se de uma celebração de Chivas aos bons amigos que não deixam de compartilhar e festejar os melhores momentos com a melhor das bebidas. 

O filme completo e outros vídeos estão disponíveis on-line

sitepdh

Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.