Eu já prometi parar de fumar, ingerir menos carboidrato, beber com moderação, trabalhar com parcimônia, meditar meia hora por dia, gastar menos com coisas inúteis, diminuir minhas compras no cartão de crédito, correr pelas manhãs, dormir mais cedo, acordar mais cedo, ser mais paciente.
Nunca levei nenhuma a sério. Não sou confiável. Poucos de nós são.
Fazer resoluções no fim do ano é, em muitos casos, certeza de fracasso. Há quem consiga prometer algo nos últimos dias de dezembro e seguir no ano seguinte com a perseverança de um monge, mas estes são poucos. O guru da auto-ajuda Deepak Chopra explica que o segredo para cumprir resoluções de fim de ano é a inspiração e o silêncio.
“Se as pessoas vão além da motivação e conseguem encontrar inspiração verdadeira, as resoluções se sustentam. Então, para mim, a questão é ir a um nível mais profundo, e é por isso que dou tanta importância à ideia de silêncio. Não digo que todos devem fazer silêncio [todo o tempo], mas mesmo se você permanece cinco, dez minutos do seu tempo em silêncio todos os dias ou a cada dois dias ou uma vez por semana, começa a fazer perguntas simples, como: Quem sou eu? O que eu quero? Qual é o propósito da minha vida? Existe uma contribuição que eu possa dar para minha comunidade ou para a sociedade? Que tipo de relações que eu quero ter? Qual é a minha ideia de bem-estar, e como eu posso conseguir isso?”
De fato, o silêncio tem um papel importante. É por meio da ausência de sons que nos indagamos sobre questões interiores, e este é o começo de um caminho que apontará para uma única resposta: o que é a felicidade para mim?
Tudo o que desejar mudar em si é um obstáculo para a felicidade
A busca do homem no mundo, no fim das contas, é por felicidade. Exemplo bobo e simplista, mas eficaz:
Trabalhamos para ter dinheiro; queremos dinheiro para comprar coisas; queremos coisas porque cremos que isso nos deixará satisfeitos; queremos nos sentir satisfeitos porque acreditamos que a satisfação (neste caso, a satisfação material) é o caminho da felicidade.
Parece que não, mas resoluções de fim de ano – parar de fumar, se exercitar, trabalhar menos etc. – apontam para insatisfações pessoais. No momento em que eu prometo que vou parar de beber, assino um atestado de que aquela condição em que me encontro não mais me satisfaz.
Aqui entra uma obviedade: ninguém quer mudar em si o que julga plenamente satisfatório.
Prometer coisas para o ano vindouro exterioriza exatamente o que nos consome no âmago. Assim, queremos dar um fim às nossas frustrações pessoais. E fincamos um marco, uma data: o primeiro dia do próximo ano. O simbolismo disso é simples: se o ano é novo, por que não a vida possa se renovar junto a ele? A questão é que o fim do ano é apenas uma convenção. Todos os dias morremos e renascemos. Podemos parar de fumar no 1º de janeiro ou na próxima hora.
Por que esperamos pelo fim do ano para mudar o que nos torna infelizes? Porque talvez sejamos muito ligados às nossas vicissitudes. Gostamos de nos entupir de gordura, de dormir meia hora a mais, de sentir o sangue ferver de ódio. E se prometemos fazer o contrário, algo se perde no nosso interior. E sim, gostamos de nossos vícios, apesar da nossa negação.
Muitos acham engraçadinho dizer que “a única promessa de fim de ano que eu faço é não fazer promessas”. Isso é triste, na verdade. Prometer é um exercício importante, tão relevante quanto o ato de cumprir tais promessas. Prometer é o primeiro passo para a tal busca da felicidade. A questão, assim, não é “fazer promessa”, que é algo saudável; mas sim o tempo, o período que escolhemos para isso.
Meu conselho: faça resoluções. Hoje, amanhã e depois. E cumpra cada uma delas.
E vocês? O que pensam em mudar em si mesmos amanhã ou em 2012?
Mecenas: Pão de Açúcar
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A ceia dos sonhos para os ogros do QG teria os seguintes ingredientes: salada, churrasco, comida japonesa, vinho tinto e cerveja. Muita leveza.
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